O 14° Seminário Pais&Filhos está quase chegando ao fim! E para terminar o dia com chave de ouro, fizemos a mesa-redonda ‘Toda família é nossa’, repleta de troca de experiências. Para falar sobre o tema desta edição, recebemos Lore Improta, Betho Fers, Xan Ravelli, Thamirys Nunes, Paula Amorim, que foi convidada pela Philips Avent, nossa apoiadora. A conversa toda foi mediada pela apresentadora do seminário e editora-executiva da Pais&Filhos, Andressa Simonini, filha de Branca Helena e Igor.

Um dos primeiros assuntos abordados dessa mesa-redonda incrível foi a solidão na maternidade e paternidade – no caso de Betho, que é pai adotivo. “Pai e mãe são condenados por fazerem questão de um tipo de prazer e, ao mesmo tempo, são cobrados por darem tal prazer para seus filhos”.
Xan Ravelli, que possui três filhos, também comentou sobre sua experiencia ao ter se tornado mãe. “Quando eles nasceram, eu queria controlar tudo. Até a gente entender é um trabalho. [Temos que] observar, parar, olhar, para enfim entender o papel de ter um filho”. Thamirys Nunes, mãe de Agatha, menina trans de 7 anos, passou a batalhar pela vida e existência da filha. “Luto com ela para que ela escolha o melhor caminho. Não por ser mãe, mas por nós. Não tive instintos, não somos donos dos nossos filhos e não somos guardiões daquela felicidade”.
O bate-papo não foi só flores. Lore Improta, mãe de Liz e companheira do cantor Léo Santana, comentou sobre a expectativa de ter esperado um menino em sua primeira gravidez. “A partir de hoje não crio mais expectativas com nada. Não me frustro no dia a dia com isso, ainda mais porque minha vida é exposta 24 horas por dia e sei que vou receber opiniões diversas”, iniciou ela. “Liz é fruto de um relacionamento interracial e preciso começar a aprender. Esse foi o ponto de partida sobre o cabelo cacheado dela. Nisso, pedi ajuda para as cacheadas, eu não sabia o que fazer e fui bombardeada. É minha filha. Comecei [a ter] aulas para aprender cada vez mais e [fiz isso] por ela”.
Vencedora do reality show ‘No Limite’ e ex-participante do Big Brother Brasil 18, Paula Amorim se tornou mãe de primeira viagem recentemente após ter dado a luz Theo, fruto de seu relacionamento com o também ex-BBB Breno Simões. “Pai e mãe são julgados o tempo inteiro. As pessoas falam: ‘Ai, você romantiza muito a maternidade’ e isso não é a realidade. Sou apaixonada [pela maternidade], foi a coisa mais impressionante da minha vida. Me reforçou como mulher, destacou as características que eu já tinha e passei a entender que cada mãe é única para que a gente não se cobre muito”, ressaltou ela.

“Quando falei sobre isso, brinquei com minha filha mas toquei na ferida de uma outra pessoa. Racismo estrutural é algo que precisa ser debatido e hoje passei a entender pela minha filha e pelo meu marido” – Lore Improta
Em debate profundo sobre identidade de gênero, Thamirys explicou que, apesar do choque, passou a entender a filha com o passar do tempo. “Nosso filho tem uma vida que não é a nossa e, por isso, precisamos sair de nossa zona de conforto para entendê-los”. Ela, que atua em uma ONG para pessoas trans, convive com tais casos em sigilo total com medo da reação da família e, consequentemente, do mundo.
Em conversa sobre maternidade, Lore aproveitou para falar sobre equilíbrio. “A gente quer fazer tudo ao mesmo tempo. Depois que tive Liz, comecei a pensar em como ia dar conta de tudo. Eu fala para a minha médica: ‘Quero dançar’ e ela falava: ‘Não pode, você está de resguarda’, aí eu me lasquei”, brincou a dançarina. “Vou tentando me equilibrar porque foi algo muito desafiador”.
Paula Amorim explicou que um dos obstáculos da maternidade foi lidar com a queda da autoestima. “Eu ouvia muito coisas do tipo: ‘Você não vai ter tempo nem para lavar o seu cabelo’ e entrava em desespero. Autoestima tem muito a ver com empoderamento, então eu queria manter a mesma mulher de forca para eu passar isso para o meu filho”, contou a ex-BBB. A influenciadora se emocionou ao contar uma história que a fez entrar em panico por causa do filho: “Ele estava todo roxinho, fiquei fragilizada. Pensei: ‘É agora’. Ele estava engasgado e soltou o leite pelo nariz e pela boca, o levamos para o pronto socorro e estava bem, meio assustado e em estado de choque. Essa foi uma hora em que pensei em ser forte, mas é um ser humano bem frágil e que precisa da gente”.

Betho, ao falar sobre as filhas, contou que uma delas chegou a dormir consigo até os cinco anos de idade. “Vivemos em uma sociedade que quer que a criança seja independente o tempo inteiro”, explicou ele. Já sobre a convivência, Paula comentou sobre os ‘palpiteiros’ da maternidade: “O bebê chora e falam: ‘Ah, ele está com fome’ e eu fico: ‘Meu Deus, mas ele acabou de comer’. É o que chamam de intuição”.
Ao comentar sobre o parto de Liz, que contou com uma grande ansiedade vinda de Léo, Lore aproveitou para falar que quer ter o segundo fruto com o músico. “Meu pai teve 10 irmãos”, brincou ela. Na mesa-redonda, um dos últimos assuntos foi a vinda ao mundo dos filhos dos participantes do bate-papo.
Veja a programação do 14º Seminário Internacional Pais&Filhos
8h30 – Welcome Coffee
9h00 – Abertura
9h30 – Palestra I | Cadê a mãe dessa criança | Marcos Piangers
10h40 – PAISdemia | Dado Schneider
11h10 – Palestra II| Cabe o mundo em uma criança | Patricia Marinho e Pat Camargo
12h30 – Almoço
13h30 – Palestra III| Toma que o filho é nosso | Peu Fonseca
14h40 – Palestra IV| Pega essa mãe no colo | Dra. Ana Jannuzzi
15h45 – Coffee-break
16h05 – Papo reto: Mãe x tempo | Izabella Camargo
16h40 – Mesa-redonda | Toda família é nossa | Lore Improta, Xan Ravelli, Thamirys Nunes e Paula Amorim (convidada da Philips Avent)
18h55- Encerramento
Conheça o tema
Um famoso provérbio africano diz que é preciso de uma aldeia para criar uma criança. Mas, o inverso também se aplica, já que é preciso de uma criança para criar uma aldeia. Essa foi uma provocação feita por Peu Fonseca, um dos palestrantes do seminário. Todas as pessoas que vivem ou viveram neste mundo tem uma coisa em comum: elas já foram crianças, e mesmo sendo uma das maiores semelhanças que temos, acabamos não olhando para o período da infância da forma que deveríamos.
O fato é que é comum não saber lidar com crianças porque somos ensinados que esse é um dever apenas da família. Da mãe, principalmente. Muito mais do que ter um olhar diferenciado para essa fase da vida, precisamos acolher todos os integrantes da família. Dar colo para aquela mãe que nunca tira a capa vermelha e carrega todas as responsabilidades consigo, abrir espaço para que a paternidade daquele pai não seja descredibilizada e exercida ao máximo. Se todo mundo se sentisse responsável pela qualidade de vida de uma criança, a falta de empatia seria muito menor. Criar crianças e família felizes é uma tarefa que só pode ser realizada no coletivo. Foi assim que o nosso tema nasceu: “Toda família é nossa”. Além de ver apenas para o nosso núcleo, é fundamental cuidar de quem cuida de uma criança.