“Eu sempre soube que eu ia ser pai. Para mim, era quase tão certo quanto a morte”. Com essas frases, o jornalista e apresentador Pedro Andrade abre Um Tanto Familiar, sua nova série, que estreia no dia 25 de outubro na HBO Max.
A partir disso, dá para entender que a paternidade claramente era um dos maiores desejos de sua vida. Pedro e seu parceiro de longa data, Benjamin Thigpen, realizaram esse sonho e são pais de Isabel, hoje com 1 ano e 8 meses.
Mas como pai de primeira viagem, Pedro percebeu que rodar o mundo e conhecer diferentes configurações familiares seria a melhor forma de entender como mergulhar de cabeça na paternidade.
Assim, a série intercala essas descobertas culturais com o processo de gestação de Isabel e seu primeiro ano de vida. Essas duas histórias são tecidas de forma indissociável, destacando a humanidade e amor inerentes a qualquer organização familiar, independentemente de local, sexualidade e crenças.
A seguir, você confere alguns trechos da entrevista exclusiva que fizemos com Pedro Andrade sobre Um Tanto Familiar e sua experiência em relação à paternidade.
Trajetória de Pedro Andrade
Pedro nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, mas se mudou para Nova York em 1999 em busca de uma vaga no jornalismo televisivo. Depois de alguns anos trabalhando como modelo e bartender, ele conseguiu sua primeira oportunidade de destaque na TV americana na rede NBC.
A partir desse momento, o jornalista construiu uma carreira dividida entre os Estados Unidos e o Brasil. Ele já apresentou programas de renome, como Pedro pelo Mundo, Manhattan Connection, First Look e Entre Mundos. Mas agora esses dois universos se cruzam com o lançamento de Um Tanto Familiar.
“Nesse mundo globalizado, é interessante que na hora que eu divido o maior projeto da minha vida, que é a paternidade, com o resto do mundo, é também quando eu conquisto essa façanha de estar na HBO Max, tanto no Brasil, quanto na América Latina, quanto nos Estados Unidos”, reflete.
A decisão da paternidade
Pedro conta que se tornar pai foi uma prioridade mesmo em meio a tantos outros compromissos. Ele conta: “Eu tenho certeza absoluta de que se eu fosse esperar o momento ideal para a paternidade chegar na minha vida, ele nunca chegaria”.
O apresentador afirmou que a rapidez com que o tempo passa influenciou muito sua decisão. Ele contou que, atualmente, tem aproximadamente a idade que o avô tinha na época de seu nascimento. Esse medo de esperar demais foi um fator importante para tirar o sonho do papel.
Pedro também disse que quer aproveitar o máximo de tempo possível com Isabel. “Ninguém tem filho torcendo para só viver os primeiros cinco anos da vida da criança”, afirma.
Sobre ser pai e viajante
Mas nem sempre é fácil conciliar esse novo papel familiar com a rotina intensa de viagens. O jornalista relata que conta muito com Ben, seu marido, como alguém que consegue passar mais tempo em casa com a filha.
Além disso, a localização não deixa de ser um fator de dificuldade. “É muito complicado, porque nossas famílias não moram em Nova York. Então, a gente não tem essa rede de suporte que boa parte dos pais tem”, admite. Então, torna-se necessário contar com uma babá, que ajude a cuidar de Isabel em momentos mais intensos.
Em meio a esse turbilhão de experiências, Pedro explica que encontrar o equilíbrio entre o pai presente e o homem do mundo é algo desafiador. “Eu sei que eu vou continuar apresentando programas que demandam viagens. Mas eu acho que isso vai ter uma data de validade”, comenta.
Apesar da rotina atarefada, ele compartilha que o segredo é estar presente de corpo e alma nos momentos com a filha: “Quando eu estou com a Isabel, eu estou com a Isabel. Eu tenho prazer genuíno em estar com ela”.
Aprendizados da vida e da paternidade

Quando perguntado sobre a influência das viagens na sua visão parental, Pedro responde: “Molda quem eu sou como homem, como profissional, como filho, como pai. É impossível exercer o trabalho que eu tive a sorte de exercer por tantos anos sem estar completamente aberto para continuar evoluindo”.
Ele também fala sobre como presenciar cenas de sofrimento infantil nas viagens aguçou sua sensibilidade. “Se eu não tivesse passado pelas zonas de conflito que eu passei e visto as crianças e os órfãos que eu vi, acho que eu teria um distanciamento e aquilo talvez não fizesse com que as minhas prioridades fossem tão importantes na hora de educar a Isabel”, completa.
Esse sentimento se tornou ainda mais proeminente depois da chegada da filha: “É claro que isso me mobilizava antes, é claro que eu ficava sentido, mas hoje me toca de um jeito que não me tocava. Então, as coisas que me emocionam mudaram um pouco”.
Outra mudança notável que veio com a paternidade foi a valorização da forma como as crianças veem o mundo. “O olhar infantil é muito rico, porque ele vem desprovido de idiossincrasia, de críticas, de preconceitos que a gente nem sabe que existem dentro da gente”, explica.
Além disso, Pedro menciona que se sente inspirado pela maneira como as crianças vivem o presente por inteiro, sem se preocuparem com o ontem, nem com o amanhã. Tudo o que elas querem é o tempo e a presença de quem elas amam. Essa é uma lição que, de acordo com o jornalista, também pode ser válida para os adultos.
A diversidade das famílias

Ao longo de Um Tanto Familiar, vemos a jornada de Pedro e Ben para se tornarem pais por meio de uma barriga de aluguel. Com a contribuição de Whitney Caskey, Isabel pôde ser gerada e trazer muita alegria ao casal.
Mas no Brasil e em vários outros países do mundo, essa prática não é permitida. “Sem qualquer tipo de ativismo, eu achei que era muito importante que o mundo entendesse o que é essa realidade”, relata.
Mais adiante, em um momento emocionante, Pedro comenta também sobre enfrentar as inseguranças de construir uma família não-tradicional: “Eu quero que ela [Isabel] entenda que se por acaso, no Dia das Mães, ela sentir falta daquilo, está tudo bem. A gente vai estar lá para abraçar ela, para tentar suprir essa falta que uma mãe talvez faça para ela”, confessa.
A isso, soma-se também o julgamento de pessoas mais conservadoras sobre as maneiras diversas de se construir uma família.
“Um grupo acredita que a solução de todos os nossos problemas está na família tradicional, que o que torna uma família é um pai cis, uma mãe cis e uma criança. Eu acho que é muito ingrato isso com tantas versões de famílias”, reflete.
Diálogo com o espectador
Levando em conta a forma pouco usual de embarcar na paternidade, o apresentador abraçou a ideia de contar as histórias de diferentes configurações familiares em Um Tanto Familiar.
Por mais que as famílias sejam tão diferentes entre si, ele comenta que existe algo em comum em todas elas: “Eu acho que todo mundo está dando o seu melhor. Essa é uma característica onipresente entre todas essas estruturas familiares”.
Ao longo de toda a produção, a intenção é destacar essas similaridades e estabelecer um diálogo com o telespectador por meio da emoção.
Mas apesar dos pontos positivos, Pedro também admite o receio de expor a própria família para o mundo. “Eu acho que o programa pode ter um impacto tão maior. Se ele mudar a ideia de uma pessoa, isso já é maior do que o meu egoísmo de querer manter a minha família privada”, finaliza.
O mundo atual e o futuro de Isabel

Pedro fala sobre a vontade de ser uma referência para Isabel, mas ainda apoiá-la em quaisquer que sejam suas escolhas futuras. “É claro que eu quero inspirá-la, mas se também ela decidir viver uma vida completamente diferente, eu quero que ela saiba que ela pode contar comigo”, conta.
Ele ainda refletiu sobre os desafios de educar uma criança em um período conturbado no mundo, com questões como guerras, polarização política e desinformação.
“É muito fácil cair nessa armadilha e achar que o mundo já tem gente demais e está tudo dando errado, né? Mas eu prefiro que nasça uma pessoa numa família estruturada com amor, com educação e possa ser uma ferramenta para um mundo melhor do que uma pessoa numa família que não ensina valores positivos”, explica.
O jornalista contou que não vê Isabel como uma peça no quebra-cabeça para salvar o mundo, mas que espera compartilhar lições para que ela seja tolerante, curiosa e generosa.
Pedro também comenta sobre o desejo futuro de que a filha possa assistir a Um Tanto Familiar e, esperançosamente, entender que a série é uma carta de amor a ela: “Espero que ela saiba que, por meio da história dela, a gente possa ter tocado tantas famílias”.
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