A família Bezhenar teve que deixar sua casa e todos os seus pertences, incluindo o gato de estimação, Arsenii, para fugir da Ucrânia no dia 25 de fevereiro, um dia depois que os ataques russos começaram no país. Maria, o marido, Alexander, as três filhas, Eleanor, Angelina e Agnessa ficaram na casa de uma família, em São Francisco, nos Estados Unidos, para tentar recomeçar a vida.
No avião, uma comissária de bordo soube da história deles e foi conversar com Maria. “Uma vez, deixei a Alemanha e sei o que é ir para outro país e não conhecer ninguém ou lugar nenhum. Então, tive essa sensação de conexão com ela”, disse Dee Harnish, em entrevista a emissora Kron 4. Ela manteve o contato com a família, mesmo depois que chegaram a São Francisco. Lá, a família, felizmente, teve muita ajuda do dono do imóvel, que o emprestou sem cobrar, e da comunidade, que ajudaram com várias doações. Apesar da gratidão por estarem juntos, vivos e com a oportunidade de começar uma nova vida, Agnessa, a menina de 10 anos, não conseguia se acalmar. Ela sentia falta de Arsenii.
Um dia, a aeromoça resolveu entrar em contato com Maria para saber como estavam as coisas. “Eu mandei uma mensagem para ela e disse: ‘Então, como você está? Como os Estados Unidos estão tratando vocês? Está tudo bem?’ E ela disse: ‘Sim, está tudo bem. Exceto que minha filha mais nova quer ir para casa. Ela chora todos os dias porque está sentindo falta de seu gato’”, contou Harnish. “Ela sentia falta de dormir com o gato e de abraçá-lo; sentia falta de tudo porque ela cresceu com ele”, disse a mãe.
A comissária de bordo sentiu que precisava fazer algo para ajudar e se lembrou de Caroline Viola, uma amiga, também comissária, que resgata animais. “Ela me mandou uma mensagem e perguntou se havia algo que eu pudesse fazer para ajudar com esse enorme pedido”. O pedido era: encontre uma maneira de trazer Arsenii de volta para Agnessa. “Tudo que eu conseguia pensar era: ‘Meu Deus, temos um país devastado pela guerra aqui e você quer que eu tire um gato da Ucrânia?”, lembra a mulher.
Maria conversou com seu cunhado, que estava responsável por cuidar do gato, na Ucrânia, e pediu para ele dar os primeiros passos, necessários para o resgate. Ele precisava providenciar vacina, microchip e passaporte para o pet. Após isso, ele precisaria levar o gato, em sua motocicleta, até a fronteira com a Moldávia, onde o entregou a um motorista, que o levou para uma família refugiada na Romênia. Ele ficou lá por mais um mês, enquanto o plano continuava. Enquanto isso, nos Estados Unidos, Agnessa ficou sabendo, sobre a possibilidade de ter seu amado pet de volta. “Eu falei: ‘Ok, vamos orar, mas não posso prometer que isso vai acontecer. Ela estava feliz e disse: ‘Ele virá. Ele certamente virá. Apenas acredite’”.
Então, outra socorrista de animais entrou em ação. Mimi Kate estava de férias na Grécia e foi até a Romênia para buscar o gato. Ela ia levá-lo para a Grécia, mas os documentos de Arsenii não permitiam sua saída do país. “Todos os documentos precisavam ser revistos na Romênia, já que ele tinha acabado de sair de um país que não é da União Europeia”. Um motorista de tuk-tuk se ofereceu para ajudar e Mimi conseguiu arrumar a papelada. Então, ela levou o bichinho para Atenas, antes de seguir para Montreal, no Canadá, e, finalmente, chegar à casa dela, em Seattle, nos Estados Unidos.
De lá, a mulher levou Arsenii para o tão esperado encontro com Agnessa, que estava ansiosa no aeroporto. O pet foi recebido com sorrisos, abraços e balões. Os dois se reencontraram e, agora, não se desgrudam. “Quando Arsenii está conosco, é como se o lar estivesse conosco. É como se parte de nossa casa estivesse conosco”, finalizou a mãe.
