Agam Rinjani, o alpinista responsável por liderar a operação de resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, compartilhou detalhes emocionantes e dramáticos do que viveu ao lado da equipe nas encostas do Monte Rinjani, na Indonésia. A jovem, que estava desaparecida desde o final de semana anterior, foi encontrada sem vida em uma área de difícil acesso no vulcão.
Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, com tradução da influenciadora indonésia Sinta Stepani, Agam descreveu momentos de tensão e risco que quase custaram sua própria vida e a de seus companheiros.
Condições extremas e perigos constantes
O alpinista relatou que ele e sua equipe enfrentaram um cenário hostil: mais de 600 metros de profundidade, terreno íngreme, pedras despencando a todo instante e mudanças climáticas severas. “Só por misericórdia de Deus que eles não morreram, porque caíram várias vezes e foi tenso demais”, traduziu Sinta, referindo-se às palavras de Agam.
Durante a missão, o suporte metálico que mantinha as cordas de segurança chegou a desabar diversas vezes, fazendo com que pedras e areia deslizassem pelo penhasco. Os socorristas precisaram passar a noite praticamente pendurados pelas cordas, em uma inclinação de cerca de 60º.
“Chuva de verdade e de pedra”
Além da chuva intensa, Agam afirmou que o grupo também enfrentou uma verdadeira tempestade de pedras. “Pelo mau tempo eles não conseguiram, mas não podiam mais subir de volta com a Juliana. Então, eles tiveram que ficar lá embaixo, praticamente estavam pendurados mesmo”, explicou, sobre a dificuldade de retirada do corpo da brasileira.
O grupo passou a noite sob frio intenso, neblina e sem alimentação. Mesmo com a tentativa de envio de quatro helicópteros para auxiliar na operação, as más condições climáticas impediram o resgate aéreo.
Equipe esgotada e ferida
Durante a live, Agam mostrou as lesões que sofreu, como hematomas na perna provocados pelo impacto de pedras durante a missão. Ele também destacou que o esforço de evacuação começou por volta das 6h da manhã e só foi finalizado às 15h do mesmo dia, horário local.
“Foi a operação mais difícil que já fiz”, relatou, emocionado. Ele encerrou a transmissão pedindo desculpas por não ter conseguido salvar Juliana com vida: garantiu que a equipe deu tudo de si.
Agradecimento da família
Nas redes sociais, a família da jovem prestou uma homenagem aos voluntários que participaram do resgate. “Foi graças à dedicação e à experiência de vocês que a equipe pôde finalmente chegar à Juliana e nos permitir, ao menos, esse momento de despedida. O gesto de vocês jamais será esquecido”, escreveram.
A mensagem se estendeu a todos os profissionais envolvidos, reconhecendo o esforço e a coragem daqueles que enfrentaram condições tão adversas para trazer Juliana de volta à sua família.