É confuso, mas há dias em que um pai precisa voltar a ser filho. Rever a mesma história de ponta-cabeça. Calçar os calçados de seu pai e mais: neste sentir o outro, extrapolar os julgamentos e mágoas do passado para poder seguir em frente.
Certa vez, li uma pesquisa, não lembro onde, e tanto faz. Mesmo que eu tivesse inventado este dado, ainda assim faria sentido. Nessa pesquisa, uma frase era recorrente em velórios. Muitos filhos, ao se despedirem de seus pais, diziam a mesma coisa. “Queria que ele tivesse tido orgulho de mim”. O que estes filhos não sabiam é que muitos pais que estão sendo velados carregam um segredo irreparável. O amor e o orgulho que sentiam por seus filhos. E que nunca colocaram para fora.
Por isso, cá estamos nesta conversa. Quanto tempo se perde em uma relação entre pais e filhos? Haverá uma contabilização de afetos não trocados? Alguém aqui está anotando os abraços que não deu ou as vezes em que não disse “eu te amo”? Sabe-se a profundidade da ferida causada pela distância entre um pai e um filho? Talvez nos assustássemos se estes resultados viessem à tona.
Outro provérbio, este de autor sabido, Confúcio, diz: “Todos nós temos duas vidas, a segunda começa quando você percebe que só tem uma”. E nossa conversa de hoje tem esta pretensão. A de nos fazer pensar o quanto precisamos iniciar a vida da abundância! Uma em que abraços, olhares carinhosos, compreensão, diálogo e amor transbordem.
Que se inicie a vida em que não levaremos segredos para o túmulo. Em que todo orgulho e admiração que temos por nossos filhos será óbvio. Dito e repetido. Uma segunda chance para quem ainda não vive assim. É só o que eu peço.
Eu tive a oportunidade de viver um reencontro com meu pai. Quando disse o quanto o amava, e cai em seu colo chorando copiosamente como quem pergunta porque levamos tanto tempo para esse abraço, afinal? Foi assim que ele morreu sem segredos entre nós.
Meus filhos não podem imaginar o quanto dessa história há por trás de cada passeio nosso. Toda vez que jogamos bola, brigamos pelo dever de casa ou damos risada em frente à TV, sinto a presença de meu pai como no dia do nosso abraço tardio, como se estivesse aqui para me lembrar que a vida deve ser vivida agora. No instante presente. E que a última coisa que podemos fazer é guardar segredo do que se passa em nosso coração de pai.
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