Um filho nos ensina muito mais do que aprende. No projeto Lá em Casa é Assim, parceria da Pais&Filhos com a Natura Mamãe e Bebê, recebemos diversas histórias que mostram isso. Com a família de Leandro Michel não foi diferente. Após saber que seu filho é portador do Transtorno do Espectro Autista, ele e a esposa, Gislani, passaram por experiências que fizeram eles se tornar pessoas ainda melhores. “O Thalles nos ensina a lidar com diversas situações e, através dos enormes desafios que aparecem, ele nos dá forças para enfrentá-las”, relata Leandro.
Eles transformaram as dificuldades em amor e felicidade e ensinaram que o autismo não se cura, mas se compreende. Vem conhecer a história desta linda família: “Após a minha esposa, Gislani, perder duas gestações, Deus nos deu o nosso maior presente que foi o nascimento do nosso filho, Thalles. Uma gravidez super tranquila e repleta de muita expectativa para a chegada dele, no dia 18 de julho de 2009. O Thalles, desde bebê, sempre foi muito esperto, mas o que nos deixava incomodado é que ele não falava. Aos dois anos, chegou a falar algumas palavrinhas básicas, como mamãe e papai. Mas depois nem mais essas palavras ele falava, apenas emitia alguns sons que não correspondiam a nada.
Quando queria alguma coisa, apontava ou pegava em nossas mãos e levava até o local que tinha algo que ele queria. Procuramos o pediatra, Dr. Arnaldo, e nos foi sugerido colocá-lo na escolinha para ver se de repente poderia ser uma preguiça para falar e se em seis meses não ocorresse uma evolução, teríamos que agir. Passado os seis meses, o Thalles não tinha evoluído na questão da fala e logo o pediatra nos indicou uma neurocientista para fazer uma avaliação, a Dra. Mônica Salomão.
Antes do primeiro encontro com a profissional, assistindo a uma série do Fantástico sobre o Autismo, com o Dr. Dráuzio Varela, percebi que o comportamento de algumas crianças que participavam da reportagem eram semelhantes ao do meu filho. Naquele momento, desliguei a televisão e fiquei um bom tempo parado, sem ação. Me lembro como se fosse hoje, pois ali eu já sabia que o meu filho era portador do Transtorno do Espectro Autista.
Desde a primeira consulta com a profissional iniciamos uma grande jornada para ajudarmos o nosso filho. Além do pediatra e da neurocientista, durante esses anos e até hoje, o Thalles é atendido por diversos profissionais, como psicóloga, psicopedagoga, fonoaudióloga, homeopata e neuropediatra. Fez diversos exames e passou a fazer uso de medicamento.
Ao mesmo tempo, sua caminhada na vida escolar também acontecia. Iniciou seus estudos em uma escolinha de educação infantil regular. Aos cinco anos optamos por transferi-lo para o Colégio Agostiniano Mendel, que também é o meu local de trabalho. Depois de uma conversa com o Diretor, Pe. Eduardo Flauzino Mendes, que foi muito atencioso e bondoso em abrir as portas do colégio para o meu filho, e com a Psicóloga Adriana Barros, que incentivou desde o começo essa mudança, o Thalles iniciou uma fase, que afirmo com todas as letras, maravilhosa e de grande evolução.
Uma equipe pedagógica excelente, coordenada pela Profª Lúcia Breda, passou a realizar um trabalho sensacional, onde o meu filho, com seis anos já conseguia ler, escrever e se expressar através de algumas palavras. Hoje, ele já consegue se relacionar muito bem com os seus colegas de classe, que também fazem de tudo para ajudá-lo. Desenvolve diversas peças nas aulas de robótica e estuda piano.
Em casa, fazemos um trabalho bem específico para que ele vá se tornando uma pessoa independente e capaz de lidar com os diversos tipos de situações que a vida pode lhe trazer. Eu e minha esposa estamos sempre em busca do que for de melhor para o Thalles. Com relação a nossa rotina, além daquele dia a dia normal que todo pai e toda mãe tem com o seu filho, no nosso caso é um pouco maior, pois temos que cumprir algumas atividades com o Thalles, em casa, através das orientações que são passadas pelos profissionais que trabalham com ele. O grande objetivo é fazer com que o Thalles seja independente e consiga lidar com as frustrações, pois nem sempre as coisas poderão ser da forma como ele quer, já que para o autista, a palavra “não” é muito complicada.
Vivemos a experiência de sermos pais de uma criança especial em todos os sentidos. Posso afirmar que, além do enorme prazer em tê-lo conosco, aprendemos a cada dia com ele como sermos pessoas melhores. Ele nos ensina a lidar com diversas situações e, através dos enormes desafios que aparecem, nos dá forças para enfrentá-las. Eu e minha esposa agradecemos a Deus, todos os dias, por ter nos dado o Thalles.”