Aos seis meses de vida, é quando os bebês podem ter o primeiro contato com a comida, a partir da introdução alimentar. Durante a gestação, o estoque de ferro que é recebido pelo embrião começa a diminuir, aumentando os riscos da anemia ferropriva. Para driblar o problema, inserir a carne vermelha no cardápio, uma das principais fontes do nutriente, pode ser uma opção.
E é fato: a alimentação saudável na infância pode trazer diversos benefícios para a saúde a longo prazo. Incentivar as crianças desde cedo sobre a importância de seguir um dos principais pilares da vida, não pode ficar de fora da rotina da família, que é um espelho para todo o desenvolvimento.
Para tirar todas as dúvidas sobre o consumo de carne na infância, conversamos com a nutricionista Haline Dalsgaard Pereira, mãe de Mariana, e com Flávia Montanari, nutricionista infantil da Liga da Cozinha Afetiva, sobre a importância de inserir o alimento desde cedo. Saiba quais são os benefícios, como armazenar após o preparo e os cuidados necessários que os pais precisam ter.
Quando posso inserir a carne na alimentação do meu filho?
A partir dos seis meses. Durante a fase de introdução alimentar, o bebê começa a inserir outros alimentos além do leite materno ou fórmula. “Essa fase geralmente se inicia com a introdução de frutas, seguida dos legumes. Dando sequência à introdução, as leguminosas (feijões) e as carnes são introduzidas. O tempo de introdução de novos grupos de alimento varia com a aceitação e desenvolvimento de cada criança. Essa avaliação deve ser orientada pelo pediatra em conjunto com o nutricionista responsável pelo acompanhamento clínico”, comenta Haline.
Quais são os benefícios?
Assim como o frango e os peixes, a carne vermelha possui proteínas, gorduras, ferro, zinco e vitamina B12, encontrada apenas em produtos de origem animal. “Ela trabalha conjuntamente com o folato na síntese de DNA e das células vermelhas do sangue”.
Existe jeito certo de armazenar?
Sim! “Alimentos preparados podem ficar até 3 dias na geladeira, preferencialmente na primeira ou segunda prateleiras, onde a temperatura é um pouco mais baixa que a parte de baixo do refrigerador. Também podem ser armazenadas no congelador (naquelas versões que estão presentes na parte superior da geladeira, onde a temperatura é mais baixa que as demais) por até 30 dias e no freezer por até 3 meses”, explica.
Para os armazenamentos, o ideal é que sejam guardados em vasilhas de vidro ou plásticos livres de BPA (bisfenol A), para que não haja intoxicação dos alimentos pela substância do plástico. A dica é identificar a data em que foram guardados e respeitar todos os prazos.
Como oferecer a carne para as crianças?
Haline orienta que elas devem ser sempre bem cozidas e desfiadas. “Evitar carnes mal passadas e cruas (carpaccio) para crianças. O mesmo vale para os peixes e principalmente para o frango. Como o sistema imune da criança ainda é imaturo, o consumo de carnes mal passadas pode contribuir para a instalação de contaminações e infecções”.
Algumas opções de preparo são: a carne moída, músculo, patinho e peito cozidos na panela de pressão e desfiados. “Pedaços maiores oferecidos para a criança “sugar” não oferecerão os mesmos nutrientes que o consumo da carne inteira, além de correr o risco de engasgar caso algum pedaço inteiro seja engolido”.
E se os pais são vegetarianos e não se sentem confortáveis em dar carne para a criança?
De acordo com a Academy of Nutrition and Dietetics, a alimentação vegetariana pode ser seguida em todos os ciclos de vida, inclusive a gestação, lactação e infância. Flávia Montanari explica que ao optar por esse caminho, é preciso redobrar os cuidados com a saúde da criança para ter certeza de que ela receberá todos os nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável: “O devido acompanhamento de um profissional especializado para elaborar um plano alimentar balanceado e variado nutricionalmente, e a indicação de suplementação de nutrientes, se necessário, é sempre bem-vindo”.
“É necessário aumentar as porções de leguminosas e adequar as porções de cereais para que a recomendação nutricional seja atingida. O prato ideal deve ser composto por 1/3 de cereais, raízes e tubérculos, 1/3 de leguminosas e 1/3 de legumes e verduras”, explica.
Quais cuidados os pais precisam ter na hora de comprar?
Durante a escolha da carne, é fundamental ficar de olho na coloração que ela apresenta. O indicador de que ela esteja boa para consumo é em vermelho vivo e data de corte. Se apresentar cores escurecidas, ou esverdeadas, devem ser evitas, pois existe uma maior risco de apodrecimento.
Como evitar engasgos
A dra. Flávia listou dicas de como fazer a introdução alimentar da carne vermelha na rotina da criança e, ao mesmo tempo, tomar vários cuidados para que ela não engasgue com nenhum pedaço da comida – isso vale para outros tipos de alimentos sólidos, ok?
- Iniciar a IA após os sinais de prontidão do bebê: ele precisa manter a cabeça ereta e sentar por si, por cerca de 35 segundos;
- Na hora da refeição, o bebê deve estar sentado à mesa, em um cadeirão próprio para a alimentação;
- Não oferecer a comida no carrinho de passeio ou nos balanços, já que o bebê quando senta sem apoio ou fica inclinado para trás ou para os lados e isso facilita com que a comida vádireto para o final da boca;
- Não utilizar eletrônicos durante as refeições. Eles tiram a total atenção do bebê pela comida, não fazendo o processo adequado de mastigação, e possível engasgo;
- Fazer as refeições em família, pois além da supervisão de um adulto enquanto o bebê come, também tem a interação e o vínculo familiar;
- Em especial para a carne vermelha, ela pode ser ofertada em pedaços bem pequenos. A carne moída, por exemplo, pode passar por esse processo duas vezes. Nunca, liquidifique a comida do seu bebê!
- Aos poucos, você pode ir evoluindo a textura da carne vermelha, ofertando em formatos de croquete ou hambúrguer, para que ele possa ir pegando e levando à boca