O momento mais marcante da vida da A’deja Rivers, uma menina de um ano, aconteceu quando ela ouviu o primeiro “eu te amo”. A’deja é surda desde o nascimento e desde então vivia em um mundo silencioso. Mas no dia 20 de junho, implantes cocleares foram ativados e a menina conseguiu ouvir a voz da mãe pela primeira vez na vida. O momento especial foi gravado e toda a família de A’deja que é de Arcadia, Flórida, EUA, estava lá para celebrar.
“Todo o amor que eu sei que ela sente, eu sei que todos nós sentimos que, graças a Deus, agora ela é capaz de nos ouvir”, disse a mãe Patricia Shaw sobre o momento. No vídeo, a menina está sentada no colo da mãe, enquanto mexe com alguns brinquedos. A mãe olha para a filha e diz ““Oi, eu te amo querida, eu te amo tanto”, que fica de olhos arregalados ao ouvir a mãe pela primeira vez. A vó de A’deja também está presente no momento e diz “A vovó ama você. Essa é a primeira vez que você pode ouvir a vovó dizer: “Eu te amo”. E ela dá um beijo na bochecha da neta.
“A emoção saiu em lágrimas”, comentou Shaw ao ABC News, “Foi incrível para todos nós”, completou sobre a experiência. A criança foi descrita como aventureira pela mãe “ela gosta de rir, de abraçar e de amar”.”Começamos a pensar que o dia estava chegando e como ele iria se sentir? E , no fim das contas, foi incrível”, disse ela. “Saber que ela me ouviu dizer ‘eu te amo’, ela sempre pode ver a minha boca se mexendo, mas a primeira vez na vida ela me ouviu dizer. Os olhos da minha filha se iluminaram, foi uma bênção completa.”
Desde que A’deja está com os implantes anda mais curiosa e aventureira do que nunca. A menina ouviu música e dançou pela primeira vez “ela quer fazer parte de tudo”, acrescentou a mãe. “Somos todos muito gratos e agradecemos a Deus todos os dias que ela tenha essa oportunidade”, acrescentou a mãe totalmente emocionada.
Como saber se seu filho tem deficiência auditiva?
A audição é um sentido muito importante e que faz toda a diferença na vida de uma criança. Afinal, é por meio dela que aprendemos a maioria das coisas. Na escola, por exemplo, a criança passa a compreender e a interagir com o seu meio através da audição — sem escutar, ela pode ter problemas de aprendizado e rendimento escolar.
Para detectar a surdez nos filhos não é tão difícil: os pais precisam se atentar aos eventuais atrasos na comunicação e em como a criança interage com os sons de todas as intensidades e, assim, investigar a audição caso necessário. Não atender ao chamado do próprio nome e não reagir a barulhos, por exemplo, são sinais que você deve ficar atento, principalmente se seu filho ainda é um bebê.
Quatro em cada mil bebês nascem com algum tipo de deficiência auditiva no Brasil. O teste da orelhinha, obrigatório por lei e que deve ser feito nas maternidades, é o primeiro passo que pode mostrar se algo não está bom. Mas como suspeitar? Quais os tratamentos disponíveis? Quais as causas? A médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne Oiticica, mãe de Pedro e Rodrigo, explica sobre deficiência auditiva em bebês e crianças. Confira:
Quando a criança ainda é um bebê, deve ser mais difícil perceber problemas auditivos. Quais sinais podem servir de alerta para os pais?
A criança que não atende ao chamado do próprio nome. Que nem sequer balbucia sílabas simples quando o esperado pela idade é que já o fizesse. Que não se assusta com sonsestridentes e não vira a atenção em direção à fonte sonora.
Algum teste que pode ser feito em casa?
A suspeita pode ser levantada caso algum desses itens acima seja percebido pelos pais ou cuidadores da criança. Por lei imposta pelo Ministério da Saúde, toda criança recém-nascida deve realizar o Teste da Orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal já nas primeiras 48 horas de vida, ou em até 28 dias após o nascimento. O objetivo é identificar precocemente se há surdez ou perda auditiva. Isso é importante porque quanto mais precoce o diagnóstico, melhor será a resposta da criança ao tratamento de reabilitação auditiva. O exame é indolor, não invasivo, realizado durante o sono do bebê pela fonoaudióloga, e dura em média entre cinco e 10 minutos.
Quando a deficiência auditiva é diagnosticada ainda bebê, é indicado que tipo de tratamento? Aparelho auditivo já pode ser usado?
Caso o bebê não passe no teste, o mesmo deve ser encaminhado para avaliação otorrinolaringológica mais ampla, e tratamento específico, que pode ser aparelho de amplificação sonora individual ou implante coclear.
A partir de qual idade é indicado o uso de aparelho auditivo?
O aparelho de amplificação sonora pode ser adaptado desde cedo, por volta dos 6 meses de idade e idealmente antes dos 2 anos de vida.
Os modelos são diferentes dependendo da idade da criança?
Existem modelos diferentes, mas o que direciona a escolha não é necessariamente a idade da criança e sim o grau de surdez ou perda auditiva.
Quais os principais problemas auditivos em crianças?
Mutação genética (surdez hereditária), malformação congênita (durante o desenvolvimento fetal), infecções durante o período gestacional (sarampo, rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose), sofrimento fetal, medicamentos, entre outros.
E na idade escolar, é comum a criança não reclamar e, mesmo assim, apresentar deficiência auditiva?
É possível que a criança não reclame. Entretanto, a escola (as professoras e coordenadoras) percebe a dificuldade e limitação de rendimento escolar. Isso costuma ser sinalizado aos pais, que devem buscar avaliação médica imediata.
Algumas deficiências auditivas, quando tratadas ainda na infância, podem ser curadas?
As deficiências auditivas podem ser adequadamente tratadas e a criança plenamente reabilitada para que seja um ouvinte normal, desde que use aparelho de amplificação sonora individual ou implante coclear, a depender do caso.
Quais as causas que podem levar a uma deficiência auditiva na infância?
As causas genéticas ou hereditárias, malformações de ouvido, além das ambientais (infecções, meningite, otites, entre outras).
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