Uma pesquisa realizada pela UNICEF afirma que famílias que moram com crianças e adolescentes foram as mais impactadas pelo Covid-19 no Brasil. Os dados divulgados nesta terça-feira, 25 de agosto, mostram que casas com menores de 18 anos ficaram mais sujeitas a diminuição de renda e insegurança alimentar, ou seja, risco de passar fome. A pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes foi feita em todo o país, pelo Ibope.
“Embora crianças e adolescentes não sejam os mais afetados diretamente pela Covid-19, a pesquisa deixa claro que eles são as grandes vítimas ocultas da pandemia. Suas famílias tiveram as maiores reduções de renda, a qualidade da alimentação que recebem piorou, e muitos de seus direitos estão em risco. É fundamental entender esses impactos e priorizar os direitos de crianças e adolescentes na resposta à pandemia“, afirma a representante adjunta do UNICEF no Brasil, Paola Babos.
Os dados também mostraram que a maior parte das crianças e adolescentes – 91% – teve acesso as aulas remotas durante a pandemia, seja em escolas particulares ou em escolas públicas. Os 9% que não tiveram acesso a educação deixaram claro a exclusão de parte dos brasileiros. “Os resultados deixam claro que o acesso a direitos ocorre de forma desigual no Brasil. Com a pandemia, as disparidades podem se agravar, impactando fortemente quem já estava em situação de vulnerabilidade”, afirma Paola.
Veja os principais pontos da pesquisa:
Renda familiar
Das famílias com crianças e adolescentes, 63% afirma que a renda diminuiu durante a pandemia. O número é bem maior do que a média geral do país: 55%.
Segurança alimentar
Quase metade dos brasileiros, 49%, afirmam ter mudado os hábitos alimentares durante a pandemia do coronavírus. Entre as famílias com crianças e adolescentes, o impacto foi de 58%. Segundo a pesquisa, 31% dessas famílias passaram a consumir mais alimentos industrializados, enquanto em outros grupos esse aumento no consumo foi de 18%
Direito à educação
Durante a pandemia, a pesquisa estima que 44 milhões de crianças foram afastadas das salas de aula. Quase 91% dos brasileiros entre 4 e 17 anos acompanham as atividades remotas, 89% em escolas públicas e 94% em escolas particulares.