Alergias alimentares são coisas sérias e quem é pai ou mãe acaba sofrendo junto, a gente sabe. Durante a infância, com o sistema imunológico ainda em desenvolvimento, fatores ambientais e genéticos podem estar ligados ao problema, segundo um periódico publicado pelo Journal of Allergy e Clinical Immunology.
Por isso, é importante ficar de olho nos sintomas e saber a hora certa de procurar um especialista. Renata Buzzini, nutricionista e diretora da Cardapioterapia e mãe de Carlos Eduardo e Maria Luiza, reforça que o diagnóstico de uma alergia alimentar deve ser feito através de avaliações e investigações clínicas. Para te ajudar a entender mais sobre o problema, veja as respostas para as principais dúvidas que cercam o assunto:
O que é alergia alimentar?
É quando os mecanismos imunológicos identificam uma reação adversa aos alimentos, resultando em uma série de sintomas. Segundo pesquisas, foi demonstrado que de 50% a 70% dos pacientes com alergias alimentarem já apresentaram histórico familiar de atopia, ou seja, uma predisposição para doenças alérgicas.
Quais são os principais sintomas?
De acordo com a dra. Renata, cada paciente tem uma resposta diferente à alergia alimentar. Isso acontece porque sinais e sintomas mudam de acordo com o alérgeno, mecanismo e idade do paciente. “A manifestação mais comum em recém-nascidos é a dermatite atópica isolada ou acompanhada de sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia”, explica. Além disso, sintomas como asma e rinite surgem após contato com os chamados alérgenos inalados. Mas, aos 10 anos de idade, é raro que crianças tenham sintomas respiratórios depois de ingerir um alimento que causa alergia.
“Quando a alergia alimentar persiste em crianças mais velhas – e em adultos também – as reações tendem a ser mais graves, como urticária explosiva, angioedema e anafilaxia”, conta a especialista. De acordo com ela, algumas alergias também podem desencadear outros tipos de sintoma inespecíficos, como tonturas, úlceras aftosas, prurido anal, eczema perianal, constipação espástica, entre outros. Alguns outros sintomas são:
- Pele: urticária, coceira, vermelhidão, urticária, dermatite atópica e angioderma
- Respiração: chiado no peito, falta de ar, espirros, coceira nasal, rouquidão e tosse
- Manifestação cardiovascular: desmaio, hipotensão, arritmia cardíaca e choque anafilático
- Gastro-intestinal: diarreia, vômitos, distensão abdominal, cólica, coceira na boca e orofaringe
Por que isso acontece?
Renata Buzzini explica que as alergias acontecem devido uma reação inflamatória do organismo ao entrar em contato com uma proteína do alimento consumido. “Isso pode levar ao aparecimento de sintomas em diferentes partes do corpo: mãos, rosto, boca e olhos. As alergias alimentares também podem afetar o sistema gastrointestinal e respiratório quando a inflamação é muito grave”.
Um dos fatores que influencia o aparecimento dessas inflamações são características genéticas – quando os pais da criança têm alergias alimentares, rinite alérgica ou asma alérgica – além de imaturidade no sistema imune de mucosas, alteração imunológica, falha no mecanismo de defesa do trato gastrointestinal e interações inadequadas com a flora comensal.
Como identificar uma alergia alimentar?
Para fazer um diagnóstico, é preciso fazer uma investigação clínica com um especialista. “A primeira etapa é a análise minuciosa sobre a relação causal entre a ingestão do alimento, o aparecimento dos sintomas, quais são esses sintomas e a reprodutibilidade, ou seja, quantas vezes acontece quando o organismo entra em contato com aquele alimento“, explica Renata Buzzini. Depois, é a vez de fazer exames laboratoriais específicos. A terceira etapa é constituída de uma análise do especialista das fases anteriores. Com isso, existem duas possibilidades de caminho para tomar: seguir para fase direta de exclusão daquele alimento ou fazer Teste de Provocação Oral (TPO). “O mais assertivo para o diagnóstico é fazer o teste e, após isso, excluir esse alimento do consumo. Se essa eliminação aliviar os sintomas do paciente, ele é exposto novamente ao teste para verificar se os sintomas ocorrem de novo”, disserta Renata.
Alimentos mais comuns de causar reações:
Dra. Renata explica que quase qualquer alimento ou aditivo alimentar pode causar uma reação alérgica. Em crianças mais novas e recém-nascidos, os gatilhos mais comuns são:
- Leite de vaca;
- Soja;
- Ovos;
- Amendoim;
- Trigo
Em crianças mais velhas e adultos, os alimentos que comumente são os maiores causadores de alergias alimentares são frutos do mar e oleaginosas.
Tem como evitar?
Há algum tempo, uma das maneiras mais comuns de tentar evitar que uma criança desenvolvesse uma alergia era evitando que ela tivesse contato com um determinado alimento – é o caso do amendoim, por exemplo, que está na lista das comidas que mais causam inflamações no organismo. Mas a especialista explica que isso mudou. “Estudos recentes mostram que a introdução precoce e o consumo regular de alimentos que contêm amendoim podem prevenir a alergia em bebês com alto risco de inflamação”.
E o tratamento, como fica?
A especialista afirma que o tratamento desse tipo de inflamação consiste em eliminar da alimentação aquela substância que está causando a alergia e, em alguns casos, investir em uma imunoterapia. “Ao avaliar o efeito de excluir aquela comida da rotina, os médicos devem considerar o fato de que as sensibilidades alimentares podem desaparecer espontaneamente”.
O que fazer caso um bebê ou criança tenha alergia a algum alimento?
O primeiro passo é interromper imediatamente a alimentação com aquela comida para aliviar os sintomas causados por essa reação. A criança só poderá tomar um medicamente se já tiver prescrição médica. Casos mais graves, como sensação de falta de ar ou dificuldade para respirar, devem ser encaminhados para um especialista e mantidos sob observação contínua até que os sintomas aliviem ou desapareçam. Caso contrário, uma hospitalização será necessária.
Preciso sinalizar para a escola que meu filho tem uma alergia alimentar?
Renata Buzzini explica que existem muitos pontos a serem levados em consideração. A escola tem um papel importante nesse caso e tudo começa no primeiro contato que a instituição tem com os pais daquela criança. “Ela deve solicitar informações sobre alergias e intolerâncias e passar essas informações para o professor responsável. Realizar atividades sobre o tema, especialmente com turmas que possuem alunos alérgicos, é uma importante estratégia para prevenção”.
Outro ponto importante é evitar usar frases que rotulem e excluam aquela criança com restrições e assustem os colegas, como “você não pode porque é alérgico” – nesse caso, vale conversar de maneira explicativa sobre o porquê aquele alimento está sendo evitado.