Só de pensar em ser mãe os olhos de muitas mulheres brilham. Mas é preciso concordar que cada uma tem seu tempo e, por mais que a maternidade seja um sonho, talvez agora não seja o momento certo. O problema é que o corpo envelhece e, com o passar dos anos, pode ficar mais difícil engravidar e os risco aumentam. Uma opção para esse dilema é o congelamento de óvulos. A gente te ensina como não entrar numa fria.

A especialista em reprodução humana Ana Lucia Beltrame, mãe de Rafael e Guilherme, conta que a técnica de congelamento melhorou muito nas últimas três décadas. Ela atribui o aumento das realizações bem sucedidas à mudança na técnica do congelamento, que passou a ser a vitrificação. “O procedimento possibilita que o congelamento aconteça de forma ágil. Isso impede que se formem cristais de gelo que rompem e danificam o óvulo”. A técnica vem sendo utilizada de cinco anos para cá e garante uma sobrevida de 80% a 90% dos óvulos após o descongelamento.
Quem faz
A vitrificação é indicada para mulheres que têm idade superior a 35 anos; as que têm histórico de menopausa precoce na família; para as que passarão por quimioterapia ou radioterapia; as que desejam conservar sua fertilidade; e para casais que obtiveram óvulos em excesso durante um processo de fertilização in vitro.
Como funciona
O processo é feito em duas etapas. Primeiro é induzida a ovulação por meio de aplicação de medicação. Essa etapa dura de 9 a 11 dias. Em seguida é feita a coleta do óvulo. “Por meio do ultrassom, eu consigo visualizar os folículos dos ovários. Pela medida do folículo, vejo quando o óvulo está maduro”. Isso indica que o folículo pode ser extraído. A coletagem do folículo é feita por meio de um procedimento realizado em ambiente cirúrgico, com sedação venosa e que dura em torno de 15 minutos”.
Não existe uma idade máxima para a mulher realizar o congelamento, mas é importante ressaltar que passar pelo procedimento depois dos 40 anos vai resultar em um óvulo mais velho, que pode não se tornar um embrião. “Uma boa faixa etária para ‘guardar’ o óvulo seria abaixo dos 35 anos. Quando a mulher congela o óvulo com mais de 40, há somente 10% de chance de a fertilização dar certo”, finaliza.
Riscos
De acordo com o presidente do Instituto Ideia Fértil e professor responsável pelo setor de genética e reprodução humana da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Caio Parente Barbosa, de 3% a 5% das mulheres que são submetidas à fertilização podem ter síndrome da hiperestimulação ovariana.
“Normalmente em um ciclo menstrual fisiológico o organismo da mulher libera um óvulo. Quando a mulher é submetida ao processo de indução, chega a produzir de 15 a 20 óvulos. Para que os óvulos sejam liberados de dentro dos folículos, os vasos sanguíneos liberam substâncias que rompem as paredes desses folículos. Como a produção de óvulos está acima da média, a quantidade de substâncias também aumenta e podem vazar para dentro do abdômen e do tórax”, alerta.
Os principais sintomas são desconforto abdominal, dificuldade de respirar e aumento da circunferência abdominal. “Se não for tratada de forma correta, a hiperestimulação pode causar risco de morte”, ressalta.
Barbosa diz, no entanto, que existem medicamentos que diminuem e formação de líquido. Por isso é importante o acompanhamento constante de um profissional durante todas as etapas do procedimento.