No último fim de semana de julho, nasceu nos Estados Unidos um bebê que já chegou ao mundo quebrando recordes. Thaddeus Daniel Pierce veio ao mundo em Ohio, desenvolvido a partir de um embrião que estava em estado de criopreservação desde 1994, ou seja, mais de três décadas.
Segundo Lindsey Pierce, sua mãe, o parto não foi simples. “Tivemos um parto difícil, mas agora estamos bem”, contou. Já recuperada, ela não esconde a alegria: “Ele é tão tranquilo. Estamos maravilhados por termos este bebê precioso!”
Ela e o marido, Tim Pierce, residem na cidade de London, no estado de Ohio, e optaram por “adotar” um embrião que havia sido congelado nos anos 90. A história chamou atenção não apenas da família e amigos, mas também da comunidade religiosa à qual pertencem. “Parece algo saído de um filme de ficção científica”, relatou Lindsey, em entrevista à MIT Technological Review.
A conexão entre gerações
Thaddeus tem uma história familiar pouco comum: sua irmã genética, fruto do mesmo conjunto de embriões, já tem 30 anos e inclusive é mãe de uma menina de 10, o que faz do recém-nascido um tio desde o berço.

Curiosamente, Tim, agora pai de Thaddeus, era apenas um bebê quando os embriões foram inicialmente criados. “Foi bem surreal”, comentou Linda Archerd, a mulher que doou os embriões há mais de 30 anos. “É difícil até de acreditar”, completou.
A origem: fertilização e esperança
A história começa nos anos 1990, quando Linda Archerd e seu então marido enfrentavam dificuldades para engravidar. Após seis anos tentando sem sucesso, eles decidiram investir em fertilização in vitro, uma prática ainda pouco conhecida na época.
Em maio de 1994, conseguiram gerar quatro embriões. Um deles foi implantado com sucesso e deu origem a uma filha saudável. Os outros três foram congelados, armazenados com cuidado para um possível uso futuro.
Linda tinha o desejo de ter mais filhos, mas seu marido não compartilhava da mesma ideia. Mesmo após o divórcio, ela assumiu a responsabilidade legal pelos embriões e continuou pagando pela manutenção deles ao longo dos anos.
Escolhas e fé
Com o passar do tempo e já enfrentando a menopausa, Linda percebeu que não poderia mais engravidar. A ideia de doar os embriões para pesquisas científicas ou de forma anônima não lhe agradava. “É o meu DNA; veio de mim”, disse.
Foi então que descobriu a possibilidade da chamada “adoção de embriões”, um tipo especial de doação onde há contato entre quem doa e quem recebe. Esse processo é geralmente promovido por instituições religiosas, que tratam os embriões como vidas humanas desde sua concepção.
O encontro que mudou tudo
Lindsey e Tim Pierce, ambos cristãos e com dificuldades para engravidar há sete anos, encontraram em Linda a esperança de formar uma família. Eles se inscreveram no programa Open Hearts, especializado nesse tipo de adoção. Foi aí que seus caminhos se cruzaram.
A fertilização foi realizada na clínica Rejoice Fertility, localizada em Knoxville, Tennessee. A instituição é comandada pelo Dr. John Gordon, um endocrinologista reprodutivo com o objetivo de diminuir o número de embriões congelados sem uso.