Ana Castelo Branco é redatora publicitária, embaixadora e colunista da Pais&Filhos e mãe de Mateus e Helena. Na edição de setembro ela falou sobre conseguir ou não, explicando que nem sempre damos conta de tudo, mas que, por outro lado, algumas pequenas conquistas recompensam. Dá uma olhada:
“Não. Eu não dou conta. Eu sei que parece que sim. Afinal, é tanto post contando vitória. Das crianças, pessoais, profissionais. Muita coisa boa. Sou muito grata. Mas a realzona mesmo é que não dou conta. A aparente Supermulher, na verdade, é apenas uma Superotimista que Tenta Pra Caramba.
Para você ter uma ideia, a inspiração deste texto, vem do fato de que esta coluna da Pais&Filhos era pra ter saído mês passado. Mas, adivinhe: não entreguei. Depois de três anos escrevendo para a revista, pela primeira vez, dei WO. Desculpe, pessoal. Mas, mês passado, simplesmente não deu.
Também não deu para trabalhar arrumadinha como deveria e adoraria. Como fazer isso se mal dá tempo de lavar o cabelo? Ainda bem que meus clientes valorizam mais o trabalho que meu senso fashion.
Não deu nem para ligar para minha mãe. Desculpa, mãe. Como você anda?
Outra coisa que não consegui: lembrar de mandar as frutas pedidas pela escola às terças. Mas já aumentei minha média em relação ao ano passado. Uhu!
Não consegui responder todas as mensagens de pessoas que pedem conselhos sobre seus filhos atípicos recém-chegados. Essa é a parte que mais me chateia. Detesto deixar essa turma na mão. Amo contribuir, aliviar um pouquinho as dúvidas que pipocam no meu celular.
Os oito quilos que separam este corpinho aqui das minhas roupas preferidas? Também não consegui perder. Dezenas de calças já se mudaram para uma prateleira que só alcanço com escada.
Vendo por outro lado, consegui chegar em casa a tempo de colocar as crianças na cama na maioria dos dias. Consegui um emprego superbacana para uma amiga do coração. E, o principal: observo meus filhos e percebo que, apesar dos trancos e barrancos, estou conseguindo formar duas pessoinhas amorosas, gentis e felizes.
Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, desisto da privacidade que a concentração pede e libero a companhia de uma certa menina cacheada que, depois de rabiscar meu caderno de ideias inteiro, acabou de gritar para o pai, muito orgulhosa, que está ocupada trabalhando com a mamãe.
Pergunto o que aqueles rabiscos todos querem dizer.
‘Mamãe, eu te amo muito, muito, muito’”.
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