O parto é um momento cheio de emoção e expectativas, mas também exige cuidado redobrado para garantir a segurança da mãe e do bebê. No Brasil, a hemorragia pós-parto (HPP) é a segunda maior causa de morte materna, mesmo sendo uma condição amplamente evitável com as medidas certas. Mas como prevenir essa complicação grave? Aqui, reunimos fatos fundamentais para entender a HPP e como a prevenção pode salvar vidas.
O que é a hemorragia pós-parto?
A hemorragia pós-parto é definida como a perda de sangue superior a 500 ml após o parto vaginal e superior a um litro após a cesariana. Embora muitas vezes tenha uma evolução rápida e previsível, se não tratada corretamente, pode levar a complicações graves e até à morte da mãe. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma mulher morre a cada quatro minutos devido a complicações do parto, sendo a HPP uma das principais causas dessa mortalidade.
A situação é alarmante, pois a hemorragia pós-parto é um problema evitável. Quando o útero não contrai de maneira adequada após o nascimento, o sangramento pode continuar, colocando a vida da mulher em risco. Felizmente, existem medicamentos que ajudam a induzir as contrações uterinas e diminuem o risco de sangramentos excessivos. O uso dessas medicações é um dos passos cruciais para a prevenção.
A realidade no Brasil: hemorragia pós-parto é uma das principais causas de morte materna
De acordo com o Ministério da Saúde, a hemorragia pós-parto ocupa o segundo lugar no ranking das causas de morte materna no Brasil. A condição tem uma relação estreita com fatores socioeconômicos, e a taxa de mortalidade é particularmente mais alta entre mulheres negras. Esse dado destaca a importância de medidas adequadas de prevenção e do acesso a tratamentos eficazes.
No Brasil, muitas mortes poderiam ser evitadas com um diagnóstico rápido, infraestrutura adequada nos hospitais e, principalmente, o acesso a medicamentos que ajudem a controlar o sangramento. Infelizmente, apesar dos avanços, a mortalidade ainda é alarmante.

Como o tipo de parto pode influenciar o risco de hemorragia?
Os partos cesáreos são mais propensos a causar perda excessiva de sangue em comparação com os partos vaginais. Em cesarianas, a perda sanguínea costuma ser o dobro, o que torna a prevenção ainda mais crucial. E considerando que mais de 55% dos partos no Brasil são realizados por cesáreas, segundo dados da Fiocruz, o risco de HPP nesse contexto é um desafio que exige atenção constante.
Especialistas destacam que a escolha do tipo de parto deve ser cuidadosamente analisada, levando em consideração os riscos e benefícios para a mãe e o bebê.
O SUS oferece tratamentos, mas o que mais pode ser feito?
Atualmente, a rede pública de saúde no Brasil já utiliza medicamentos como a ocitocina para ajudar na prevenção da HPP. Essa medicação é fundamental para estimular as contrações uterinas após o parto e controlar o sangramento. Contudo, novos tratamentos mais estáveis e eficazes estão sendo testados e podem ser incorporados ao SUS em breve.
Esses novos tratamentos são especialmente importantes para regiões com infraestrutura de saúde limitada, onde a disponibilidade de medicamentos essenciais pode ser mais restrita. Além disso, a capacitação de profissionais e o aumento no número de unidades de saúde equipadas para lidar com emergências obstétricas são passos cruciais para reduzir a mortalidade materna no Brasil.
Como prevenir a hemorragia pós-parto?
Prevenir a hemorragia pós-parto é uma questão de saúde pública que envolve uma série de fatores, como diagnóstico precoce, acesso a medicamentos e infraestrutura adequada. Com a implementação de novas tecnologias, medicamentos e a capacitação contínua das equipes médicas, é possível reduzir drasticamente as taxas de mortalidade materna no Brasil.
Além disso, a conscientização sobre a importância da prevenção e do acompanhamento durante o parto pode fazer toda a diferença. Como sociedade, é fundamental apoiarmos medidas que visem garantir um parto mais seguro para todas as mulheres, independentemente de sua classe social ou cor da pele. Especialistas como Carolina Cohen, cofundadora da Colabore com o Futuro, ressaltam que a participação da sociedade é essencial: “Apesar dos avanços na atenção ao parto e no acesso a serviços de saúde, a hemorragia pós-parto continua sendo um desafio urgente para a saúde pública brasileira”, afirma Carolina.