Não posso falar pelo viés médico, isso é para médicas como @lucianapbhaddad, nem na voz de uma educadora física como @alebuenotreineencasa, também não como nutricionista como @adrisnutri. Aliás, Lu, Ale e Adri, equilibram muitos pratinhos, como mães, profissionais, atletas, esposas… As 3 teriam um ângulo interessante para falar sobre o tema desta coluna e, por isso, deixo para elas com muito mais autoridade do que eu, para falar sobre benefícios cardiovasculares, pulmonares, ósseos, metabólicos, cognitivos, musculares ou nutricionais, entre outros.
Aliás, sugiro a todos seguirem essas profissionais, aprendi muito com elas sobre os impactos da atividade física sobre nosso corpo. A mim, como psicóloga, me limitarei aos ganhos emocionais de se mexer. Posso garantir que não são poucos! Aliás, não é de hoje que se sabe que nosso corpo é um só, físico e mente como uma unidade que funciona de forma integrada.
Quem me conhece sabe que sempre fui amante dos esportes, paixão essa que contamina positivamente a todos de minha família, uma linda herança deixada por meu pai, ele mesmo um grande atleta de várias modalidades. Não sou uma atleta de ponta, longe disso, mas faço de tudo um pouco, todos os dias, faça chuva ou faça sol. Musculação, yoga, pilates, corrida, tênis, bike.
Quando meus filhos eram pequenos, claro, adaptava da forma que era possível, mas sempre achava um meio. Nem que fosse caminhar empurrando o carrinho, aliás, o que adorava fazer e morro ainda hoje de saudades dessa fase. Fico feliz de que meu marido e eu tenhamos conseguido passar a nossos filhos esse hábito, não só falando sobre a importância da prática esportiva, mas demonstrando todos os dias. Como diz o ditado, “não faça o que eu falo, faça o que eu faço.”
Nem preciso gastar tempo falando sobre o quanto a vida de equilibrista, ao lado de muitas coisas maravilhosas, é também exaustiva e que equilibrar todos os pratinhos drena nossas energias, sono e muitas vezes o humor. Para mim, o melhor antídoto e carregador de energias, sempre foi e espero que assim continue sendo, me exercitar, me mexer, nem que seja uma caminhada pelas ruas, respirando e dando espaço para pensar em outras coisas que não na rotina equilibrista.
Pode parecer contraditório, estar cansada e pensar em se mexer, mas é assim mesmo que funciona. Manter uma rotina de atividades físicas, seja o que fizer sentido para cada um, é um dos maiores presentes que me dou. Saio cansada e volto cansada também. Antes um cansaço mental, depois, um cansaço físico. Troco um cansaço ruim (que gera estresse), por um cansaço bom, da endorfina circulando pelo corpo. Aliás, essa troca de cansaços é algo que meu marido sempre fala e acho perfeito. Um bem-estar único que nos renova para o que vier pela frente.
Gotas de suor que lavam a alma, oxigenação que anima os espíritos e aquela sensação de dever cumprido, de fazer algo por mim que apenas eu poderia ter feito. Não é pelas calorias gastas, nem pelos músculos que possam se beneficiar, nem pelo VO2 ativado, nem pelo impacto sobre a saúde. Claro, tudo isso é extremamente importante e por si só já justificaria deixarmos o sofá para se movimentar. Mas, acima de tudo, o ganho para nossa saúde mental é tremendo e você sente na hora, não precisa nem exame para demonstrar o índice de felicidade instantânea que a prática de atividade física proporciona.
Melhora o astral, a motivação para produzir, o interesse pelas coisas, o foco para se concentrar, a vontade de interagir com os outros. Certamente lidar com a birra de um filho pequeno, ter energia para brincar ou ajudar numa lição de casa ganha contornos bem mais coloridos após a atividade física, acreditem. Não faltam estudos que mostram o impacto dos exercícios físicos sobre a saúde mental. Aliás, nesse talk no Spotify, Papo de Psiquiatra, três médicos trocam ideias exatamente sobre isso, vale conferir.
O desafio é que a vida moderna tem andado na direção contrária. Somos cada vez mais sedentários, passamos horas sentados trabalhando e usamos o carro para quase tudo. Nosso organismo e nossa cabeça não foram feitos para ficar parados. O mundo digital nos empurrou ainda mais para essa paradeira e os elevados quadros de depressão e ansiedade indicam que essa mistura não tem feito nada bem para nossas cabeças.
Um dos conceitos mais bacanas que se fala hoje é o de dar mais atenção à qualidade de vida ao tempo que vivemos (Health Spam), do que pregar apenas aumento da longevidade (Life Spam). Ou seja, falamos em viver melhor e não apenas em viver mais. E quando falamos de qualidade de vida devemos, sem dúvida, considerar a saúde mental, uma cabeça boa, leve, com menos estresse. Mexer-se não é algo que trará ganhos apenas no longo prazo, ao contrário, para a saúde mental os benefícios podem ser sentidos de forma imediata.
Enfim, esse texto é um convite a todos. Busque aquela atividade física que combine com você, não se cobre performance, apenas aproveite. Seu corpo irá agradecer ao longo do tempo, sua cabeça vai agradecer na hora. Mexa-se, pela saúde mental.
