Independente da criação que você teve, nenhuma mãe quer ver o filho crescer e se transformar em um adolescente sem modos que responde: “quê?”, a qualquer pergunta que um adulto direcione a ele. Ele não precisa ter as maneiras de quem se comporta na frente da Rainha da Inglaterra, mas dizer: “por favor”, “obrigado” e “com licença”, é importante.
Por mais que seu filho seja pequeno e tenha dias mais difíceis do que outros, há, segundo especialistas, algumas pequenas coisas que podemos fazer no nosso cotidiano para começar a ensinar à nossa criança boas maneiras, deixando de lado aulas de etiqueta.
Se você está tendo dificuldade para ensinar boas maneiras ao seu filho (ou se você está exausto demais para começar), a Parents separou algumas técnicas simples que te ajudarão a tornar as boas maneiras uma parte da vida cotidiana, ao invés de um plano fora de mão que será postergado eternamente.
1. Comece simples e comece logo
Ensinar um bebê de 2 semanas a dizer “por favor” obviamente não rola, mas nunca é muito cedo para praticar boas maneiras na frente de bebês e crianças pequenas. “Comece enquanto eles são jovens”, aconselha Elaine Swann, especialista em etiqueta e autora de ‘Let Crazy Be Crazy’ – em português, Deixe os loucos serem loucos.
Quando as crianças começam a falar, palavras educadas devem fazer parte do vocabulário aprendido. Simplesmente acrescentar um “obrigado” ou “por favor” naturalmente ao longo do dia pode ajudar muito. “Alguns pais presumem que as boas maneiras são muito formais”, diz Sheryl Eberly, palestrante e autora. “Isso é um erro – na verdade, essa é uma pequena maneira de fazer com que a criança reconheça boas maneiras e mostre respeito”, diz.
2. Seja consistente
Assim como a maioria das coisas que você está tentando ensinar ao seu filho, como: usar o penico e não desenhar nas paredes, é importante manter a consistência nas boas maneiras também. Não se culpe se não se lembrar de elogiar todas as vezes que ele diz “com licença”, mas lembre-se que se você transformar as boas maneiras em um evento raro, é menos provável que eles persistam.
Swann sugere implementar “sete minutos de boas maneiras” por dia com crianças mais velhas e ajustar isso para “dois ou três minutos para crianças pequenas”. Reserve esse tempo para sentar e se concentrar em uma coisa, como sempre dizer ‘saúde’ depois de um espirro. Essas aulas ajudaram as boas maneiras a se tornarem parte da rotina e os ajudará a absorver o que você está ensinando. “Não espere apenas pelos momentos importantes”, diz Swann. “Quando eles são pequenos, a capacidade de atenção e vocabulário são limitados, então seja consistente”, explica.
3. Seja o modelo de boas maneiras dentro e fora de casa
Se você está tentando ensinar seu filho a se comportar de maneira gentil, não ajudará se você não repetir esse comportamento diariamente. As crianças assistem e absorvem muito mais do que imaginamos. Os especialistas alertam para o modo que você se relaciona com todos, sejam eles seus parceiros, os caixas do supermercado ou as pessoas por quem passa na rua.
Você não precisa andar por aí sendo completamente altruísta e sacrificando sua própria sanidade e tempo para modelar um comportamento perfeito 365 dias por ano, mas alguns casos podem ser muito úteis. Você pode fazer isso dando a alguém uma vaga para estacionar quando seu filho estiver com você ou permitindo que alguém vá antes de você na fila.
Claire Lerner, especialista em desenvolvimento infantil e parentalidade e fundadora da Lerner Child Development – um centro de desenvolvimento infantil -, diz que a modelagem “deve ser uma mensagem fortalecedora, e que está totalmente sob seu controle”. Não é algo que você está forçando uma criança fazer – você está apenas agindo de uma maneira que ela pode e deve imitar.
4. Entre no personagem
A representação de papéis é outro ótimo método quando se trata de ensinar boas maneiras aos pequenos. A maioria das crianças, especialmente se forem mais sensíveis, podem se beneficiar com uma pequena brincadeira de faz de conta.
Digamos que seu filho ganhe um presente da avó e o jogue no chão porque, de repente, ele não gosta muito de Legos. “Você não quer ensinar uma criança a conter sua reação natural e não se expressar”, diz Robyn Koslowitz, Ph.D., psicóloga clínica e fundadora do Targeted Parenting Institute – um instituto voltado para o desenvolvimento e parentalidade. Em vez de forçar uma criança a dizer que ama o presente mesmo ela não gostando, a especialista sugere que ela agradeça o presente à avó. Esse comportamento mostra bondade sem fazer com que a criança sinta que tem que mentir.
A brincadeira antes do seu filho ir para uma festa ou um novo ambiente também pode ajudá-la a antecipar coisas que ela pode encontrar lá e lhe dar ferramentas e opções para ‘usar’ no momento. “Quando eles não têm ferramentas é quando as coisas dão errado”, diz Lerner.
5. Ensine o conceito de bondade
A abordagem do Dr. Koslowitz para ensinar o conceito de bondade vem em grande parte da ideia de falar sobre pensamentos confortáveis e desconfortáveis e discutir com as crianças sobre como as suas ações fazem os outros se sentirem. “Quanto mais educado você for, mais confortável estará deixando as pessoas”, diz ela.
Se você dedicar algum tempo para ensinar seus filhos a usar as boas maneiras a partir dessa perspectiva, eles terão maior probabilidade de compreender e responder. É menos um comando e mais um sistema de valores. “Vejo que os pais têm problemas ao ensinar boas maneiras e se torna uma luta pelo poder”, diz Lerner.
Deixe seus filhos saberem como as pessoas se sentem bem quando elas são gentis com os outros e usam boas maneiras. Ajude-os a entender as razões pelas quais esse tipo de comportamento é importante. Claro, elas ainda terão momentos de birra e crises de choro, mas liderar com gentileza os ajuda a desenvolver uma melhor compreensão do porquê as boas maneiras são importantes.
6. Os dê opções ao seu filho
Digamos que seu filho te interrompa constantemente quando você está ao telefone ou conversando com outro adulto. Você poderia apenas dizer: “É feio interromper”, ou “estou falando com meu amigo agora”, mas quando isso impediu uma criança de implorar por sua atenção? Ajuda se, em vez disso, você disser algo como: “Eu sei que você quer falar comigo, mas estou conversando com um amigo, então você pode esperar até eu terminar ou pode aproveitar esse tempo para olhar este livro até eu terminar”.
As escolhas fazem com que as crianças sintam que estão assumindo responsabilidades e tendo algum tipo de controle. “Acalma o sistema nervoso ter suas emoções reconhecidas. Se você ficar nervoso, estará incentivando uma briga”, explica Lerner. De novo, faz parte do ser humano perder a calma ocasionalmente, mas reconhecer as emoções de seu filho e dar escolhas a ele vai ajudar vocês dois.
Outro caso em que as escolhas podem ser úteis é se seu filho demora um pouco para ser carinhoso com as pessoas. Em vez de mandá-los abraçar a tia ou um amigo, você pode dizer: “Se não quiser dar um abraço neles, você gostaria de fazer um desenho para eles ou escolher um livro que eles possam ler para você?”. A escolha dá autonomia, e você também não os força a fazer algo que possa incomodá-lo – tudo em nome dos bons modos!
7. Crie um ambiente seguro
Um possível erro que você pode cometer ao ensinar boas maneiras é repreender ou corrigir seu filho em público ou na frente de outras pessoas. “Evite envergonha-lo”, diz Lerner. “Essa é apenas uma emoção tóxica que ‘fecha’ as pessoas, especialmente as crianças. Não é motivador, é paralisante”, conclui.
O Dr. Koslowitz diz que você pode pedir desculpas pelo seu filho a outro adulto e, mais tarde, em casa ou em um local seguro, explicar a ele porquê o comportamento pode ter sido indelicado ou ter deixado outra pessoa triste. Além disso, deixe seu filho saber que você, como pai ou mãe, nunca vai julga-lo, assim eles estarão mais propensos a se abrirem para o que você está explicando.
8. E o que isso tudo quer dizer…
Por mais difícil que seja manter a calma quando seu filho está sendo rude (ou, vamos encarar os fatos, apenas uma criança rebelde), lembrar de usar essas técnicas vai te ajudar a ensinar a ele boas maneiras de uma forma que, provavelmente, elas vão se tornar parte do sistema de à medida que seu filho cresce. “Nunca perca de vista o fato de que isso é para o longo prazo”, diz Eberly.