Rafael Andrade não teve tempo de se preparar para ser pai, tudo aconteceu meio atropelado e sem ser planejado. Mas o que ele não sabia é que, na verdade, essa sempre foi sua vocação. Pai de João, de 10 anos e Marcelo, de 10 meses, ele tem um portal de conteúdo, o Sem Choro, para pais e mães em Belo Horizonte, onde além de divulgar informações de lugares para a família, escreve crônicas sobre paternidade.
Ele enviou seu depoimento por meio do projeto Lá em Casa é Assim — parceria da Pais&Filhos com a Natura Mamãe e Bebê — e nos contou como é exercer a paternidade conciliando tudo com a rotina do dia a dia. Vem conhecer essa história:
“Tenho dois filhos únicos”. Escutei essa expressão ao contar que eu tinha um filho de 10 anos, que eu criei sozinho, e outro de 10 meses. O João e o Marcelo, respectivamente. Me apropriei dessa frase. Eles são dois filhos tão diferentes em tantas circunstâncias que fazem deles filhos únicos. Não tive tempo de sonhar em ser pai, queimei a largada e tive meu primeiro filho jovem demais. Já tinha certa responsabilidade na vida, mas a chave muda quando se trata de uma criança. João nasceu de um parto bem complicado e como consequência ficou em coma durante alguns dias e internado tantos outros.
Eu nunca me senti pai durante a gestação. Talvez pela idade e imaturidade, mas a verdade é que eu não tinha ideia do que estava por vir. Durante o parto, depois de minutos de silêncio, após ele nascer sem oxigenação e lutar pela vida com muito esforço, ele conseguiu respirar e deu um choro curto e alto. Esse choro foi uma “súplica”, soou como um aviso e um pedido: “pai, eu tô vivo. Sou forte e vou lutar muito pra ficar com você. Não desiste de mim!”.
Soube nesse momento que eu seria protagonista na vida dele. Desde que ele foi pra casa, sempre fiz tudo que um bebê exige. Nunca parei para refletir no contexto cultural que crescemos de que quem é responsável por todos os afazeres é a mãe. Essa reflexão viria anos mais tarde.
Depois que o João fez um ano, passei a cria-lo sozinho e, com uma rotina pesada de consultas e exames decorrentes do parto, vivi ainda mais intensamente essa paternidade. Marcelo nasceu em setembro de 2017 e ao final do ano passei a trabalhar em casa em tempo integral. Poucos têm essa possibilidade e me sinto privilegiado.
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