No mês de maio inicia mais uma campanha de conscientização no Brasil. O Maio Laranja, uma campanha nacional que coloca os holofotes sobre a luta contra a violência sexual infantil. O ChildFund Brasil, uma das principais organizações de defesa dos direitos das crianças no país, reforça o sinal de alerta para os perigos que rondam a internet e os adolescentes que nela navegam.
Criança segura, futuro garantido
Sob o lema “Criança segura, futuro garantido”, o ChildFund Brasil quer que pais, responsáveis e toda a sociedade fiquem atentos aos riscos do mundo virtual. Afinal, de acordo com o Censo 2022, quase 50 milhões de brasileiros têm até 19 anos. E, pasme: um em cada três já sofreu alguma forma de agressão na internet. Esses dados apareceram na primeira parte do estudo conduzido pela entidade, que investigou os riscos digitais enfrentados pelos adolescentes.

Agora, vem aí a segunda etapa da pesquisa, marcada para ser divulgada no próximo dia 15 de maio, às 19h, direto da Assembleia Legislativa de São Paulo, com transmissão ao vivo para quem quiser acompanhar de casa.
Um retrato da violência digital
Os primeiros dados do levantamento já acenderam um alerta vermelho: cerca de 12% dos adolescentes entrevistados afirmaram ter sido vítimas de duas ou mais formas de violência digital, algumas sem nem mesmo conhecerem quem estava por trás da tela.
Os números da ONG SaferNet também ajudam a entender o tamanho do problema. Só em 2024, foram mais de 53 mil denúncias relacionadas a abuso e exploração sexual infantil online. Apesar da leve queda em relação ao ano anterior, o grau de violência aumentou, tornando o problema ainda mais delicado.
O papel do Maio Laranja
A campanha do Maio Laranja foi oficializada pela Lei Federal 14.432/2022, fruto do esforço de entidades como o próprio ChildFund Brasil. Em sua terceira edição, a iniciativa reforça a necessidade de ações coletivas para garantir um ambiente mais seguro para os jovens brasileiros.
E isso vai além da criação de leis: é uma missão de todos. Como destaca o diretor nacional do ChildFund Brasil, Mauricio Cunha: “O grande problema do acesso ao ambiente digital é a falta de supervisão. A tecnologia pode ensinar muito, mas é preciso que haja sempre um adulto por perto.”
A tecnologia pode ser aliada, se for com supervisão
Hoje, tablets e celulares são quase uma extensão do corpo dos jovens. Se por um lado eles são ferramentas incríveis de aprendizado e entretenimento, por outro, também podem ser portas de entrada para situações perigosas. Controle parental e conversas francas são os principais escudos. Mauricio reforça: “Há ferramentas que ajudam pais de crianças pequenas e adolescentes. Mas nada substitui o olhar atento e o diálogo.”
Entre os riscos apontados, não estão apenas os contatos suspeitos. O excesso de tela pode afetar o desenvolvimento cognitivo e emocional, e entre os adolescentes, as conversas com desconhecidos e a exposição a conteúdos impróprios se destacam como os grandes perigos.

Comportamento digital: o que os dados mostram
A pesquisa do ChildFund Brasil mergulhou fundo no comportamento online dos adolescentes. Descobriu, por exemplo, que eles passam em média quatro horas por dia conectados, e isso fora o tempo dedicado aos estudos.
O estudo ouviu mais de 8 mil estudantes, em sua maioria da rede pública do Nordeste e Sudeste. E revelou um dado preocupante: 20% dos jovens admitiram ter conversado com pessoas suspeitas na internet.
Aplicativos como WhatsApp e Telegram aparecem em mais da metade dos relatos de casos com envolvimento direto entre vítima e agressor. Esses dados ajudam a entender onde estão os pontos mais vulneráveis e como agir. Mauricio Cunha conclui: “Nossa ideia é usar esse estudo como base para ajudar pais, educadores e também os legisladores a desenvolverem políticas públicas e ações mais eficazes.”