A criação respeitosa entra na vida de uma família em ocasiões bastante diferentes. Em algumas famílias, entra já durante a gestação, quando a mãe e o pai buscam e conversam sobre maneiras respeitosas de criar filhos, mantendo um vínculo afetivo seguro.
Porém, algumas mães e pais se interessam pelos temas relacionados à criação com afeto já com os filhos mais crescidos. Essas famílias podem, por exemplo, ter vivido um começo marcado por muitas agressões físicas e emocionais. São crianças que tiveram em sua infância o castigo, a punição e o grito como ferramentas de disciplina aplicadas pelos pais. Foram bebês que, talvez, não tiveram seus choros atendidos durante o dia, muito menos durante a noite. Assim, muitos se lamentam por não terem conhecido antes, ou não terem pensado em praticar uma maternidade ou paternidade diferente na época.
Pode até ser que você não tenha passado por tudo o que eu citei anteriormente. Mas, independente disso, é muito importante saber que nunca é tarde para mudar, para reavaliar nosso caminhos e escolher um rumo diferente.
O que a tradição cultural dita, quando nós começamos a perceber que o castigo, a ameaça e a punição não estão mais funcionando com os nossos filhos, é que devemos pensar que o problema está em nossos filhos. Eles estão se tornando mais malcriados, mais provocadores, mais desafiadores. E qual a solução para isso? Reavaliar toda a disciplina que estamos aplicando? Não, claro que não. Nós sempre iremos procurar maneiras mais vis e cruéis de punir nossos filhos, porque o problema nunca está na relação e, sim, na intensidade da punição, como a tradição cultural determina. Aumentem a intensidade da punição que eles obedecerão!
A boa notícia é que não é bem por aí. Nunca é tarde para mudar e quebrar o ciclo de violência. Nossos filhos, mesmo mais velhos, sempre irão se beneficiar de um relacionamento com os pais baseado em empatia, respeito e afeto. Claro, a mudança pode não ser percebida imediatamente, porque há uma série de reparos a serem feitos na relação e no vínculo, mas é inegável que qualquer ser humano apreciará ser tratado com respeito e dignidade, principalmente nossos filhos.
Não existem pais e mães perfeitos. O que existe é o melhor pai (ou mãe) que eu e você podemos ser. Entender isso é essencial para nos livrarmos da eterna frustração de nunca conseguir ser aquilo que desejamos. Só conseguiremos ter compaixão com os nossos filhos quando tivermos de nós mesmos. Nunca é tarde demais. Quebre o ciclo!