Com o aumento dos casos da síndrome mão-pé-boca em várias regiões do Brasil, pais e cuidadores têm buscado mais informações sobre essa infecção viral que, apesar de frequente na infância, merece atenção redobrada. De acordo com o infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, do Hospital Pequeno Príncipe, o maior centro de pediatria do país, o vírus pode se espalhar com facilidade, principalmente entre crianças pequenas.
A doença é provocada, em geral, pelo vírus Coxsackie, e provoca incômodos como feridas na boca e lesões nas extremidades do corpo. “Essa é uma condição altamente transmissível, então o cuidado com a higiene e o isolamento nos dias de sintomas é essencial”, orienta o especialista.
Como ocorre a transmissão?
O contágio da síndrome se dá pelo contato direto com fluidos contaminados, como saliva, secreções nasais, fezes ou pelo toque em superfícies infectadas. Objetos compartilhados, alimentos mal higienizados e até mesmo a proximidade com outras crianças doentes favorecem a propagação do vírus.
Embora atinja principalmente crianças menores de cinco anos, adolescentes e adultos também podem ser infectados. Isso reforça a importância de reforçar hábitos básicos de higiene no dia a dia, como lavar as mãos com frequência e desinfetar brinquedos e utensílios.
Sintomas: o que observar?
Os sinais da síndrome mão-pé-boca começam com febre, dor de garganta e indisposição, evoluindo para lesões características. Pequenas bolhas e manchas avermelhadas surgem na região da boca, nas palmas das mãos e nas solas dos pés, podendo causar bastante desconforto.
É comum que a criança apresente também recusa alimentar, aumento da salivação, coriza e dor ao toque nas áreas afetadas. Em quadros mais intensos, podem surgir vômitos, diarreia, desidratação e até mesmo complicações como hipoglicemia, em decorrência da dificuldade de ingerir líquidos e alimentos.
“Há casos em que as lesões cutâneas evoluem para infecções secundárias, com presença de pus, o que exige atenção e acompanhamento médico”, explica Victor Horácio de Souza Costa Júnior. Ainda que raramente, o vírus pode atingir órgãos vitais, como o coração e o sistema nervoso central, desencadeando miocardite ou encefalite.

Como é feito o diagnóstico?
A confirmação do quadro é realizada clinicamente, com base na aparência e localização das lesões, além da avaliação dos sintomas apresentados. Exames laboratoriais, como sorologia ou análise de fezes, podem ser solicitados para diferenciar o tipo viral envolvido, especialmente quando há dúvida com outras enfermidades.
O papel do pediatra é fundamental para garantir o tratamento adequado e monitorar possíveis complicações. Por isso, ao notar alterações na saúde do seu filho, procure orientação médica o quanto antes.
Qual o tratamento mais indicado?
Por se tratar de uma infecção viral, a síndrome mão-pé-boca tende a desaparecer espontaneamente após alguns dias. O foco do tratamento é aliviar os sintomas enquanto o organismo combate o vírus.
“Recomenda-se o uso de medicamentos para febre e dor, além de garantir hidratação constante e repouso”, afirma o médico do Pequeno Príncipe. Também é importante manter a alimentação leve e nutritiva, respeitando os limites da criança durante o processo de recuperação.
O cuidado com a higiene bucal e corporal deve ser intensificado, pois isso evita o agravamento das lesões e a contaminação de outras pessoas.
Como prevenir a síndrome mão-pé-boca?
A prevenção da síndrome passa, essencialmente, por medidas simples do dia a dia. Higienizar bem as mãos — especialmente após trocar fraldas ou usar o banheiro — e evitar o compartilhamento de copos, talheres e brinquedos são atitudes que fazem a diferença.
Também é indicado manter os ambientes bem ventilados e limpos. Em caso de diagnóstico confirmado, o ideal é afastar a criança da escola ou da creche até o fim do período de transmissão, que geralmente dura cerca de uma semana.