Ingrid Guimarães, atriz, humorista e mãe de Clara, de 11 anos, sempre tentou equilibrar os pratos da maternidade e do trabalho. Em entrevista à Época, ela contou que seu principal ponto de reflexão durante a quarentena foi saber se estava aproveitando de verdade o tempo ao lado da filha – coisa que, antes, ela também questionava, mas por passar muito tempo fora de casa trabalhando.
Ela passou a se questionar quando precisou ficar dentro de casa por causa do isolamento social e viu sua filha crescendo e amadurecendo. Entrando na onda, a atriz estreia um programa no GNT chamado “Modo Mãe”, no qual conversa com mulheres que amam o trabalho delas e equilibram as demandas profissionais com a maternidade.
Com o lançamento previsto para o próximo dia 6 de maio, quinta-feira, o programa conta com 4 episódios que farão uma homenagem ao Dia das Mães. Além de conversar com mulheres famosas da TV brasileira, como Glória Pires e Fátima Bernardes, Ingrid também vai entrevistar anônimas: uma aeromoça, uma caminhoneira, uma instrutora de parapente e uma delegada
Maternidade x carreira
“Sempre fui workaholic e tive muita ajuda. Sou aquela mãe privilegiada, com marido, mãe, irmãs e funcionários. De repente, o trabalho se misturou à maternidade”, ela contou, explicando de onde veio a inspiração de juntar maternidade e TV em seu próximo programa. Mas, com as demandas profissionais, vieram também os questionamentos sobre o tempo que passou – e deixou de estar – perto da filha. “Passei a me questionar: será que aproveitei? Onde eu estava quando ela andou? A pandemia revisitou lugares de valores essenciais para a gente, começamos a ter tempo de olhar para trás e pensar ‘será que trabalhei demais?’”, conta.

Ingrid explicou que essas perguntas trouxeram muita culpa. “Pensava: ‘preciso tirar ela do celular para fazer coisas junto, daqui a pouco ela vira uma mulher’”. Atriz também contou que, quando conseguiu seu primeiro papel como protagonista em um filme, De Pernas Para o Ar, ela engravidou logo em seguida e que gravou cenas de novelas até os 8 meses de gestação.
“Era o sonho da minha vida fazer cinema, ainda mais aquele filme, com aquela mulher com a qual me identificava. Ao mesmo tempo, tinha esperado 36 anos para ser mãe, o que fui mais tarde por causa do trabalho. Tinha culpa por torcer para o filme e a novela darem certo. Porque achava que aquilo poderia querer dizer que eu não queria aquela criança. A culpa já começou ali”, explicou ao portal.
O apoio da equipe de “De Pernas Para o Ar” fez toda a diferença para que Ingrid pudesse vivenciar trabalho e maternidade. “Mariza Leão [produtora] me esperou parir e fez um set para minha filha de 3 meses. Eu levava a bebê, a babá, minha mãe e amamentava de três em três horas. Como o set é muito masculino, os homens ficavam meio “Pô, vai parar?”, lembrou.
Perdas gestacionais
Mesmo que a vida de Ingrid fosse rodeada de comédia, ela passou por situações difíceis e tristes – todas também relacionadas à maternidade e trabalho. A atriz revelou que ao longo da carreira dela, ela tentou engravidar diversas vezes e todas as tentativas foram frustradas.
“Na maioria das vezes que engravidei depois e perdi, eu estava filmando. Tinha uma cena importante para fazer, chorava de manhã e à tarde tinha de filmar comédia. Não queria que as pessoas soubessem. Fiz filmes grávida que ninguém soube, perdia o neném no meio. Não sabiam que, naquele momento da filmagem, eu tinha acabado de perder”, desabafou.