Pouco tempo depois de dar à luz seu primeiro filho, a porto-alegrense Júlia Quintana, mãe de Guilherme, embarcou em uma viagem para os Estados Unidos. O objetivo era visitar um irmão que estava morando no país. O que ela não imaginava era que voltaria para casa com um novo negócio na bagagem.
Enquanto passava uns dias ao lado da família, por acaso conheceu uma “moda” que ainda não havia chegado ao Brasil: as joias de leite materno. Foi o timing perfeito. Como seu filho Guilherme havia acabado de nascer, ela estava sentindo na pele os desafios da amamentação e sabia como uma peça como aquela poderia ter um significado especial. Na hora decidiu que era aquilo que queria fazer.
“No começo, meu marido me falou que ninguém ia querer comprar as joias. Mas só quem é mãe sabe como a amamentação é um processo tão difícil. Eu mesma tive mastite, baby blues… Sabia desde o começo que seria uma recordação muito bonita para muita gente”, explica.
Mesmo sendo formada em Farmácia, demorou um pouquinho até que Julia conseguisse tirar a ideia do papel. “Levei uns três meses só fazendo a fórmula, meu apartamento virou praticamente um laboratório químico”, brinca.
Com a “receita” em mãos, pediu ajuda do marido para criar um site e divulgar seu projeto na internet. No começo de 2017, Julia compartilhou as joias num grupo de mães e sua proposta “pegou”. Para sua surpresa, outras mulheres embarcaram na ideia logo de cara. Até influenciadoras digitais a procuraram para saber mais. Nascia ali a Pingente de Amor.
No começo, mulheres do Brasil todo enviavam as amostras de leite por correio e a própria Júlia era quem fazia os pingentes, um por um, num processo bem artesanal. Nessa época, ela chegou a catalogar mais de 20 mil amostras de leite diferentes. Mas, com o tempo, essa logística passou a ficar complicada.
“Começamos a entender que as mães queriam acompanhar o processo mais de perto e também colocar a mão na massa”, explica. Veio, então, o insight para mudar o modelo de negócio da marca. Ao invés de centralizar toda a produção, Júlia queria entregar a parte final do processo da fabricação dos pingentes na mão das mães.
No ano passado, finalmente chegou lá: desenvolveu um kit com tudo o que as mulheres precisam para produzir suas joias de leite materno, sem sair de casa, ao melhor estilo DIY. Júlia patenteou a ideia e, hoje, é a única no mundo que tem autorização para vendê-los. “Com essa mudança, a Pingente de Amor morreu quase que na mesma hora”, conta.
A nova fase trouxe também um novo nome. A partir dali, a empresa passou a se chamar Lackto. O processo de produção, que antes levava cerca de 7 dias, foi reduzido para apenas 2. E a procura pelos produtos aumentou na proporção inversa.
Até mulheres de outros países começaram a se interessar pela ideia. “Acho que pelo fato de o site estar em português, recebíamos muitas mensagens de mães de Portugal. Unimos isso a nossa vontade de expandir o negócio e hoje atendemos a Europa inteira”, comemora.
Como funciona
O kit da Lackto custa cerca de 199 reais e vem com um molde de silicone no formato do pingente escolhido, duas soluções químicas, uma pipeta, uma espátula, uma lixa, um par de luvas e um elo. Tudo o que você precisa fazer é extrair um pouquinho do leite e seguir as instruções que vêm na caixinha.
Depois de misturar o leite e as soluções químicas, é hora de colocar tudo no molde. Mas é importante fazer isso imediatamente: se demorar muito, pode ser que solidifique antes do que deveria. Terminando essa parte, basta esperar e ter paciência. O pingente pode levar até 48 horas para ficar 100% sólido.
Com apenas 1 pipeta de leite, dá para fazer até 2 ou 3 pingentes. Segundo Juliana, a ideia é que, depois de solidificados, eles durem para sempre. O que pode acontecer é que, com o tempo, você perceba alguma alteração na cor das peças. Para deixá-las mais bonitas por mais tempo, Júlia recomenda limpar sempre com flanela seca, evitar molhar e usar perfumes ou cremes enquanto estiver usando a joia.