Você conhece alguma menina que não consegue se encaixar nos grupos sociais, que se desregula emocionalmente com estímulos peculiares ou parece tímida demais? Fique atento, pois podem ser sintomas de autismo! O autismo em meninas, estatisticamente, é menos comum. Dados apontam que os meninos são de 4 a 5 vezes mais diagnosticados com o transtorno. Porém, os últimos artigos têm trazido a discussão: será que o transtorno é menos frequente em meninas ou elas conseguem camuflar melhor os sinais e acabam sendo subdiagnosticadas?

Essa discussão começa com os próprios critérios diagnósticos. Os sintomas foram definidos a partir da observação de sinais de TEA em meninos, uma vez que apresentam comportamentos mais intensos e evidentes. Em meninas os indicativos são diferentes. Com isso, quando comparamos o comportamento delas com o que consideramos características base do espectro, as hipóteses de autismo podem ser descartadas erroneamente.
As meninas têm uma tendência a serem mais sociáveis e se forçam mais a fazer o que os outros esperam delas. Seria como se o cérebro feminino desenvolvesse uma espécie de “proteção” para os comportamentos relativos ao TEA. Elas também têm menos estereotipais, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Então, as meninas acabam recebendo diagnóstico apenas quando o autismo é mais forte ou mais evidente.
A camuflagem ou tentativa, nem sempre consciente, de desempenhar o que é esperado delas pelos pares ou grupos sociais pode ter um custo muito alto em toda a vida! Quando falamos de garotas na fase da adolescência, é alto o índice de ansiedade e depressão nesse grupo. Os sinais de autismo em meninas estão, principalmente, na dificuldade na interação e na comunicação social. Muitas vezes, tendem até a ser mais comunicativas e tentar participar das interações, mas apresentam falta de habilidades sociais. Por serem mais “quietas”, os sintomas podem ser confundidos com timidez, que é bem aceito em meninas. Outros sinais que devemos ficar de olho nelas:
- São mais inocentes, não percebem sinais sutis e duplo sentido nos diálogos;
- Algumas vezes possuem repetições e hiperfocos que se parecem com “manias”;
- Podem ter seletividade alimentar, que é muito comum nas pessoas com autismo, mas que são confundidas com transtornos alimentares.
A carência de diagnóstico em mulheres se torna ainda mais evidente com o fato de que muitas mães percebem sintomas de autismo em si mesmas depois que os filhos são diagnosticados com o transtorno. Muitas vezes elas sofreram a vida toda, percebendo que eram diferentes sem saber porque ou como poderiam se sentir melhor. Tudo devido à forma como os padrões de análise foram criados, somado ao fato dessa facilidade feminina em se integrar a grupos, mesmo sem se sentirem tão à vontade.
Por esse fato, muitas vezes essas meninas sofrem mais bullying, exclusão e até abusos nos relacionamentos. Precisamos ficar atentos a elas! O apoio e a ajuda são muito importantes para garotas, tanto com relação aos possíveis prejuízos intelectuais, motores e sociais, quanto às questões saúde mental e autoestima.