Receber o diagnóstico da doença de Parkinson pode ser muito difícil, principalmente porque, por enquanto, a doença não tem cura e acompanha o portador até o final da vida. Para tentar evitar que as pessoas tenham que conviver com o Parkison, cientistas e pesquisadores buscam diariamente encontrar formas de curá-la ou, ao menos, preveni-la. Um estudo publicado no periódico especializado Nature Communications este mês mostrou que existe um gene capaz de prevenir a doença.
Para entender a ideia central do estudo, primeiro é preciso entender o que é a doença. O Parkinson é uma doença neurodegenerativa, que é caracterizada pela destruição de uma população específica de neurônios: os neurônios dopaminérgicos. A degeneração desses neurônios faz com que a transmissão de sinais que controlam alguns movimentos musculares específicos seja impedida. Esse bloqueio é o que leva aos tremores, contrações musculares involuntárias ou problemas de equilíbrio.
Para fazer a pesquisa, uma equipe da Universidade de Genebra (UNIGE) investigou justamente a destruição desses neurônios. Para isso, eles utilizaram a mosca da fruta como modelo de estudo. Os cientistas identificaram uma proteína chave nas moscas, e também em camundongos, que tem um papel protetor contra essa doença. Agora, eles estão olhando para a possibilidade dessa proteína ser usada como um novo alvo terapêutico.
Durante a pesquisa, o grupo colocou um olhar particular para o gene Fer2, cuja mutação pode levar à doença de Parkinson por meio de mecanismos ainda não bem compreendidos. Na pesquisa, eles fizeram um teste: já que a falta de Fer2 traz condições parecidas à doença de Parkison, o que será que acontece quando aumentamos a quantidade desse gene nas células? Com os testes, eles descobriram que o aumento do Fer2 poderia ter um efeito protetor contra o Parkison.
“Também identificamos os genes regulados por Fer2 e estes estão envolvidos principalmente nas funções mitocondriais. Esta proteína chave, portanto, parece desempenhar um papel crucial contra a degeneração de neurônios dopaminérgicos em moscas, controlando não apenas a estrutura das mitocôndrias, mas também suas funções”, explica Federico Miozzo, pesquisador do Departamento de Genética e Evolução e primeiro autor do estudo.
Mas como saber se isso também funcionaria em nós?
Depois de descobrir os efeitos do Fer2 nas moscas, os cientistas buscaram entender se o mesmo valeria para os mamíferos. Para isso, fizeram testes em camundongos. Como na mosca, eles observaram anormalidades nas mitocôndrias desses neurônios, bem como defeitos na locomoção em camundongos idosos. “Estamos atualmente testando o papel protetor do homólogo Fer2 em camundongos e resultados semelhantes aos observados em moscas nos permitiriam considerar um novo alvo terapêutico para pacientes com doença de Parkinson”, conclui Emi Nagoshi.