Christian sempre soube que havia nascido no corpo errado. Ele expressou sua disforia de gênero – condição em que uma pessoa experimenta um forte desconforto ou angústia por sentir que sua identidade de gênero não corresponde ao sexo biológico atribuído no nascimento e ao papel socialmente associado – desde os seus seis anos de idade. O pai de 30 anos começou a tomar testosterona em 2018 após se assumir como homem trans.
“Eu deveria ter nascido menino, mas algo deu errado quando eu estava na barriga da minha mãe’”, disse em entrevista ao portal australiano news.com.au. Como sentiu na pele os danos que poderiam surgir da pressão de ter que se conformar às normas de gênero, quando ele teve seus três filhos, Liam, de 7 anos, Laura, de 5 e Teddy, de 2, Christian decidiu criá-los de maneira neutra em termos de gênero.
Ele queria deixá-los decidir, quando tivessem idade suficiente, se eram homens ou mulheres e, enquanto isso, se referiria a eles com os pronomes neutros, ao invés de ele/dele ou ela/dela. O pai também os encorajava a serem curiosos sobre os brinquedos de ambos os sexos, ao mesmo tempo em que os vestia com roupas unissex com cores neutras.

O pai de três passou a refletir sobre suas próprias experiências com seus dois filhos mais velhos, que criou neutros em termos de gênero até que eles confirmassem o que eram. Christian está atualmente nesse processo com seu bebê, Teddy, que por agora é chamado também com pronomes neutros.
“Há muita pesquisa por aí sobre esse tipo de coisa. Há relatos de que a partir dos dois anos as pessoas começam a notar as diferenças entre meninos e meninas. Dizem que aos três ou quatro anos, a maioria das crianças consegue identificar seu gênero. Isso parece ser verdade para meus filhos. Meu filho definitivamente sabia aos quatro anos de idade e minha filha sabia aos três anos. Eles me disseram várias vezes nessas idades se eram meninos ou meninas”, explicou.
Christian recebeu reações negativas de alguns membros da família, bem como de críticas de internautas, mas acredita que é importante permitir que seus filhos experimentem diferentes pronomes e vejam qual deles se sente bem ao ouvi-lo.
“Essas pessoas acreditam que estou prejudicando meus filhos de alguma forma ou os confundindo. Mas eles são crianças muito felizes, saudáveis e autoconfiantes que estão crescendo em um lar amoroso e solidário. É ótimo saber que meus bebês não se sentem pressionados a se adequarem a nenhum papel de gênero e podem ser livres para me dizer quem são”, finalizou.
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