
Nos bastidores e sem fazer enormes anúncios, técnicos da OMS (Organização Mundial da Saúde) e mesmo de certos governos, começam a trabalhar com a ideia de que o mundo terá de aprender a conviver com o coronavírus, até chegar uma vacina ao mercado, o que só deve ocorrer a daqui um ano.
Michael Ryan, diretor de operações da agência, ainda nesta semana, fez um sinal que isso aconteceria, por que defendeu um “novo normal na sociedade até termos soluções mais permanentes”, ou seja, uma vacina.
Líderes passaram a introduzir algumas dessas mensagens em suas declarações formais, ao longos dos últimos dias. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, por exemplo, foi claro em alertar que o vírus “vai estar conosco por um longo tempo”, segundo a UOL. Já a chanceler alemã, Angela Merkel, foi a primeira a declarar abertamente que estamos apenas no “início” da pandemia.
Se inicialmente existia uma mensagem enfática de que o vírus poderia ser contido, dentro da OMS o discurso hoje começa a mudar depois do registro de mais de 2,5 milhões de casos. Porém, a falta de preparação de muitos países, o negacionismo por parte de certos líderes, a velocidade de transmissão do vírus e o desafio de lidar com a pandemia em zonas pobres passaram a moldar uma nova resposta.
A constatação é de que as quarentenas funcionaram, mas por si só, não vão acabar com vírus. Eles darão tempo para que governos se preparem para lidar com o fluxo, identificar cada caso e isolar todos, além de fortalecer seus sistemas de saúde. Só assim estaria garantido que grandes surtos sejam transformados em episódios limitados.
A OMS não abandonou a meta do controle, mas ficou claro que a tarefa não será cumprida totalmente no curto prazo. Surpreendeu a Agência o fato de que países que controlaram a transmissão viram o ressurgimento do vírus. Isso por conta de uma parcela significativa da população não estar imunizada.