Se você tem saúde, tem tudo. Você com certeza já ouviu essa frase e sabe como ela é verdadeira na prática. Quanto mais cedo começarmos a nos cuidar, melhor são os resultados futuros. Diante desses números, a medicina vem buscando formas de aliviar os danos causados por algumas doenças e uma delas tem tudo a ver com a maternidade.
O diabetes, é um grupo de doenças crônicas que resultam em muito açúcar no sangue e está entre as doenças que mais matam no mundo todo, segundo os dados da World Health Organization (WHO). Isso impacta diretamente a decisão de ter um filho.
Durante a gestação de uma mãe com diabetes, é complicado controlar a glicemia, outros hormônios reguladores entram na corrente sanguínea e fazem com que a glicemia descontrole – o que torna o desafio ainda maior e faz com que muitas mulheres desistam da maternidade.
Mas recentemente, a medicina genética desenvolveu um teste que possibilita prever a probabilidade de um bebê desenvolver diabetes enquanto adulto. Além do diabetes, é possível rastrear outras doenças de alta mortalidade, que são alguns tipos de câncer e as doenças cardiovasculares. E essa descoberta fará toda a diferença.
Teste PGT-P pode rastrear o diabetes
De acordo com especialistas, por meio deste exame, será possível aumentar as chances de sucesso nas gestações realizadas por Fertilização In Vitro, selecionando embriões que estejam sem fator de risco aumentado para determinadas doenças, entre elas o Diabetes tipo 1 e o Diabetes tipo 2.
“Com o sequenciamento completo dos genomas dos pais e do embrião, conseguimos avaliar a probabilidade que esse embrião na vida adulta desenvolva essas doenças”, conta Ciro Dresch Martinhago, pai de Pedro e Isadora, Médico Geneticista especialista em Genética Médica pela Sociedade Brasileira de Genética Médica.
O médico ainda explica que a técnica só é possível em FIV, isso porque, gera-se um leque de embriões para analisar os possíveis riscos. “Não há manipulação do embrião ou edição de DNA, nem nada disso. É apenas uma triagem. Tria-se cada embrião para saber a probabilidade de desenvolver uma doença”, reforça.
Ou seja, o PGT-P vem com a ideia de ajudar famílias a terem seus bebês com menor risco e a menor probabilidade possível de que os filhos tenham as doenças. Ou seja, transferindo para o útero dessa futura mãe o embrião com menor probabilidade de desenvolver diabetes.
Transforma a realidade de famílias
A genética pode transformar a realidade de muitas famílias com diabetes. É a luz no fim do túnel para as pessoas com essas doenças que muitas vezes não tinham filhos. “É um teste destinado à população que tem alto risco genético reprodutivo de ter filhos com essas doenças. Não existia essa opção antes e agora temos!”, conta o médico.
Para a jornalista Vanessa Pirolo, o diabetes que herdou da família paterna, sendo ela com Diabetes tipo 1 e o pai com Diabetes tipo 2, fez com que deixasse de lado o sonho da maternidade. Isso porque além dos riscos gestacionais, existe uma pequena possibilidade de o bebê nascer com o diabetes.
A jornalista acredita que esse teste possa ser realmente transformador para quem tem a doença, eliminando mais uma limitação que surgia para as mulheres que têm diabetes. “É bem complicado. Eu tive vontade e pensei em ter filhos, mas o diabetes contribuiu para que eu não tivesse”, conta Vanessa.
“A opção de poder fazer um teste como o PGT-P seria interessante para – se eu decidir ter um bebê – ele não tivesse risco da doença. Sei que pai e mãe com diabetes tem 8% de probabilidade de ter um filho com diabetes tipo 1 ou desenvolver ao longo da vida. Então esse teste poderia diminuir bastante o risco”, avalia esperançosa.
Para o médico geneticista, mais do que oferecer esperança aos pais que convivem com o diabetes, esse teste é uma oportunidade de mudar o cenário médico, oferecendo prevenção para as famílias.