De um momento complicado, se fez uma história diferente. A mãe, Julie Devaney Hogan, teve um diagnóstico de câncer de mama em estágio 3 e após descobrir a doença, perguntou para os médicos como que poderia contar para os filhos. No entanto, a resposta dela surgiu de outro lugar, sem nenhuma ligação com os médicos. Ela deu entrevista para o portal Today e relatou como que mudou a situação.
Ela contou que recebeu inúmeras respostas, dentre elas: “Depende”, “Não tem resposta certa ou errada”, “Você vai saber porque você é mãe”. Após o diagnóstico no final do ano passado, ela pesquisou formas de como falar com os filhos e as respostas também não foram tão favoráveis, como “Não use a palavra ‘C’ grande” e “Prepare-os para todas as possibilidades”.
“Comprei todos os livros, li todos os panfletos cheios de jargões, mas não conseguia me ver em nada disso. ‘Mamãe vai ficar doente’; ‘Mamãe vai ficar careca’; ‘Mamãe não será a mesma por um tempo’. Por um minuto, eu me perguntei se eu estava em negação. Não me imaginava uma figura frágil, pálida e acamada ilustrada nos livros que eu deveria mostrar aos meus filhos”, relatou ela.
No entanto, ela disse que percebeu que não havia um manual e com mais pessoas descobrindo, existia o questionamento de que se ela já tinha contado para as crianças. Então, ela começou a juntar todas as informações, juntando verdade e autenticidade para ser uma conversa leve. “Fiquei preocupada que as palavras erradas pudessem expor a instantaneamente a inocência de suas almas, catapultando-os imediatamente das crianças ingênuas que deveriam ser aos 3, 6 e 8 anos, para pessoas pequenas com corações pesados, sobrecarregados e assustados”, contou Julie.
Ela disse que chegou a conclusão que essa era a luta da vida dela e que contaria para os filhos do jeito dela. Em primeiro momento, ela conversou com o marido e fizeram uma lista do que não queriam: a primeira era que não queriam que parecesse um filme de TV ruim, não queriam que fosse uma conversa sobre a mãe estar doente e que também não queriam segredos, nem pânico.
“Em nossa casa, falamos que ‘segredos deixam você doente’, então concordamos em contar a eles toda a história de uma forma que eles entendessem”, contou ela. A mãe falou que ela e o pai foram criativos, afinal, palavras como “câncer”, “quimioterapia” “radiação”, eram muito pesadas.
Então, a mulher contou que trabalhou com marketing e tecnologia e que a linguagem do amor dela são slides. Ela encontrou um modelo de slides e começou a trabalhar na apresentação mais importante da vida dela, segundo o relato. “Decidi personificar minha doença e resumir uma história para meus filhos. Demos o nome de Barb, o tumor em forma de barra no meu seio. Barb era a vilã e precisava ir embora”, contou.
Ela seguiu contando que o nome do remédio dela seria Margot, a super-heroína. E em um sábado de manhã, decidiram ter a conversa. Na apresentação, a família decidiu não colocar ‘câncer’ e ‘morte’. Após a apresentação, o filho de 8 anos perguntou se ela estava com câncer, e a mãe disse que sim. No entanto, o filho surpreendeu a mãe perguntando se poderiam guardar barb em uma jarra.
No entanto, na semana passada a mulher realizou uma mastectomia dupla e no relato, conta que falou para o filho que ‘barb estava detonando e que a maioria dela já se foi’. “Vou começar com quimioterapia de baixa dose e radioterapia como uma ‘apólice de seguro’ para garantir que nada volte. Dissemos aos nossos filhos: ‘Barb se foi – agora vamos queimar a casa dela para que ela não possa voltar’”, seguiu a mãe.
Por fim, ela contou que uma pergunta que os filhos não fizeram era se ela [a mãe] poderia ter morrido. Durante o tratamento, Julie confessou que essa é uma pergunta que ela tem medo que eles façam, mesmo que o prognóstico dela continue curável. “Não quero que meus filhos carreguem isso e também não quero mentir para eles. Minha resposta planejada é: ‘Não pretendo’. E essa é a verdade autêntica”, finalizou a mulher.