A gestação é um momento de muitas descobertas e mudanças, mas também pode ser marcada por desafios que exigem atenção redobrada, especialmente no que diz respeito à saúde da mãe e do bebê. Uma das condições que pode surgir durante a gravidez é a pré-eclâmpsia, que afeta de 5 a 10% das gestantes e, por isso, merece um olhar cuidadoso e o acompanhamento médico constante. Quando não diagnosticada e tratada a tempo, a condição pode causar sérios riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
Recentemente, a cantora Lexa foi diagnosticada com pré-eclâmpsia e, por precaução, precisou ser internada para acompanhamento médico. A condição, que exige monitoramento constante, tem gerado preocupação entre os fãs e a família, mas a artista tem seguido rigorosamente as orientações médicas. A internação foi necessária para garantir que tanto a saúde da cantora quanto a do bebê estejam protegidas, e ela segue recebendo todo o cuidado necessário durante esse período delicado.
O que é a pré-eclâmpsia?
A pré-eclâmpsia é uma complicação da gestação caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana e por alterações nos exames de urina, como a presença de proteínas. De acordo com o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Junior, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela UNICAMP, “quando há apenas o aumento da pressão, mas sem danos aos órgãos, a condição é chamada de hipertensão gestacional”. No entanto, esse aumento da pressão precisa ser monitorada de perto, pois, se não controlado, pode evoluir para a pré-eclâmpsia, uma condição muito mais grave e que pode até levar à morte materna.

Quais são as causas da pré-eclâmpsia?
Embora a causa exata da doença ainda não seja completamente compreendida, acredita-se que ela esteja relacionada a uma falha no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta. Isso resulta em uma ativação inflamatória que afeta o organismo da gestante. O Dr. Nélio também aponta que diversos fatores podem aumentar o risco de uma gestante desenvolver a condição. Entre esses fatores estão o histórico pessoal ou familiar de hipertensão ou pré-eclâmpsia, idade superior a 35 anos, obesidade, diabetes e gestação múltipla.
O ginecologista Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, complementa que a pré-eclâmpsia é mais comum em mulheres que se submeteram a tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro. “Isso se deve a características comuns das gestantes que passam por esses procedimentos, como a maior idade materna e a possibilidade de gestação múltipla”, afirma o especialista.
Quais são os sintomas da pré-eclâmpsia?
Em muitos casos, a pré-eclâmpsia pode surgir de forma silenciosa, sem apresentar sinais claros de imediato. No entanto, conforme a condição vai se desenvolvendo, sintomas típicos podem aparecer, exigindo atenção urgente. Entre os principais sinais da doença estão:
- Inchaço excessivo, principalmente nas pernas e no rosto
- Dores de cabeça fortes e contínuas
- Alterações na visão, como surgimento de pontos brilhantes e visão turva
- Dor abdominal, especialmente na parte superior, perto do estômago
- Ganho de peso repentino
- Dificuldade para respirar
Nos casos mais graves, a pré-eclâmpsia pode levar à eclâmpsia, que envolve convulsões, e ainda pode provocar insuficiência renal e cardíaca, colocando em risco a vida da mãe e do bebê.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da pré-eclâmpsia é realizado por meio de uma série de exames e observações clínicas. O obstetra avalia a pressão arterial, observa os sintomas e analisa o histórico clínico e familiar da gestante. Exames de sangue e urina também são feitos para verificar a presença de proteínas, um sinal de que os rins podem estar sendo afetados.
É importante destacar que, muitas vezes, a pressão alta na gravidez não apresenta sintomas evidentes, o que pode fazer com que a condição passe despercebida. Por isso, o acompanhamento médico regular durante toda a gestação é essencial. “Por esse motivo é tão importante que o acompanhamento pré-natal seja realizado da maneira correta, com consultas e exames regulares”, alerta o Dr. Nélio.

Como é o tratamento da pré-eclâmpsia?
O tratamento da pré-eclâmpsia varia conforme a gravidade da condição e a idade gestacional do bebê. Para casos mais leves, os médicos geralmente recomendam mudanças no estilo de vida, como controle da alimentação, peso e a prática de atividades físicas. Além disso, a suplementação com cálcio e o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) podem ajudar a reduzir os riscos de complicações.
Nos casos mais graves, o tratamento é realizado no hospital, onde são administrados medicamentos para controlar a pressão arterial e prevenir convulsões. “Em casos mais graves, o tratamento geralmente é feito no hospital, com o uso de medicamentos para reduzir a pressão arterial e controlar o risco de convulsões”, afirma o Dr. Nélio. É importante lembrar que a única solução definitiva para a pré-eclâmpsia é o parto. “Dependendo da idade gestacional do bebê e da gravidade do quadro, o médico também pode recomendar a antecipação do parto ou a interrupção da gravidez”, explica o Dr. Fernando Prado.
Cuidados preventivos e monitoramento
Embora não haja uma forma de prevenção garantida para a pré-eclâmpsia, os cuidados durante a gestação podem minimizar os riscos. O acompanhamento pré-natal regular é o principal aliado das gestantes, pois permite que o médico acompanhe de perto o desenvolvimento da gestação e o estado de saúde da mãe e do bebê. Se detectada precocemente, a pré-eclâmpsia pode ser tratada de maneira mais eficaz, evitando complicações graves.