No dia 13 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Trombose. A data é dedicada ao reforço de cuidados e as formas de prevenção da doença.
Apesar de pouco falada, a trombose infantil é uma doença que pode causar prejuízos graves para as crianças. Pacientes com este diagnóstico precisam passar por tratamento e atenção redobrada.
Em entrevista à Pais&filhos, o Dr. Tomaz Crochemore, que é mestrando e doutorando na área de hemostasia e membro da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia, explicou a condição em crianças e como é realizado o tratamento.
O que é trombose?
A trombose se trata de um coágulo patológico que se forma dentro de um vaso sanguíneo. Estes podem ser venosos ou arteriais.
No entanto, quando falamos de trombose, na maioria dos casos trata-se da trombose venosa, que é a forma mais comum da doença.
De acordo com o doutor e pesquisador Tomaz Crochemore, a trombose é uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. Geralmente, a doença se manifesta em pessoas com idades mais avançadas. No entanto, crianças também podem sofrer com a doença.
Trombose infantil: o que você deve saber
Apesar de não ser frequente em crianças, a trombose infantil requer cuidados delicados e atenção. Menores com essa comorbidade podem apresentar limitações e dificuldades para realizar tarefas simples do dia dia.
Algumas crianças correm um risco maior de ter trombose. Segundo o especialista, crianças hospitalizadas por um período de tempo significativo, obesas e com doenças crônicas tendem a ser mais vulneráveis para desenvolver a doença.
“Crianças que têm doenças crônicas, como doenças autoimunes, por exemplo, tem alguns fatores de risco que são mais diretos”, explica o médico.
Outros fatores como infecções graves e cirurgias complexas também podem influenciar no desenvolvimento da trombose, pois comprometem a circulação do sangue no corpo.
Síndrome pós-trombóticam (SPT)
Por se tratar de uma doença grave, a trombose infantil pode deixar marcas para a vida inteira. Além disso, de acordo com o médico especialista, existem consequências até mesmo durante a doença.
“Algumas crianças podem apresentar o que chamamos de trombose em seio cavernoso, que é o desenvolvimento de um coágulo no cérebro”, explica.
Com isso, o paciente corre um alto risco de ter um AVC e as sequelas do acidente vascular cerebral podem durar a vida toda.
Entre os danos estão:
- Alteração na face
- Paralisia unilateral
- Dificuldades na fala
- Comprometimento da função cardíaca
- Limitação das atividades diárias
‘Quando a gente fala de trombose venosa profunda, uma das principais complicações é a síndrome pós-trombótica que ocorre por conta das tromboses de maior extensão. Isso acontece quando o coágulo se forma dentro de uma veia e com o tempo, a depender da extensão desse coágulo ele pode comprometer a parede desse vaso sanguíneo e as válvulas, causando limitações no nosso corpo”, afirma.
Sintomas da trombose infantil
Alguns sinais de alerta merecem atenção redobrada. De acordo com o médico, os principais sintomas da trombose infantil são:
- Inchaço na perna ( principalmente na panturrilha)
- Dor na perna
- Dificuldade para caminhar
- Vermelhidão
- Inchaço local
Além da trombose venosa, também existem sinais fortes para a trombo embolia pulmonar.
“Na embolia pulmonar, há um desconforto que pode ser dor no peito – taquicardia – que é o aumento da frequência cardíaca, até quadros muito mais graves, como hipóxia, que é a falta de oxigenação no sangue nas células, ou até arritmias cardíacas, que é a alteração do ritmo cardíaco”, destaca.
Diagnóstico da trombose infantil
Segundo o medico Tomaz Crochemore, para realizar o diagnóstico é realizado um histórico do quadro clínico da criança. Depois, é feita a avaliação dos sintomas. Após isso, exames físicos e clínicos como o dedimero são realizados.”
O histórico clínico do paciente vai avaliar se já existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Já os exames físicos , são realizados para detectar a presença de coágulos na circulação sanguínea da criança.
O dedimero, por sua vez, é o exame mais indicado para a identificação da doença e está amplamente disponível, tanto na rede particular quanto na rede pública.
Doenças genéticas aumentam o riso e de trombose?
Segundo o pesquisador, comorbidades como obesidade e pressão alta, aumentam o risco de desenvolvimento da doença.
Tomaz afirma que “tanto a pressão alta quanto a diabetes, assim como o tabagismo, por exemplo, eles comprometem a parede do vaso sanguíneo. Então, quando tem uma lesão do endotélio, que é a membrana que reveste os vasos sanguíneos, isso aumenta muito o risco de trombose.”
Tratamento para trombose

O tratamento para trombose é feito com anticoagulantes e em casos mais graves uma cirurgia pode ser indicada. Não há diferença de tratamento para criança e adultos.
Em casos mais leves, a recuperação costuma durar de 3 a 6 meses. Mas, em casos mais graves, a rotina de tratamentos pode durar anos ou até a vida inteira.
Alimentação e atividade física ajudam a previnir a trombose
Tomás afirma que é ideal que a alimentação da criança, desde o início, seja o mais equilibrada possível.
É claro que crianças não devem deixar de comer doces ou comidas gostosas. Mas, é importante evitá-las e equilibrar a alimentação com verduras, legumes e opções com altas fontes de vitamina e ferro.
Além disso, uma criança ativa tem um corpo e uma imunidade mais saudável. A prática de atividades físicas adequadas para a idade da criança é de fundamental importância.
Números de trombose infantil no Brasil
De acordo com o Tomaz Crochemore não há um número preciso de casos de tombrose infantil no Brasil. “A avaliação do número da frequência, da incidência e prevalência de trombose, principalmente em crianças, ainda é muito subdiagnosticada nos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil. Então é difícil da gente falar se o número de trombose tá aumentando ou não”.