Uma leitora escreveu à revista Marie Clarie, um depoimento sobre como ela usou o sêmen do irmão para ter filhos. Ela se relacionava com uma outra mulher, que já tinha um casal de crianças, mas queria ter um filho com as características dela.
Simone Klein conheceu a sua companheira em 2007 através de amigas em comum, mas ambas estavam em um relacionamento. Elas se reencontram em julho de 2013 e começaram a ficar juntas e com apenas 5 meses, já estavam morado na mesma casa.
Elas também se tornaram parceiras nos negócios e abriram juntas um sex shop focado em produtos para mulheres, o Luhluh. Simone diz que ama muito os filhos, Mel e Gabriel, mas que eles entraram na vida dela já crescidos e diz: “Depois de um ano de muitas conversas, resolvemos botar em prática o projeto do bebê. Chamamos assim porque tivemos de fazer tudo com muito planejamento. E começamos a nos dedicar aos nossos (dois) planos.
A primeira coisa estabelecida em nossas conversas foi que queríamos que o bebê nascesse com a genética das duas famílias. Que fosse irmão de sangue dos filhos dela e tivesse alguma ligação comigo. Foi então que ela sugeriu: ‘Será que seu irmão toparia ser o doador?’. Eu ri. Porque, quando Gustavo, que também é gay, e eu éramos adolescentes, havíamos lido em uma coluna do jornal O Globo a história de dois irmãos, homossexuais como nós, que resolveram gerar o filho um do outro.”
O irmão, Gustavo, topou assim que recebeu o convite, a série de exames começaram e também a saga para achar uma clínica que aceitasse fazer um, procedimento com doador conhecido: “A maioria não aceita esse tipo de inseminação porque teme que o pai depois entre na justiça pedindo reconhecimento de paternidade.”
Depois de não conseguirem se sentir confortável em nenhuma clínica, elas leram um caso de uma inseminação caseira. “Foram quatro meses de preparação, entre providências práticas, exames de saúde, conversas com as crianças. Explicamos que, para ser irmão de sangue deles e ter o meu DNA também, só se meu irmão fosse o doador. Elas ficaram felizes e ansiosas, loucas para ganhar um irmãozinho ou irmãzinha. E não contamos mais detalhes.”
Ela conta como foi a noite da inseminação: “Gustavo pegava o potinho, ia para o quarto, voltava com ele cheio e me entregava. Eu inseria o sêmen na seringa e passava para a Luh injetar na vagina. Até de manhã, repetimos o procedimento três vezes e voltamos para casa para descansar.”
14 dias depois do procedimento elas fizeram o teste de farmácia, positivo, aos 17 o exame de sangue também confirmou: “Estávamos tão ansiosas que fizemos cinco testes diferentes para ter certeza que estávamos grávidas mesmo! Ficamos felicíssimas, parecia tudo muito mais fácil do que havíamos imaginado.”
Infelizmente, dois meses depois, chegou a notícia ruim: elas haviam perdido o bebê. Depois de um certo tempo, elas tentaram novamente e deu certo. Os filhos mais velhos do casal já estavam com 16 e 13 anos estavam bem com a ideia de ter mais um irmão.
Com 18 semanas de gestação elas descobriram que o bebê era uma menina: “A Mel deu pulos de alegria. O Gabriel só disse: ‘Mais uma mulher nessa casa?”
Simone falou sobre o parto da Luh: “Fui preencher os papéis da internação, e quando voltei minha mulher estava gritando e pedindo anestesia. Até então ela não queria tomar nada. Depois de parar de pulsar, cortei seu cordão umbilical com a maior emoção do mundo. A médica levou Natasha ao colo da Luh e depois, comigo para o berçário.”
Luh já tinha feito uma mamoplastia então Simone fez um tratamento e foi ela quem amamentou Natasha, depois de que a bebê nasceu, mas as coisas mudaram: “Assim, cada vez que eu amamentava, a Luh tentava também e logo seu leite desceu. No primeiro mês, dividimos as mamadas, mas Luh começou a ficar com o peito muito cheio e a sentir dores fortes por isso. Então parei com os remédios e deixei essa função só para ela.”
“Hoje, nossa filha está com 9 meses. Vai para a loja com a gente, vive grudada. Deixamos claro para o Gustavo que, se ele quisesse, poderia ser pai, conviver, ficar perto. Mas ele, que viaja e trabalha muito, preferiu o papel de tio mesmo.
Vamos criando nossa filha assim, com muita naturalidade. A parte chata são os comentários desagradáveis, de gente insinuando que minha companheira teve relações com meu irmão, mas tiramos de letra.
Como funciona na prática
Conversamos com o o Dr. Rodrigo Rosa e ele disse que um dos maiores riscos, podem ser a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e também a questão de que no Brasil, só é permitida a doação por parte de doadores anônimos. Isso para que não haja problemas de requerimento de benefícios e da guarda da criança no futuro.
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