Fernanda Paes Leme, de 39 anos, conta que sofreu um aborto espontâneo no final do ano passado em entrevista ao “Mil e Uma TrEtas”. Chorando, ela acrescenta dizendo que perdeu o bebê que estava esperando poucos dias após a descoberta da gestação.
“Acho que as pessoas devem estar pensando o que a Fepa está fazendo aí. É difícil a gente falar sobre determinados assuntos. Se é difícil passar, falar é mais ainda. Eu vou chorar com certeza mais”, começou. “Quando a Julia me chamou para vir aqui, eu pensei p*rra: ‘Será que eu vou falar sobre isso?’. Porque é uma coisa que está dentro de mim, só para mim. E para pouquíssimas pessoas que convivem comigo”, confessa Fernanda.
Ela conta como foi que descobriu a gravidez. Disse que viveu aquele momento de forma inesperada, pois não estava tentando ter um bebe naquele momento. “Comigo o que aconteceu foi que eu tive muitos problemas com o DIU de cobre, me dava muitas cólicas. Quando eu tirei o DIU, no mês seguinte, a menstruação não veio. Aí meu peito, já pesado, eu vivendo alguns sintomas de gravidez, sem saber que aquilo estava acontecendo. Decidi fazer um teste“, revelou ela, que na época estava em Salvador, na Bahia.
“Meu irmão estava em Salvador. Eu não queria falar com o Vitor, meu parceiro, e pedi para o meu irmão comprar o teste. Aí veio os dois tracinhos. Eu fiquei em choque. Pensei em elaborar para este ano. Contei para ele [Vitor], e ele ficou mais feliz do que eu”, disse ela, recordando alguns dias após a descoberta, quando já estava em São Paulo e perdeu o bebê. “Cinco dias depois tive um sangramento e descobri que tinha perdido”.
A atriz completa falando sobre a importância de falar sobre o aborto: “Só que, ao mesmo tempo, é muito importante as pessoas saberem que tem várias histórias sobre isso, sobre esse tema, que ainda é tão difícil de você falar. Porque o aborto é uma perda invisível. É um luto que você vive, de algo que você nunca viu a cara. Nem uma peça, foto, nada, para você lamentar, o que acontece quando você perde alguém”.
Aborto espontâneo: o que é, por que acontece e quando você deve se preocupar
Existe uma tradição de que você só pode contar que está esperando um bebê depois do terceiro mês de gravidez. Nem todo mundo segue à risca, mas o costume se faz totalmente compreensível: é nas 12 primeiras semanas de gestação que existem mais riscos de a mulher sofrer um aborto espontâneo. Guardar esse segredo é um jeito de se poupar de maiores frustrações.
A chegada de um filho gera várias expectativas e ver os planos irem embora antes da hora pode ser muito difícil e traumatizante. Ninguém deseja e nem espera por isso, mas pode acontecer. Infelizmente, essa é uma situação mais comum do que parece. A estimativa é de que pelo menos 15% das gestações não “vinguem”.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, o aborto espontâneo não está relacionado a problemas de fertilidade. Muito pelo contrário. Há uma luz no fim do túnel: pesquisas apontam que 80% das mulheres que têm a gestação interrompida conseguem engravidar de novo e realizar o sonho de ser mãe.
A seguir, esclarecemos as principais dúvidas sobre o assunto e contamos como você pode ajudar alguém que esteja passando por esse momento tão delicado.
O que é aborto espontâneo?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), podemos considerar como aborto toda gestação que é interrompida antes da 22ª semana ou antes de o feto atingir 500g. Dizemos que o aborto é espontâneo quando ele acontece de forma involuntária. Ou seja, a gravidez é interrompida naturalmente, pelo próprio organismo da mulher. A maioria dos abortos espontâneos acontece nos primeiros três meses de gravidez.
Por que acontece? Quais são as causas?
Nem sempre dá para descobrir o que causa um aborto espontâneo, principalmente quando ele acontece bem no comecinho da gestação. Pode ser que, mesmo fazendo todas as investigações, o casal nunca descubra o que realmente levou à interrupção precoce da sua gravidez. Isso acontece porque quase sempre ela é causada por fatores que estão fora do controle dos pais.
Estima-se que pelo menos 50% dos casos de aborto espontâneo estejam relacionados a algum tipo de problema genético. Quando algo na formação do bebê não vai bem, o próprio organismo impede que a gestação siga adiante.
Outros casos normalmente têm a ver com alguma questão de saúde dos pais. Tabagismo, obesidade, diabetes, doenças autoimunes, problemas hormonais, alterações no funcionamento do útero ou da tireoide podem ser alguns fatores de risco. A idade avançada (tanto do homem quanto da mulher) também pode ser um empecilho.
Quais são os sintomas de um aborto espontâneo?
Os sinais mais comuns são sangramentos vaginais e dores no abdômen. Se estiver grávida e apresentar alguns desses sintomas, a recomendação é procurar um médico imediatamente para fazer uma avaliação.
Dá para evitar um aborto espontâneo?
O melhor jeito de tentar evitar um aborto espontâneo é planejar a gravidez. Quando a mulher se prepara para ser mãe, ela consegue se organizar para manter a saúde e os exames em dia. Com isso, é mais provável que o organismo vai estar preparado e em equilíbrio para receber o bebê. Além de cuidar de si, é recomendado fazer atividade física regular (sempre respeitando a recomendação do seu obstetra) e deixar de lado hábitos nocivos à saúde, como o álcool e o cigarro.
Se não tiver tempo de planejar a gestação, converse com o seu ginecologista e siga à risca as recomendações do pré-natal. Com acompanhamento, dá para detectar possíveis problemas de saúde e pensar na melhor maneira de deixar você o bebê protegidos. “Fazer corretamente o pré-natal, tomar ácido fólico e antioxidantes e realizar os exames pré-conceptivos são algumas medidas”, diz Márcio Coslovsky, ginecologista e especialista em reprodução humana, diretor médico da Primordia Medicina Reprodutiva e pai de Beatriz.
Mas nunca é demais lembrar: levar uma rotina saudável e estar com os exames em ordem diminui os riscos, mas, ainda assim, não é garantia de que você não vai passar por um aborto espontâneo.
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