Se você tem uma criança pequena em casa, provavelmente também tem um verdadeiro campo de batalha de brinquedos espalhados pela sala, cozinha, quarto e até no banheiro, não é? Carrinhos, blocos de montar, bichos de pelúcia… Parece que quanto mais brinquedos, melhor. Mas e se a resposta para brincadeiras mais ricas estivesse justamente em ter menos brinquedos?
Quantos brinquedos são realmente necessários?
Uma pesquisa conduzida pela terapeuta ocupacional Dra. Alexia Metz, da Universidade de Toledo, trouxe um dado curioso: crianças precisam de muito menos brinquedos do que a gente imagina. No estudo, divulgado pelo site TODAY.com, Metz organizou uma sala cheia de brinquedos adequados para a faixa etária de 18 a 30 meses. Em um dos testes, as crianças tiveram acesso a 16 brinquedos. Em outro, apenas quatro.
O resultado? Quando havia apenas quatro brinquedos disponíveis, as crianças se engajavam por mais tempo em cada brincadeira e exploravam muito mais possibilidades. Em vez de apenas olhar rapidamente e largar o brinquedo de lado, elas sentavam, testavam botões, empilhavam peças, inventavam histórias. Ou seja, brincavam de verdade!
Mais qualidade, menos distrações
Segundo Metz, quando há uma infinidade de brinquedos à disposição, as crianças ficam tão sobrecarregadas que não conseguem focar em uma brincadeira por muito tempo. “A exploração acontece de forma tão rápida que elas não têm tempo para entender tudo o que um brinquedo pode fazer antes de partir para o próximo”, explicou a especialista ao TODAY.com.
Já em ambientes com poucos brinquedos, as crianças conseguem relaxar. Sem a tentação de ir correndo ver outra novidade, elas exploram com calma, experimentam possibilidades e, de quebra, desenvolvem mais a criatividade e a concentração.

Pense no consultório médico (ou no quarto limpo!)
Se ainda está difícil imaginar seu filho se divertindo com apenas quatro brinquedos, pare e pense: quantas vezes ele ficou entretido por horas no consultório médico com dois ou três brinquedos antigos? Ou ainda, como ele brinca intensamente depois de uma boa faxina no quarto, quando a bagunça some e sobra espaço para a imaginação?
Essa é a lógica: menos estímulo visual, mais brincadeira de qualidade.
Rotação de brinquedos: o segredo para manter o interesse
É claro que a pesquisa de Metz não significa que você precisa doar todos os brinquedos da casa. Segundo ela, o que realmente importa não é a quantidade total de brinquedos que a criança tem, mas o número de brinquedos disponíveis ao mesmo tempo.
A dica é simples: separe os brinquedos em grupos e vá revezando. Hoje entram os carrinhos e as bonecas; na próxima semana, é a vez dos blocos de montar e das massinhas de modelar. Esse sistema não apenas organiza a casa, mas também mantém o interesse da criança sempre renovado.
A tentação de acumular (e como resistir)
Metz lembra que é muito fácil acumular brinquedos sem perceber. Basta um brinde de festa de aniversário, um presentinho de parente, um mimo do dentista… De grão em grão, a casa se enche de objetos que, no fim das contas, só tumultuam o ambiente.
A dica da especialista? Reconhecer o valor momentâneo de cada brinquedo e, quando ele já tiver cumprido sua missão, doe. “Reconheça os brinquedos pelo seu valor de curto prazo e depois passe-os adiante”, diz ela.
Então, da próxima vez que você tropeçar em mais um boneco perdido no corredor, respire fundo e lembre-se: menos é mais. E, no caso da brincadeira, muito mais!