Nessa semana estive num evento voltado para mulheres executivas, que foi composto de um rico painel com quatro inspiradoras profissionais. Ao final, uma pessoa da plateia contou um caso pessoal que ocorreu com ela nos Estados Unidos, onde não existe licença maternidade. A história era que ela não conseguia ser admitida para vaga nenhuma quando estava grávida. Repito: isso lá na terra do Tio Sam, onde não há licença maternidade. Se isso acontece lá, e aqui do lado de baixo do Equador?
Tendo a achar que deve ser bem pior, mesmo que poucas empresas admitam isso. Aliás, deve ser até contra a lei você excluir candidatas por conta de gravidez. Mas fico imaginando a situação de um profissional de RH, diante de duas candidatas de mesmo talento, uma grávida e outra não. Até para essa pessoa provar internamente que a contratação da grávida valerá a pena, apesar da ausência iminente, ela já se decidiu pela outra candidata. “Vender” internamente a contratação de uma grávida deve ser duríssimo, beirando quase o impossível.
Fico imaginando agora outra cena. Também uma entrevista de emprego e dois homens sendo entrevistados. Ambos igualmente capazes e talentosos. Um diz que está esperando seu primeiro filho, o outro ainda não tem planos de ser pai. Quem será o escolhido? Não faço a menor ideia!!! Isso porque, outras variáveis pesarão nesta escolha. Mas tenho certeza de que a paternidade que se avizinha em nada diminuirá as chances de contratação do futuro papai.
Injusto, não? Vejo um tratamento tremendamente desigual que se dá para entre homens e mulheres. Mas aqui também acho que devemos retomar um tema que ainda não está 100% resolvido na minha cabeça: a licença maternidade. É evidente o benefício que ela traz para a mãe e para o bebê. Esse momento maravilhoso dos primeiros dias e meses não volta nunca mais e merecem ser vivido intensamente. Mas como tudo tem um preço, acho que nós mães pagamos com nossas carreiras o custo da licença maternidade. O ditado “não tem almoço de graça” é muito verdadeiro. Aliás, pela nova lei, talvez o preço também cresça com a extensão da licença de quatro para seis meses. Não estou aqui de forma alguma pregando contra a licença maternidade, apenas trazendo para a discussão um tema que acredito ser mais atual do que nunca.
Enfim, acho que em relação a esse assunto estamos longe de chegar a um ponto ideal, se é que ele existe. Fico pensando se há algum momento mágico onde todas as partes envolvidas ficassem satisfeitas: bebê, mãe e empresa. Enquanto não descobrimos, sugiro que usemos a matemática que mais faz sentido para cada uma de nós. Já que terá um custo, pelo menos que escolhamos um que cabe em nosso “orçamento” afetivo e econômico. Um modelo que satisfaça o coração de mãe e o bolso também.