Conceber uma criança pode ser um processo imprevisível e de longa jornada emocional, mas é claro que, para casais tentantes, a última coisa que eles precisam é o consumo de falsas informações.
E particularmente sobre a infertilidade masculina, é necessário estar atento, pois muitos mitos afastam os homens de tratamentos que facilitariam a gestação.
Por exemplo, muitos homens acreditam que a infertilidade é um problema feminino. Esse mito em particular é bem antigo. A verdade, no entanto, é que cerca de 50% dos problemas de fertilidade contam com uma causa masculina única ou associada a causa feminina. Estimativas dão conta de que cerca de 10 a 15% dos homens inférteis têm uma completa falta de esperma, enquanto outros têm problemas com a quantidade, movimento ou estrutura de seus espermatozoides. Isso pode ser devido a ou agravado por problemas com ejaculação, impotência e produção de testosterona.
Outra inverdade é a de que a idade do homem não afeta a fertilidade. Embora alguns homens possam conceber quando estão na faixa dos 60 ou 70 anos, o que não é biologicamente possível para a maioria das mulheres, não há mais dúvidas de que a fertilidade masculina também diminui com a idade. Um dos maiores fatores é a redução na quantidade e qualidade do esperma em homens mais velhos. Em um estudo envolvendo homens com 55 anos ou mais, a motilidade do esperma foi 54% menor do que em homens com idade entre 30 e 35 anos. Danos ao DNA do esperma são outra consideração. Mais comum em homens mais velhos, ele reduz a chance de fertilização e aumenta as chances de abortos espontâneos. Embora menos absoluta do que no caso das mulheres, a idade do homem influencia nas chances de um casal ter um filho.

E desacredite quando falarem que o estilo de vida não tem efeito na fertilidade. Na verdade, escolhas saudáveis de vida têm um impacto enorme na fertilidade. Fumar, beber álcool e seguir uma dieta ruim são fatores que podem afetar negativamente sua fertilidade. Também podem afetar negativamente os tratamentos de reprodução assistida. Fumar, por exemplo, demonstrou causar danos ao DNA do esperma. Mas, além de parar de fumar, há várias mudanças de estilo de vida que você pode fazer para aumentar suas chances de ter filhos. Por exemplo, praticar exercícios. Pois uma rotina ativa resulta em maior qualidade do sêmen e níveis de testosterona, sendo a testosterona essencial para a produção do sêmen em primeiro lugar.
Pensando nisso, outro mito é o de que o sobrepeso não afeta a fertilidade do homem. A contagem e a morfologia dos espermatozoides – o tamanho, a estrutura e o formato do seu esperma – são afetados pelo peso do homem. Nos últimos 30 anos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a obesidade masculina em homens em idade reprodutiva quase triplicou. Essa estatística preocupante coincide com um aumento na infertilidade masculina em todo o mundo: a concentração global de espermatozoides caiu pela metade nos últimos 40 anos.
Por fim, também é mentira que homens com ausência de espermatozoides no sêmen jamais poderiam ser pais biológicos. Na verdade, homens com azoospermia, ou seja, ausência de espermatozoides no sêmen, também podem ser pais biológicos, mas para isso, é necessário recorrer a técnicas de reprodução assistida. Quando fazemos biópsia testicular, em 50% dos casos encontramos espermatozoides. A azoospermia pode ser obstrutiva ou não obstrutiva. A obstrutiva é mais comum e pode ser causada por vasectomia ou ausência dos ductos deferentes por causa genética. A não obstrutiva pode ser causada por doenças nos testículos, alterações genéticas, traumas, infecções, tumores, entre outros. Para tratar a azoospermia, é possível realizar cirurgias para obter espermatozoides dos testículos ou epidídimos, a depender de cada caso. Os espermatozoides coletados podem ser usados em técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) com a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
O ideal é sempre buscar ajuda médica especializada para um diagnóstico correto.