Se existe um momento que marca a vida para sempre, é a chegada de um filho. Mesmo com tantos benefícios comprovados do parto normal – como recuperação mais rápida, menos complicações e um vínculo ainda mais forte com o bebê – o Brasil registra, segundo o Ministério da Saúde, mais de 55% de cesarianas. Para efeito de comparação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda apenas 15%.
E por que tanta gente opta pela cesárea? O medo da dor, o desejo de controlar cada passo do processo e a insegurança sobre como será a recuperação estão entre os principais motivos. Mas é possível viver um parto normal de forma acolhedora e sem traumas, principalmente com um modelo de atendimento humanizado, que coloca a mulher como protagonista da própria história.
Humanização: o segredo para um parto acolhedor
O CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas em Saúde Dr. João Amorim – aposta no modelo chamado Maternidade Segura Humanizada. Essa abordagem busca transformar o momento do parto em uma experiência de respeito, conforto e segurança, sempre com a mulher no centro das decisões.
Anatália Basile, doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo e coordenadora geral da Maternidade Segura Humanizada do CEJAM, explica que o medo do parto normal muitas vezes nasce do desconhecimento. “Muitas mulheres chegam carregando histórias de experiências traumáticas. Mas o parto pode, e deve, ser vivido como um momento de empoderamento, no qual a mulher tem controle sobre seu corpo e suas escolhas”, afirma.
Como lidar com a dor do parto normal?
A dor do parto é real. Por isso, a proposta da humanização é oferecer diversas alternativas para aliviar o desconforto sem recorrer necessariamente a medicamentos. E aqui vale tudo que ajuda: massagens, banhos quentes, exercícios específicos e técnicas de respiração profunda.
“Essas práticas não apenas diminuem a dor, mas também tornam o processo mais tranquilo, favorecendo a evolução do parto”, explica Anatália. Ou seja, cada mulher encontra o que funciona melhor para ela, com todo o suporte necessário.
Liberdade para se mover e escolher
Se a ideia de ficar deitada imóvel durante horas te assusta, aqui vai uma boa notícia: no parto humanizado, a mulher tem liberdade de movimento. Dá para caminhar, sentar, agachar e encontrar a posição que mais ajude na descida do bebê.
“A mulher não precisa estar deitada. Ela pode se mover livremente, adotando posturas que favoreçam o nascimento. Também oferecemos musicoterapia e iluminação controlada, criando uma atmosfera mais acolhedora e menos invasiva”, conta Anatália. Um ambiente que respeita o tempo e o corpo da mulher pode fazer toda a diferença.

Maternidade segura humanizada: acolhimento que transforma vidas
O modelo Maternidade Segura Humanizada já faz a diferença em 14 maternidades atendidas pelo CEJAM, incluindo oito hospitais da rede municipal de São Paulo, por meio do Programa Parto Seguro à Mãe Paulistana.
E os números não mentem: só em 2024, foram realizados mais de 38 mil partos dentro dessa filosofia, com uma taxa média de 94% de aleitamento materno ainda na primeira hora de vida. Um marco importantíssimo para a saúde dos bebês e para o fortalecimento do vínculo mãe e filho desde o primeiro momento.
Escolher o parto normal pode ser uma jornada de autoconhecimento, empoderamento e muito amor. E, com informação, apoio e acolhimento, esse momento se transforma em algo ainda mais especial. Afinal, nascer é natural, e viver essa experiência de forma respeitosa é um direito que toda mulher merece.
Cada mulher tem seu próprio caminho: sem culpa, só escolhas
Do momento em que se decide aumentar a família até ter o bebê nos braços, existe uma longa e emocionante caminhada. Nessa jornada, surgem expectativas, dúvidas, descobertas e, claro, muita pesquisa para que a chegada do filho seja vivida da melhor maneira possível.
Entre todas as escolhas que fazem parte desse processo, o tipo de parto é uma das mais importantes. E aqui vai um lembrete que nunca é demais reforçar: não existe certo ou errado. Existe o que é melhor para cada mulher.
“O nascimento pode acontecer pela via abdominal, através da cesariana, ou pela via vaginal, através do parto normal”, explica a dra. Erica Mantelli, obstetra, sexóloga e mãe de Giulia e Isabella. Cada uma dessas vias pode se desdobrar de formas diferentes, sempre respeitando a saúde, os direitos e as vontades da mulher.
O fundamental é que a escolha seja feita com base em informações corretas, orientação médica e, acima de tudo, muito respeito aos desejos e limites de cada pessoa. Seja um parto normal humanizado ou uma cesárea cuidadosamente planejada, o mais importante é que a mulher se sinta segura, acolhida e confiante.
Afinal, a aventura da parentalidade começa já na escolha consciente de como trazer uma nova vida ao mundo – sem culpa, sem julgamentos, só amor e respeito. Explicamos 8 maneiras de dar à luz para te ajudar nesse processo.