Muitos filósofos, filólogos, psicólogos e outros logos já disseram: a gente cresce, a vida nos moraliza, e nossa capacidade de intuir diminui barbaramente.
Não vou citar todos eles pra não gastar meus caracteres e para justamente propor um desafio:
– Veja com quem você não está falando!
Explicamos, nós, pois esta coluna é feita a quatro mãos.
Dia desses entro em casa, e assim sem mais nem menos Pedro pergunta:
-Onde está a bisa?
Sim, ele sabe que a bisa, minha avó, tem 97 anos, é nossa vizinha, esteve um pouco anêmica, mas já havia passado e estava tudo bem..
(A bisa estava no hospital de onde logo sairia… Logo porque contar… Logo, porque, porque…)
-Hein?!
Não ele não é um ET.
Mas sim um ser sensível com todas as antenas ligadas, um HD limpíssimo e atualizadérrimo. Uma criança!
Ou como diria uma tia de uma tia:
“Não me deixem sozinha na sala com este gênio.”
Sim são gênios! Puramente geniosos. Puramente sensíveis, antenados e atentos.
Ou vocês acham que aquela capacidade toda de fazer cidades, hospitais, e autogerir um minecraft é fácil?
Só para eles.
Meu sobrinho por exemplo, mora no Brasil, na grande Porto Alegre.
Tem três anos. Estuda inglês na escolinha e como vive em uma cidadezinha de colonização alemã, alemão na creche.
Resultado:
– Pai, como se diz “vamos se respeitar ” em inglês.
-Let’s respect each other, Gustavo. Mas nem existe.
-Existe sim. Tudo existe papai.
Tudo existe entendemos? Não. Esquecemos.
Somos adultos, com mais de trinta e um dentes, faculdade e vamos nos respeitar.
Combinado?
Mas onde está a bisa? Insiste o menino de seis anos que me dedica em seu iPod uma linda música do Daftpunk.
– No hospital querido. Mas logo ela vai pra casa e vamos almoçar no vô.
– Mãe… Já te disse que combinei com ela que só vai até 100, 101 não.
Tá certo Pedro.
Let’s respect each other…
E é assim que caminha a humana idade.
