É comum a gente achar que criança adora uma bagunça. De fato eles são craques em produzir uma, mas o que muitos adultos não se dão conta é que eles também gostam e precisam de organização e o quanto é benéfico que entendam as tarefas de casa. Por isso, é muito importante que os pais peçam, sim, ajuda e ensinem os filhos a fazer uma coisa aqui, outra ali.
“É muito importante que as crianças possam contribuir com a casa, pois assim adquirem autonomia, se sentem capazes e mais envolvidos com os pais e os irmãos”, afirma Marcelo Benvenutti, membro do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. De acordo com ele, os filhos observam as atividades da casa e têm, sim, vontade de aprender as fazer as coisas.
Para o Aurélio Melo, psicólogo e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, contribuir, dentro das devidas proporções, com as tarefas de casa ajuda a criança a ter noção de coexistência e do trabalho das outras pessoas. “Os pais podem propor essa participação como uma brincadeira, sempre de forma leve e envolvendo toda a família”, afirma Aurélio.
Uma forma de começar a despertar a consciência de que tudo em casa – a limpeza, a comida, a arrumação das camas – depende de alguém pondo a mão na massa é chamar a criança para acompanhar a execução de algumas tarefas, como a lavagem do quintal. Depois, ela pode começar a fazer coisas pontuais, como levantar da mesa e levar o prato até a cozinha ou juntar os brinquedos em um baú, atos que já são um aprendizado para ela.
Benvenutti aconselha os pais a pedir ajuda em coisas que a criança, com bastante certeza, consiga realizar com facilidade. Por que, na sequência, é bom agradecer, elogiar… Enfim, dar um bom reforço positivo! Mas é bom ter na cabeça que algumas crianças simplesmente não se mostram interessadas. Outras, fazem uma vez e se recusam a repetir a tarefa. “É importante ter calma para deixar que aos poucos ele se sinta mais envolvida. E paciência de deixar que a criança faça no ritmo e no jeito dela”. Não faz sentido é transformar a intenção de introduzir a criança com participante na rotina da casa em uma briga: como todo o aprendizado, ajudar em casa é algo que as crianças aprendem a fazer aos poucos. Devagar, com um incentivo aqui, uma cobrança ali, seu filho deve se tornar mais colaborativo e terá mais condição de lidar com pequenas responsabilidades.
Na medida certa
Incentivar as crianças a contribuírem com a dinâmica do lar faz muito bem para sua própria educação. No entanto, a felicidade e o bem-estar da criança precisam estar em primeiro lugar. “As atividades realizadas em casa não devem de forma alguma ultrapassar o tempo que o filho passa brincando ou estudando, caso contrário não será benéfico”, afirma Benvenutti.
Outro ponto importante é zelar, sempre, pela segurança da criança e ter noção de que existem coisas que ela não pode e não deve fazer. Exemplo: se ela quebrou um copo acidentalmente, não deverá recolher os cacos de vidros e levá-los para fora por conta do risco de se cortar.
Tarefas sob medida
Confira na lista abaixo quais atividades são adequadas para o desenvolvimento da criança a cada faixa etária
- Entre 1 ano e meio e 2 anos – Nessa idade a criança pode começar a recolher os brinquedos do quarto. Vale lembrar que as coisas precisam ser feitas em etapas. Portanto, em um primeiro momento, a atividade pode ser juntar todos os brinquedos em um mesmo local. Depois juntar e entregar para a mãe. Por último, ele mesmo pode começar a guardar os brinquedos nas prateleiras.
- Entre 2 e 4 anos – Nesse período, as crianças conseguem realizar atividades pessoais como lavar as mãos, escovar os dentes. Além disso, também podem levar o lixo reciclado para fora do apartamento. Mas necessária a supervisão de um adulto.
- Entre 4 e 6 anos – As crianças nessa idade já podem começar a ajudar a lavar a louça e retirar os pratos da mesa. Também são capazes de tomar banho sozinhas, arrumar a mochila, vestir o uniforme da escola.
- Entre 6 e 8 anos – Com essa idade as crianças já são capazes de arrumar o próprio quarto, fazer o lanche da escola, secar e guardar a louça.
- Entre 8 e 10 anos – Nesse período seu filho pode assumir a responsabilidade de levar o cachorro para passear (se a vizinhança for segura) e ficar de olho no irmão menor.
> Consultoria: Aurélio Melo, psicólogo professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie e pai de Alexandre e Gabriel; Marcelo Benvenutti, membro do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e pai do Bruno.