A ligação entre mãe e filho dentro da barriga. A placenta é essencial para que a gravidez corra bem e o bebê venha ao mundo com saúde. Ela cuida das trocas de oxigênio e sangue entre mãe e feto, carrega anticorpos e retira as impurezas do sangue, por exemplo. A placenta é fundamental para o desenvolvimento do bebê, mas pode sofrer alterações indesejadas durante a gestação, trazendo riscos e complicações para a mãe e filho. A questão é que a falta de informação causa receio e insegurança nas mães. Por isso, separamos (e respondemos) as dúvidas mais comuns e tudo o que você precisa saber sobre a placenta para garantir a saúde do seu bebê:
O que é a placenta?
A placenta é um anexo embrionário responsável pelas trocas de nutrientes e gases entre a mãe e a criança, atuando como um filtro para diversas substâncias, além de produzir hormônios responsáveis pela manutenção da gestação. Ou seja, é ela que mantém o nosso bebê vivo e saudável dentro da gente. É a glândula que faz a função de órgãos como rim, pulmão e fígado. Depois da formação da placenta, por volta da 13ª semana de gestação, ela se fixa no endométrio, membrana que cobre a parede uterina.
Quais as principais funções da placenta?
- Fornecer nutrientes e oxigênio para o bebê
- Estimular a produção de hormônios essenciais para a gestação
- Proteger o bebê contra impactos na barriga da mãe
- Fornecer proteção imunológica ao bebê
- Eliminar resíduos produzidos pelo bebê, como a urina
Como a placenta é formada?
É formada por células tanto do útero quanto do bebê. O crescimento da placenta é rápido e por volta das 16 semanas de gestação, tem o mesmo tamanho que o feto. No final da gravidez, o bebê já está cerca de 6 vezes mais pesado que a placenta. A placenta é eliminada no momento do parto, seja cesárea ou natural. Durante o parto normal, a placenta sai espontaneamente após 4 a 5 contrações uterinas, que são bem menos dolorosas que as contrações uterinas que acontecem durante a saída do bebê.
Quais são as principais complicações da placenta?
A placenta pode passar por alguns problemas durante a gestação e entre os mais comuns está a sua localização considerada baixa dentro do útero (placenta prévia) ou profunda demais na musculatura (placenta acreta), além da falência placentária, fenômeno no qual o bebê não recebe a quantidade necessária de nutrientes pela placenta e o acompanhamento médico precisa ser ainda mais rigoroso. Infecções, calcificações e descolamentos também podem ocorrer.
Há complicações placentárias que podem vir de doenças crônicas como hipertensão e diabetes ou de doenças características da gravidez como o diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia (quadro de hipertensão). O cigarro pode prejudicar sua qualidade. A parede uterina da fumante tem maior tendência à calcificação. Quando a placenta falha em nutrir o bebê, verifica-se a insuficiência placentária e, consequentemente, restrição do crescimento, prematuridade e até a morte. Por isso é fundamental fazer o pré-natal, não fumar, não descuidar da alimentação e relatar ao médico imediatamente sangramentos e cólicas. Conheça alguns distúrbios placentários:
Placenta prévia
Fixa-se na parte inferior do útero, onde o volume de sangue é menor, fazendo o crescimento do bebê estacionar. Cobre parcial ou totalmente o colo do útero, dificultando ou impossibilitando o parto normal.
- Grupo de risco: Uma ou mais cesáreas, gravidez gemelar ou mioma.
- Quando se manifesta? Geralmente no último trimestre, por volta da 28ª semana.
- Diagnóstico: Através do ultrassom. Um dos sintomas é o sangramento vaginal, que ocorre sem cólica.
Placenta acreta ou acretismo
A placenta se fixa bem até demais no útero e nos órgãos ao redor e torna a remoção na hora do parto complicada, com uma hemorragia difícil de estancar. Quanto maior o número de cesáreas, maior a chance. Se a mulher já passou por uma, a probabilidade é de 25%; para duas, as chances aumentam para 50% e, para três, sobem para 80%.
- Grupo de risco: Cesárea menos de um ano antes da fixação do novo embrião ou quem teve placenta prévia.
- Quando se manifesta? No momento de retirada da placenta, após o parto.
- Diagnóstico: Através do ultrassom com Doppler para identificar fluxo sanguíneo.
Descolamento de placenta
A placenta é separada parcial ou totalmente da parede uterina.
- Grupo de risco: Fumantes, mulheres com pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou hipertensão. Ou ainda, no caso de choque abdominal ou quedas.
- Quando se manifesta? A partir da 20ª semana de gestação. Em 80% dos casos há cólica e sangramento vaginal.
- Diagnóstico: Exame clínico com ultrassom. Se o quadro for assintomático e o descolamento não for detectado a tempo, o bebê pode morrer.
Placenta calcificada ou envelhecida
É um processo natural, relacionado com o grau de desenvolvimento da placenta. Essa alteração só se torna um problema caso a placenta seja classificada de grau III antes das 34 semanas de gestação, já que pode causar diminuição do ritmo de crescimento do feto. Em geral, a mulher não apresenta sintomas e esse problema é identificado pelo médico nas ultrassonografias de rotina.
Rotura ou ruptura uterina
É o rompimento da musculatura uterina durante a gravidez ou o parto, podendo causar parto prematuro e morte materna ou fetal. A rotura uterina é uma complicação rara, tratada com cirurgia durante o parto, e seus sintomas são dor intensa, sangramento vaginal e diminuição dos batimentos cardíacos do feto.
Como evitar os problemas na placenta?
Para prevenir e identificar alterações na placenta antes do aparecimento de problemas graves, é importante seguir as consultas de rotina com o obstetra e fazer os exames de ultrassom necessários em cada etapa da gestação. Em casos de sangramento vaginal ou dor uterina intensa, procure sempre seu médico.
Quais os possíveis destinos da placenta após o parto?
A placenta é tratada, em muitos lugares, como lixo hospitalar e descartada depois do nascimento do bebê, quando é expelida. Com tantos tabus em torno desse órgão que se desenvolve apenas durante a gravidez — a placenta possui início, meio e fim — é comum que as mulheres tenham dúvidas e até mesmo estranhamento ao ouvirem falar sobre placentofagia, o ato de comer a placenta após o nascimento, comum entre os demais mamíferos. E cada vez mais famílias decidem escolher outro fim ao órgão que nutriu o seu bebê durante a gravidez.
Ingestão da placenta
A maioria das mães que comeram um pedacinho da placenta dizem que se sentiram absolutamente revigoradas após o parto. Acredita-se que o alto teor de ferro e a presença dos hormônios progesterona e ocitocina colaborem para o bem-estar da mãe, além de prevenir problemas como a depressão pós-parto e ajudar na produção de leite e recuperação do útero.
No entanto, a ingestão da placenta ainda divide médicos e especialistas, portanto é preciso alguns cuidados antes de tomar a decisão: “Não há benefícios comprovados e é necessário uma análise da placenta para verificar a existência de doenças”, reforça o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, diretor clínico da Clínica Mãe, filho de Marilene e José. Apesar da ausência de evidências científicas, há quem defenda a placentofagia por motivos que vão além da medicina: “A mulher é a protagonista do seu parto e a equipe está ali para auxiliá-la e respeitar ao máximo suas escolhas e isso não é diferente com relação ao pós-parto e a placenta”, afirma a obstetra Thalita Vital, da clínica Tia Cegonha, filha de Elília e Roberto.
Outros destinos
Existem laboratórios que encapsulam a placenta para ser tomada como um remédio. Em outros casos, ela é plantada e fica conhecida como “árvore da vida”, que muitas mães acreditam funcionar como uma proteção espiritual para a criança. Há também o “carimbo”, quando a placenta é colocada sobre um papel e forma um desenho que pode ser guardado como recordação.
Como é a relação dos animais com a placenta?
Na natureza, todos os mamíferos tem o instinto de comer a placenta após o nascimento dos filhotes e um dos motivos para que isso aconteça é a intenção de não deixar rastros que possam atrair predadores. Quem já viu uma ninhada de cachorros ou gatos nascendo, já presenciou esse momento. Curiosidade: os cangurus e dos ornitorrincos são os únicos mamíferos que não comem a placenta, porque a bolsa desses animais é externa.
“Os animais ingerem a membrana amniótica e depois a placenta para limpar o filhote e o local do parto, além de repor as perdas nutricionais”, explica a bióloga Carla Debelak, mãe de Catherine e Beatriz. Para ela, uma gestação que segue orientações médicas e conta com uma dieta equilibrada e a ingestão de vitaminas torna a placentofagia um ato desnecessário para humanos, uma vez que o corpo da mulher está bem nutrido.