A Disney Pixar divulgou, no dia 13 de julho, o teaser da nova animação da empresa, “Turnig Red: Crescer é uma Fera”. No trailer, é possível se divertir com a introdução à história de Ming, uma menina que fica vermelha e vira uma fera quando está nervosa. Mas o que pode ter passado despercebido por você no vídeo, roubou a atenção de Ornella Cariello, que é radialista, jornalista, filha de Cibele e Marcelo, e tem diabetes tipo 1. “Vi uma personagem usando o sensor de glicemia no braço e logo reconheci, mas fiquei me perguntando se de fato era relacionado a diabetes, porque eu nunca tinha visto antes em nenhum filme”, lembra.
“Foi aí que em uma outra cena do trailer essa mesma personagem aparece de novo e ela está com a bomba de insulina presa na cintura, igual a minha, e aí eu tive a certeza que a personagem é diabética como eu”. A radialista e jornalista tinha razão, e em comunicado exclusivo à Pais&Filhos, a assessoria da Disney Pixar não apenas confirmou a presença da personagem diabética, como reforçou a importância de trazer representatividade às animações infantis.

“A personagem usa um ‘insulin patch’ e tem outra personagem secundária que também usa o mesmo device”, diz a nota enviada pela empresa à Pais&Filhos. O adesivo de insulina, segundo Dra. Mariana Pereira, médica endocrinologista, “possibilita às crianças e pessoas com diabetes ter uma vida mais flexível e saudável sem abrir mão de qualidade e liberdade”.
A diabetes tipo 1 é mais comum na infância, e segundo a especialista, pode ser definida como a destruição das células produtoras de insulina acontecem mais rápido. “Eu acho que nunca tinha parado pra pensar na importância de ver um personagem de filme com diabetes, até eu ver um”, Ornella comenta.
Apesar de teoricamente ser conhecida – afinal, quem não conhece alguém que tenha diabetes? – nem todos conhecem a bomba de insulina, por exemplo, e por isso é tão representativo para as pessoas com a condição ter espaço para falar e mostrar. “Eu já faço o uso da bomba há anos e muitas pessoas ainda me perguntam o que é e como funciona. Então talvez ainda falte muito a representatividade da diabetes tipo 1, que é muito associada a pessoas mais velhas, sedentárias, com poucos hábitos saudáveis, mas existem muitas pessoas como eu que têm a doença desde cedo e é exclusivamente genética, não necessariamente má alimentação ou excesso de peso“, ela acredita.

Por isso, não apenas representar esse grupo de crianças e pessoas diabéticas é importante, mas também reforçar o conhecimento sobre a doença de modo geral. “Mostrar isso em uma animação para crianças é de extrema importância pra que as pessoas saibam que isso existe, que crianças também têm”. Comum nos pequenos, a diabetes tipo 1 pode ter como principais sintomas grande frequência de idas ao banheiro fazer xixi, desidratação, perda de peso (mesmo com dietas saudáveis), consumo elevado de água e cansaço.
Hoje com 29 anos, Ornella acredita que se na época em que ela era criança tivesse visto um personagem diabético, a relação com o diagnóstico poderia ter sido mais natural para ela. “Acredito que não teria me escondido tantas vezes pra tomar insulina, e pensando bem, até hoje ainda tento não chamar a atenção para medir minha glicemia, pra tomar insulina. Ninguém gosta de ser o diferente”, acrescenta.
Segundo a empresa, a ideia da presença da personagem é justamente essa: mostrar a vida como ela é. “A Disney e a Pixar se esforçam para incluir a representatividade em seus filmes para que eles reflitam o mundo em que vivemos”.
Assim como a radialista e jornalista, a Pais&Filhos está ansiosa para ver a animação completa e como o assunto será tratado no filme. “Tenho grandes expectativas e estou curiosíssima pra ver como vai ser retratado o dia a dia da personagem, e acho que vai ser incrível me ver naquelas situações. Espero que eles normalizem o uso da bomba de insulina, do sensor, ou até mesmo das constantes injeções, pra que as pessoas saibam do que se trata e tenham mais conhecimento. É a primeira vez que eu vejo isso em um filme e sinceramente eu fiquei muito feliz só de assistir o trailer. Somos muitos diabéticos mas ainda somos a minoria, e ver isso sendo representado por um filme da Disney Pixar é como ganhar um chocolate diet de um amigo (risos). É muito bom me reconhecer naquela personagem”, ela finaliza.
Veja o comunicado oficial da Disney Pixar enviado à Pais&Filhos com exclusividade na íntegra: “Sim, a personagem usa um ‘insulin patch’ e tem outra personagem secundária que também usa o mesmo device. A Disney e a Pixar se esforçam para incluir a representatividade em seus filmes para que eles reflitam o mundo em que vivemos”.