Um vídeo publicado por um casal norte-americano viralizou e levantou um debate acalorado nas redes sociais. Nele, o padrasto Dustin Maletich aparece orientando o enteado de 9 anos, Tommy, a realizar flexões e 60 agachamentos como resposta a uma atitude considerada desrespeitosa: o garoto teria dito para a mãe “relaxar”, em um tom que incomodou os pais.
Dustin e Katie Maletich, que vivem no estado do Oregon (EUA) e têm quatro filhos, explicaram que a intenção do “treino” não era punir, mas ensinar lições sobre autocontrole e responsabilidade.
“Queremos mostrar que ele está no controle”
Dustin, que trabalha como agente penitenciário, defendeu a abordagem adotada no vídeo. Segundo ele, a ideia era que o esforço físico funcionasse como uma metáfora para o domínio das próprias ações: “A gente tenta fazer com que as consequências tenham relação com o comportamento inadequado. Se você demonstra que não consegue controlar suas ações, ao fazer atividade física, mostra para si mesmo que está no controle delas”, afirmou o padrasto.
Após os exercícios, o momento terminou com uma conversa, um pedido de desculpas de Tommy e um abraço carinhoso entre os dois.
Reações: elogios, críticas e debate sobre educação
Com mais de 41 milhões de visualizações, o vídeo gerou reações diversas. Muitos internautas elogiaram o equilíbrio entre disciplina e afeto. Uma das usuárias comentou:
“Minha parte favorita foi quando o padrasto o abraçou e transmitiu amor após estabelecer limites e ensinar disciplina, garantindo que os sentimentos da criança também fossem valorizados.”
Contudo, especialistas levantaram preocupações. A pediatra Dyan Hes, em entrevista à Fox News Digital, criticou duramente a prática: “Se você já fez 60 agachamentos, sabe que é doloroso, especialmente para uma criança pré-adolescente. Isso ainda é uma forma de castigo corporal. O exercício deveria ter conotações positivas, não negativas.”

A psicóloga educacional Michele Borba também fez ressalvas. Embora tenha reconhecido o tom calmo de Dustin como positivo, alertou para os riscos da exposição pública da criança: “Postar esse tipo de conteúdo pode causar vergonha pública, o que pode afetar o bem-estar emocional da criança.”
O que dizem os pais sobre a exposição
Katie explicou que na casa da família Maletich, o exercício não é usado como punição no sentido tradicional: “Nunca é tipo: ‘Estamos te punindo porque você foi mal’. É: ‘Vamos te ajudar a encontrar mais autocontrole e uma saída melhor para o que está acontecendo'”, declarou a mãe.
Ela ainda compartilhou a forma como os outros filhos lidam com emoções. A filha mais velha, por exemplo, prefere correr quando está irritada:
“Depois da corrida, ela consegue se comunicar melhor porque está mais centrada.”
E sobre o vídeo viral?
Questionados sobre a decisão de publicar o momento online, os pais afirmaram que Tommy não apenas consentiu com a gravação, como também queria que o vídeo viralizasse. Para eles, o foco está no aprendizado.
“O mais importante é aprender a responder como pai, e não simplesmente reagir. A gente não está criando crianças, está criando adultos”, concluiu Katie.