Minha mãe sempre foi meu exemplo de mulher. Batalhadora, determinada, fazia o que tinha vontade e não media esforços pra cuidar da família e dos filhos. Começou a trabalhar muito cedo – assim como eu – pra ajudar a pagar as contas da casa. Acordava de madrugada, pegava transporte na roça, depois ônibus na cidade pra ganhar o sustento dos 10 irmãos. Dona Nazaré, já mãe de 3 filhos e esposa carinhosa, cuidava da casa, levava os filhos pra escola pela manhã, pros cursos de artes à tarde e ainda estudava à noite depois que todos já estavam na cama. Não sei mesmo como deu conta de tudo!
Três crianças e muitos acampamentos na areia da praia, viagens em carros apertados, aventuras em represas e cachoeiras sem fim. Vários pequenos acidentes que deixaram boas lembranças e algumas cicatrizes, como quando ela fisgou a pálpebra do meu irmão mais velho com o anzol da vara de pescar na represa da nossa chácara. Ou quando nós duas dormimos na beira da estrada quando a Via Dutra havia inundado por causa da forte chuva que caíra naquele dia. Entre o raio e a trovoada, conversávamos sobre as coisas da vida… Minha melhor amiga! De família religiosa e tradicional mineira, e com valores muito fortes, minha mãezinha sempre foi meio fora dos padrões. Independente, hippie nos anos 70. Usava decotes profundos e saias curtas nas festas que ia com meu pai. Se casou com o primeiro namorado, virgem, vestida de azul, com um turbante no lugar do véu, enquanto carregava um lindo terço de contas nas mãos.
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Essa era a referência de mãe que eu tinha. Mulher forte, ombro amigo, colo quentinho. Sabe aconselhar como ninguém. Sabe, principalmente ouvir. Nunca se deixou abalar por coisa pouca e se mostrou extremamente forte quando a coisa foi muita. Sempre ao meu lado, sempre me amando e me inspirando. “Estude, trabalhe, cuide de você e não dependa de ninguém”. Um conselho que levei comigo quando sai da barra da saia dela. Pensava que seria uma mãe igualzinha a dona Naza. Prática, relax, sem frescuras, com a incrível habilidade de girar todos os pratinhos sem deixar nenhum se espatifar no chão. Só que não. Tudo o que ela é, eu sou o contrário.
Respondendo a tantas pessoas que me perguntaram enquanto eu estava grávida que tipo de mãe eu seria, sou do tipo dedicada sim. Amorosa demais. Carinhosa total! Mas também sou a mãe aflita, medrosa, perfeccionista, que se incomoda quando as coisas saem dos trilhos. Que mesmo sem idealizar, idealizou. Já me falaram que é porque sou mãe de um. Que mãe de dois, três, quatro não tem isso. Acho que nem dá tempo, né gente!? A gente vai vivendo e vendo no que dá. E sempre dá. Não tem certo ou errado. Cada um tem o seu jeitinho de maternar. Mas confesso que queria ser um pouquinho mais como a Nazaré. Mãezinha, que bom que tenho você do meu lado pra me guiar nessa jornada. Que bom que tenho em mim as lembranças das nossas vivências. Que tenho todos os seu conselhos guardados na memória e o seu exemplo de vida pra me orientar pro resto da vida. Ainda me falta pra alcançar a intensidade da sua potência, mas você me mostra todos os dias o caminho pra eu chegar lá. Obrigada, mamita.