Em um avanço significativo para a saúde pública, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu, nesta segunda-feira, 1 de abril, aprovação ao registro da vacina Abrysvo, desenvolvida pela farmacêutica Pfizer.
O imunizante tem como alvo o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador de bronquiolite e infecções respiratórias graves que podem ser fatais para recém-nascidos e bebês. A novidade representa uma esperança para a proteção desses grupos vulneráveis, com eficácia comprovada de 81,8% na prevenção da doença desde o nascimento até os três primeiros meses de vida.
A introdução dessa vacina no mercado brasileiro segue a aprovação por órgãos reguladores internacionais de destaque, incluindo a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos. O imunizante também foi aprovado para a proteção de idosos a partir de 60 anos, outro grupo de risco: em 2022, por exemplo, a letalidade associada ao VSR nesse público chegou a 21%.
A Abrysvo é a única vacina aprovada no Brasil com indicação para os dois grupos populacionais mais vulneráveis ao VSR. As mulheres grávidas devem receber uma única dose entre a 24ª e 36ª semana da gestação, como forma de oferecer resposta imune contra infecções respiratórias causadas por VSR nos bebês até 6 meses de idade.
Efícácia da vacina Abrysvo
A aprovação do imunizante foi baseada nos resultados dos estudos realizados durante seu programa de desenvolvimento clínico. Durante os testes clínicos de fase 3 para a indicação materno-fetal, a vacina se mostrou capaz de prevenir 82% das formas graves de doenças respiratórias causadas pelo VSR em crianças de até 3 meses de idade, porcentagem que se mantém elevada, em 69%, para bebês até os 6 meses.
“Quando a mãe recebe a vacina, os anticorpos produzidos por ela atravessam a placenta, fortalecendo o organismo do bebê, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Essa estratégia representa um grande avanço na proteção contra o VSR, um vírus capaz de impactar profundamente as famílias. Proteger os bebês e os idosos, os dois grupos mais suscetíveis às infecções pelo VSR, também poderá ser uma forma de aliviar o sistema de saúde, uma vez que essas doenças estão associadas a elevadas taxas de hospitalização”, diz Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.
O perigo do VSR para bebês e crianças
O VSR é responsável por até 40% das pneumonias e 75% dos quadros de bronquiolite em crianças menores de 2 anos de idade. Altamente contagioso, o vírus está associado a surtos em ambientes hospitalares, especialmente em unidades neonatais, com elevada morbimortalidade. Estima-se que o VSR seja responsável por 66 mil a 199 mil mortes por ano em menores de 5 anos no mundo.
A bronquiolite é uma condição séria que pode levar pacientes com menos de 2 anos à morte, especialmente prematuros e aqueles com doenças crônicas. Essa infecção respiratória se manifesta com sintomas como febre baixa, dor de garganta, dor de cabeça e secreção nasal, que podem evoluir para quadros mais graves exigindo atenção médica imediata. Os pais devem ficar atentos se a criança começar a apresentar chiado no peito, dificuldade para respirar, febre alta, tosse persistente, além de lábios e unhas arroxeados.
O VSR costuma circular com mais intensidade entre o inverno e o início da primavera, mas a sazonalidade vem variando localmente em diferentes regiões do Brasil nos últimos anos. Nos primeiros quatro meses de 2022, por exemplo, em pleno verão, foram notificados mais de 3.500 casos de síndrome respiratória aguda (SRAG) causados pelo VSR, sendo as crianças menores de 4 anos as mais afetadas.