A doença de Alzheimer, um problema global que afeta milhões de pessoas, ainda não tem cura e seu diagnóstico precoce é um desafio. No entanto, pesquisadores estão explorando novas tecnologias para identificar os primeiros sinais da doença, abrindo caminho para intervenções mais eficazes.
Um estudo apresentado na 187ª Reunião da Sociedade Acústica da América, em novembro de 2024, sugere que microfones intra-auriculares, presentes em dispositivos como fones de ouvido, podem ser utilizados para monitorar e detectar indícios de Alzheimer.
A importância da detecção precoce:
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta a memória, o pensamento e o comportamento. A progressão lenta e gradual da doença dificulta o diagnóstico em seus estágios iniciais. A detecção precoce, porém, é crucial para:
- Retardar a progressão da doença: intervenções medicamentosas e terapias podem ser mais eficazes quando iniciadas nos estágios iniciais, ajudando a preservar a função cognitiva por mais tempo.
- Planejar o futuro: um diagnóstico precoce permite que o paciente e sua família se preparem para os desafios futuros, organizando cuidados, suporte familiar e questões financeiras.
- Participar de pesquisas: pacientes diagnosticados precocemente podem ter a oportunidade de participar de pesquisas clínicas, contribuindo para o desenvolvimento de novos tratamentos e buscando opções terapêuticas inovadoras.
Olhando para os olhos: movimentos sacádicos como indicadores:
Um dos primeiros sinais de declínio cognitivo e perda de controle motor em pacientes com Alzheimer pode ser observado nos movimentos sacádicos, movimentos oculares involuntários e rápidos. Pessoas com Alzheimer frequentemente apresentam sacadas mais lentas, menos precisas ou atrasadas em comparação com indivíduos saudáveis.
A análise direta dos movimentos sacádicos, no entanto, requer o uso de equipamentos de rastreamento ocular, que não são acessíveis à maioria das pessoas. Surge então a necessidade de métodos alternativos, mais acessíveis e menos invasivos.
Ouvindo os sinais: microfones intra-auriculares como ferramenta diagnóstica:
Pesquisadores da École de Technologie Supérieure e da Dartmouth University estão investigando o uso de microfones intra-auriculares para detectar sinais precoces de Alzheimer. Esses microfones, presentes em dispositivos conhecidos como “hearables”, capturam sinais fisiológicos do corpo, incluindo vibrações do tímpano causadas pelos movimentos oculares.
A pesquisa, liderada por Rachel Bouserhal e Chris Niemczak, utiliza fones de ouvido equipados com microfones para captar os sinais relacionados aos movimentos sacádicos. Através da análise desses sinais, os pesquisadores buscam identificar padrões que diferenciem indivíduos saudáveis daqueles com Alzheimer.
O futuro da detecção de Alzheimer:
A equipe de pesquisa acredita que o estudo com microfones intra-auriculares poderá levar ao desenvolvimento de dispositivos capazes de realizar monitoramento contínuo e não invasivo para Alzheimer e outras doenças neurológicas. A acessibilidade e a praticidade dos fones de ouvido, aliados à capacidade de detecção precoce, têm o potencial de revolucionar o diagnóstico e o tratamento da doença de Alzheimer.
Benefícios do uso de microfones intra-auriculares:
- Acessibilidade: dispositivos como fones de ouvido são amplamente utilizados, tornando a tecnologia mais acessível à população em geral.
- Monitoramento Contínuo: os “hearables” permitem o monitoramento constante dos sinais fisiológicos, proporcionando uma visão mais completa da saúde do paciente.
- Diagnóstico Precoce: a detecção de alterações sutis nos movimentos oculares pode indicar a presença da doença em seus estágios iniciais, permitindo intervenções mais oportunas.
- Menos invasivo: o uso de fones de ouvido é menos invasivo e mais confortável do que os métodos tradicionais de rastreamento ocular.
A pesquisa com microfones intra-auriculares demonstra o potencial da tecnologia na área da saúde, abrindo caminho para um futuro com diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficazes e melhor qualidade de vida para pacientes com Alzheimer.
Fontes: Hospital Nove de Julho; Science Daily