Nem sempre os amigos dos nossos filhos vão ganhar nosso coração, e tudo bem. Faz parte do crescimento conviver com pessoas diferentes. Mas tem uma coisa: algumas amizades ultrapassam a linha do “não gostei” e entram direto na categoria “isso está fazendo mal”. Quando a relação começa a afetar o bem-estar do seu filho, pode ser um sinal de alerta para uma amizade tóxica.
O que é uma amizade tóxica, afinal?
Vamos direto ao ponto: uma amizade tóxica é aquela que suga a energia, limita a liberdade e machuca emocional ou até fisicamente. São relações marcadas por comportamentos negativos, como chantagens emocionais, fofocas, controle excessivo e pressão para fazer coisas erradas. Não parece saudável, certo?
Esses padrões tóxicos podem surgir de várias formas, como:
- Críticas constantes e humilhações disfarçadas de “brincadeira”
- Ciúme e controle, impedindo seu filho de se relacionar com outros amigos
- Chantagens do tipo “se você fosse meu amigo de verdade…”
- Relações desequilibradas, onde só um lado oferece apoio
- Estímulo a comportamentos de risco ou desrespeitosos
Como perceber que algo está errado?
Pode acontecer da criança não conseguir identificar ou verbalizar que está em uma amizade ruim. Mas o corpo fala, o humor muda e o comportamento entrega. Fique de olho se seu filho:
- Está mais quieto, irritado ou ansioso depois de encontrar determinado amigo
- Se afasta de pessoas que antes eram importantes para ele
- Muda seu jeito de ser para agradar alguém
- Parece emocionalmente esgotado após os encontros
Esses sinais podem indicar que a amizade não está fazendo bem.
Como conversar sobre isso com seu filho
A primeira dica é: nada de atacar o tal amigo. Isso pode fazer com que seu filho se feche ou até defenda ainda mais essa relação. Em vez disso, aposte no diálogo e na curiosidade.
Perguntas como “Você sente que pode ser você mesmo perto desse amigo?” ou “Como se sente quando está com ele?” ajudam seu filho a refletir sem se sentir julgado. Também vale explorar como o corpo dele reage – tensão, tristeza, medo? Tudo isso é informação valiosa.

E se seu filho não perceber que a amizade é tóxica?
É possível que, mesmo com toda a sua atenção e cuidado, seu filho não veja problema na amizade. Nesse caso, o ideal é continuar incentivando a reflexão.
Você pode comentar, por exemplo: “Percebi que você fica mais triste depois de passar o dia com ele. Já reparou nisso?”. Mostre o que é uma relação saudável na prática: respeito mútuo, escuta, apoio e liberdade. E claro, ajude seu filho a aprender a colocar limites sem se afastar de si mesmo.
Evite proibir o contato de forma abrupta. Isso pode gerar resistência e até fortalecer ainda mais o vínculo entre eles.
E se for o seu filho o amigo tóxico?
Pode doer, mas é preciso considerar essa possibilidade também. Às vezes, o próprio comportamento da criança pode estar prejudicando os outros. E isso não significa que você errou na missão de educar, significa que ela está aprendendo, como todo mundo.
Aqui, vale fazer perguntas como: “Percebi que você falou algo que deixou seu amigo chateado. O que te levou a agir assim?”. Essa abordagem ajuda a desenvolver empatia e autoconsciência.
Quando é hora de buscar ajuda profissional?
Se a amizade tóxica está afetando a saúde mental do seu filho de forma significativa – como mudanças bruscas de comportamento, queda no rendimento escolar, isolamento, tristeza profunda ou até sinais de autolesão –, é hora de procurar apoio.
Psicólogos e orientadores escolares são grandes aliados para ajudar a criança a entender melhor suas emoções, fortalecer sua autoestima e construir relações mais saudáveis.
No fim das contas…
Amizades fazem parte do desenvolvimento. Algumas vêm para ficar, outras são lições com data de validade. O importante é estar por perto, atento, sem invadir, mas sempre disponível. Seu apoio pode fazer toda a diferença nessa jornada de descobertas.