Tem gente que não gosta dos termos da moda. Ficam clichês com o passar do tempo e dá uma preguiça…Mas eu penso que estes termos acabam nos lembrando da importância do que está por trás dele. Quando o assunto é a relação entre as famílias e seus filhos, eu destaco alguns termos da moda como exemplo: “autoritário”, “permissivo” e “participativo”; “helicópteros”; “firme e gentil”; “carpinteiro” e “jardineiro”.
Hoje quero cunhar mais um destes termos. Mas, caaaaalmaaaaa! Não é para te pressionar, mas para refletir. Especialmente para quem está à espera do seu primeiro filho: você quer ser “parceiro” ou “expectador” na vida dele?
Estou certa que 100% de nós que estamos lendo esta coluna marcariam o “parceiro” como resposta. Afinal, poucos somos os que admitimos que queremos apenas observar a vida dos nossos filhos passar ao nosso redor.
Porém, na real, não vai dar para ser parceiro e participativo o tempo todo. De vez em quando, estaremos na arquibancada, só assistindo. Ser expectador tem seu valor e utilidade. Sem isso, perdemos o distanciamento necessário para perceber a criança que está ao nosso lado.
Brincar te permite ser expectador em segurança
Ser expectador da brincadeira do seu filho não significa estar ausente. Muito pelo contrário! Significa ser o adulto que prepara o ambiente para que a brincadeira aconteça. Aquele que garante que a criança tenha tempo na agenda do dia para explorar, criar e inventar. É quem se preocupa em oferecer os materiais certos, em criar espaços seguros e, acima de tudo, em permitir que a criança tenha autonomia para conduzir o próprio brincar.
E então vem a parte mais fascinante: a observação. Quando você se permite apenas assistir a brincadeira do seu filho, sem interferir ou direcionar, abre espaço para aprender com ele. Você percebe como ele lida com desafios, como organiza suas ideias, como cria histórias e soluciona problemas. Sem falar na oportunidade de entender melhor suas emoções, seus interesses e até mesmo seus medos.

Muitas vezes, ficamos tão focados em “fazer junto” que nos esquecemos de como é valioso apenas assistir. Afinal, é na brincadeira livre que as crianças expressam sua criatividade e desenvolvem habilidades essenciais para a vida.
Então, da próxima vez que seu filho estiver brincando, experimente se afastar um pouco. Resista à tentação de dar sugestões ou intervir. Pode ser que ele te chame para brincar junto – e aí você entra no papel de parceiro. Mas pode ser que ele só precise do seu olhar atento, garantindo que ele está seguro e acolhido. E, quer saber? Isso também é participação.
Ser parceiro é importante. Mas ser expectador, quando necessário, também é uma forma poderosa de estar presente na vida do seu filho. Escolher esse papel não significa ausência, mas sim respeito ao tempo e ao desenvolvimento da criança. Só quem observa com atenção consegue enxergar o tanto que a infância ensina.