Ben e Sara Kaplan, pais de James, de 11 anos, e Olivia, 7 anos, moram na Califórnia, Estados Unidos, onde apenas 0,3% dos adultos são transexuais, segundo um estudo de 2011. E é o caso dessa família, em que os dois filhos são transgêneros. Apesar dos pais ouvirem reações negativas das pessoas sobre os filhos, não foi algo que abalou a família. “A reação quando as pessoas ouvem que temos dois filhos trans é um choque e pavor. Muitas pessoas acham que deve ser uma situação de ‘cópia’ onde o mais novo está apenas imitando o mais velho”, contou Sara ao jornal The Sun.
A primeira revelação foi a cerca de três anos quando o primeiro filho James tinha oito anos. Ele revelou aos pais quando estava na segunda série que queria mudar de sexo, deixando de ser mulher para se tornar um homem. Já no caso de Olivia, foi ainda mais cedo! Ela tinha quatro anos quando também disse que queria mudar de gênero. “Foi menos chocante porque tínhamos acabado de ter uma transição infantil — nós nos educamos sobre gênero”, disse a mãe.
James teve a transição no mesmo ano que decidiu fazer a mudança. Cortou o cabelo mais curto, comprou roupas masculinas e pediu para os amigos que o chamassem pelo nome masculino, e no ano passado, ele mudou o nome legalmente. “Eu sempre fui um menino”, disse ele ao The Sun. “Antes de fazer a transição, faltava um pedaço e não parecia certo. Eu estava nervoso em contar aos meus pais, mas quando fiz isso, eles me aceitaram. Eu fiquei feliz porque eu sei que muitas crianças trans não têm isso, e isso é triste”, afirmou. “Ser trans significa que você nasceu no gênero que não sente em seu coração — qualquer um pode ser quem quer que seja, e não importa qual seja sua opinião”, completou Olivia.
Porém, James admitiu que ficou confuso quando a irmã falou pela primeira vez que também era trans. “Eu reagi à Olivia como a maioria dos irmãos mais velhos — mesmo que eu seja trans. Fiquei um pouco confuso no início e na defensiva porque achei que era a minha coisa. Mas depois de um dia, vi que Olivia é uma garota e ela sempre será”, declarou.
E cerca de um mês, James começou a usar bloqueadores hormonais (Um implante que o impede de entrar na puberdade, incluindo ciclo menstrual e desenvolvimento das mamas). “Eu sou um cara, e se qualquer outro cara pensou em ser uma mulher, é desconfortável”, afirmou. Mas já para Olivia, os pais entendem que ela ainda é muito nova para fazer qualquer tratamento médico para a transição. “Nós temos muito tempo, pois ela tem apenas sete anos. A primeira coisa seria um bloqueador hormonal, mas somente quando ela atingir a puberdade, por enquanto, seguiremos assim”, explicou.
Os pais deixaram a história a público para defender os filhos e apoiar qualquer criança que também não se identifique com gênero que nasceu. “A razão pela qual escolhemos levar à público nossa história é porque ter dois filhos transgêneros não é tão único, mas é muito difícil defender o segundo filho sem que pareça haver um problema em casa”, disse Sara. “Isso tende a cair na mãe, e recebo feedback que sou apenas cúmplice e apenas sentado aqui assistindo, o que não é verdade — eu sou um pai fiel e amo meus filhos”, completou Ben.
Apesar de aceitarem os filhos, os pais contaram que nem sempre foi fácil. “Houve um momento de luto para mim quando eles fizeram a transição, e não foi porque eu não os amava mais. Tinha a ver com meus próprios mal entendidos e meus próprios preconceitos. Tinha a ver com a passagem por um mundo sobre o qual eu não sabia nada”, disse o pai. “Mas estamos do lado certo da história e não vamos permitir que nossos filhos sintam vergonha ou medo baseados em outras pessoas — eles merecem se sentir amados e aceitos”, acrescentou.
Sara e Ben dizem que estudam muito sobre o tema.”Estamos fazendo isso porque estamos ouvindo nossos filhos e porque estamos fazendo muita pesquisa, o que provou que estamos fazendo a coisa certa”, disseram. Os pais também conversam bastante com os filhos para ter certeza que estão bem e confiantes.”Vamos amá-los e aceitá-los se eles vierem até nós amanhã e disserem que mudaram de ideia. E vamos amar e aceitá-los se eles não o fizerem. É esse ambiente familiar que permitiu que James e Olivia se sentissem confiantes com as decisões que tomam em relação à sua identidade”, disse a mãe.
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