O melhor e maior efeito que a gravidez provoca na nossa vida, sem dúvida, são nossos filhos. Não são todas as marcas, no entanto, que nos deixam tão felizes quanto as crianças propriamente ditas. A diástase, por exemplo, é uma dessas lembranças da gestação que costumam incomodar. Comum em qualquer mulher, não só para as grávidas, a diástase se caracteriza pelo afastamento da musculatura da barriga.
O que é?
De acordo com a fisioterapeuta Fernanda Saltiel Barbosa Velloso, professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Belo Horizonte, em Minas Gerais (UniBH), essa distensão acontece por causa do crescimento do útero e das alterações hormonais e posturais, que podem acabar afastando as fibras musculares nessa região do abdômen.
Essa condição pode ser transitória ou permanente. “É mais comum em pessoas obesas, em mulheres que tiveram várias gestações e aquelas com gestação de gêmeos. Afeta ainda as mães de bebês grandes, ou com excesso de líquido amniótico”, diz a fisioterapeuta, que é mãe de Henrique e Laura.
Nossa leitora Sabrina Brito, de Minas Gerais, ficou grávida dos gêmeos Pedro e Guilherme aos 24 anos e sofreu de diástase. “Descobri no pós-parto, quando fiz uma ultrassonografia que apresentou o resultado”, conta. No entanto, o problema pode não ser só interno. Quando a mulher apresenta a diástase, uma linha afundada que vai da região do peito até o abdômen pode se formar. Em alguns casos, o espaço é tão aberto entre os músculos que é possível enfiar os dedos entre as paredes abdominais. Foi o que aconteceu com Sabrina. “Sentia dor e fraqueza no abdômen. Dava para ver que se formava uma saliência quando eu fazia força. Também não conseguia mais deitar de bruços, porque doía”, lembra.
Além dos incômodos no abdômen, alguns sintomas, como dores na lombar, nádegas, coxas, incontinência urinária e dificuldade em realizar movimentos, também são comuns, de acordo com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, pai de Giulia. “Quanto menos atividade física, menor o fortalecimento da musculatura abdominal. Consequentemente, maior a chance de ter diástase”, explica. Daniela Canto, mãe da Sara e da Helena, acredita que essa foi a origem do seu caso. Ela não fazia exercícios físicos e teve diástase na última gravidez, aos 31 anos.
Daniela não sentia dor, mas sabia que seu corpo estava diferente. “Parecia anestesiada.” Depois do parto, a complicação ficou visível, e ela foi orientada pelo médico a procurar um cirurgião plástico. Alimentação adequada e atividades físicas não resolveriam. A diástase de Daniela só será resolvida com plástica, mas não é sempre assim. “Com o estímulo correto, os músculos reto abdominais podem retornar ao lugar em até seis meses após o parto”, garante o ginecologista. Agora, atenção, fazer exercícios sem orientação ou de maneira errada pode até aumentar o afastamento dos músculos reto abdominais. Os exercícios abdominais clássicos, por exemplo, não são recomendados pela fisioterapeuta Fernanda Velloso, mãe do Henrique e da Laura, nos três meses após o parto e principalmente quando a diástase for grande, pois pode aumentar ainda mais a distensão.
Dá para curar
Alimentação saudável e orientada por um nutricionista é consenso. Mas, quando o emagrecimento e o fortalecimento dos músculos não melhoram a diástase, é possível pensar em cirurgia plástica. Nesse caso, a intervenção não é apenas estética. Dependendo do grau do afastamento dos músculos abdominais, existe o risco da formação de uma hérnia, que acontece quando parte de um órgão, por exemplo o intestino, se desloca e atravessa o orifício deixado pelo afastamento dos músculos. Parece uma coisa pavorosa, mas – calma – não é preciso se desesperar. Hérnias são pouco comuns na diástase. O mais frequente mesmo são as dores na lombar e na barriga, além da incontinência urinária, porque “os músculos ajudam, de forma indireta, no suporte da uretra e bexiga”, lembra a fisioterapeuta.
Se o seu medo, no entanto, for a intervenção plástica, o cirurgião Wendell Uguetto, pai da Paola e da Pietra, garante que não é tão doloroso assim. O médico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que para o procedimento é necessário fazer um corte parecido com o da cesariana, bem na área onde o biquíni costuma cobrir.
A pele da parede do abdômen é solta e se faz uma espécie de costura para aproximar os músculos afastados. Essa correção pode ser feita de forma isolada ou associada a uma outra cirurgia, em que é realizada a retirada de pele para diminuir a flacidez”, complementa o cirurgião.
Na faca
Outra boa notícia é que a maioria dos planos de saúde cobrem a cirurgia para correção das diástases, de acordo com Wendell. Depois do procedimento, há necessidade de uso de cintas pós-cirúrgicas de um a dois meses. E, a gente não pode esconder, a paciente talvez precise andar curvada por um tempo, quando as duas cirurgias são feitas junto. Mas também isso passa. “Dá para voltar a dirigir e fazer caminhadas leves após 20 dias”, tranquiliza o médico. Esportes intensos e abdominais devem ser evitar por um a dois meses. A leitora mineira Sabrina Brito corrigiu a diástase com intervenção cirúrgica e ficou bem satisfeita com o resultado. “Estou muito feliz! Além da parte estética, as dores acabaram. Agora posso voltar para a academia e ter minha vida normal sem incômodos”, comemora.
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