
A médica Scilla Lazzarotto, de 46 anos, passou por uma situação absurda enquanto trabalhava. Ela precisou denunciar o marido de uma paciente, que começou a agredi-la enquanto ela realizava um parto no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Em entrevista ao portal G1, ela contou que estava fazendo o atendimento quando foi surpreendida por chutes e socos.
Ela relatou que a paciente deu entrada no hospital na madrugada da sexta-feira, 29 de março, e que a expectativa era fazer um parto normal. O médico que estava trabalhando junto com Scilla fez o primeiro atendimento e contou que o marido da paciente estava bem nervoso e tinha se demonstrado agressivo.
Esse médico foi a uma outra sala realizar uma cesariana, enquanto isso, Scilla permaneceu examinando as demais mulheres. Como não havia nenhuma urgência, segundo a médica, ela deixou uma colega monitorando as pacientes e foi repassar os casos com os médicos residentes, já que ela é a orientadora do setor.
No entanto, cerca de 30 minutos depois, uma enfermeira foi até a obstetra reclamar que o homem estava gritando de modo bastante agressivo na sala de partos. “Tenho 22 anos de obstetrícia, já fiz mais de 10 mil partos. Pedi calma para ele, falei que o filho estava para nascer, que dava para ver os cabelinhos. Só esperava que descesse mais um pouco”, contou ela ao G1.
A médica contou que colocou a paciente em posição de quatro apoios e ficou monitorando o coração do bebê. Como a mãe reclamava de dores, trocou a posição e o marido sentou-se atrás dela. Scilla contou, então, que eles poderiam esperar até 3 horas, mas que em 1 hora voltaria para reexaminar a paciente e realizar o parto.
Porém, como a mulher estava com muitas dores, a obstetra sugeriu falar com o anestesista e fazer uma cesárea. Neste momento, segundo Scilla, o homem recomeçou a ofendê-la. “Começou a me chamar de nomes, que eu era uma torturadora, que tinha deixado ela sofrer. Eu disse que tinha que priorizar o atendimento à mulher, que ele não poderia gritar daquela forma. Quando estava saindo da sala, ele botou a mão na capanga e disse: ‘Eu tenho um 38 e um 42, vou te dar um tiro e vou te matar. Tu não vai sair viva daqui’”, relatou.
Ela disse que ficou apavorada mas que ignorou a ameaça e deixou o local para providenciar o atendimento à esposa e ao filho dele. Ao sair da sala, no entanto, o homem partiu para a agressão. “Quando estava saindo, ele deu uma voadora nas minhas costas. Voei 1 metro em cima de uma pia de ferro, cortei o braço, ele pegou meus cabelos e deu uns cinco socos na nuca, que desmaiei. Bati com a cabeça no marco da porta”.
Scilla falou que ficou desacordada por alguns instantes e mais tarde descobriu que alguns residentes tentaram segurar o rapaz. O homem, no entanto, fez uma ligação e fugiu do local. Devido à situação, outro médico assumiu o parto e tanto a mãe quanto a criança passam bem.
A obstetra fez um boletim de ocorrência e a investigação seguirá com a titular da Delegacia da Mulher, Márcia Chiviacowsky. O agressor ainda não foi localizado. Em nota publicada pela Globo, o Hospital Escola lamentou e repudiou o ocorrido. “Eu estou em estado de choque. O que mais amo é obstetrícia. Só isso que quero: justiça e segurança pra trabalhar.”, finaliza.
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