Natalia Amaral, de 32 anos, filha de Ari e Fátima Amaral, teve uma surpresa quando Joaquim, hoje com 6 meses, veio ao mundo no 5º mês de gestação dela. Ela e o marido haviam ido ao teatro e quando chegaram em casa, Natalia notou um pequeno sangramento, que a levou para a Maternidade Pro Matre, em São Paulo. Ao chegar lá, ela descobriu que já estava com 3 centímetros de dilatação. “De lá eu não saí mais, porque no dia seguinte, o Joaquim nasceu”, contou.
O nascimento prematuro aconteceu por causa do colo de útero curto, mas a mãe não havia sido informada sobre isso durante os exames pré-natais: “Foi só o susto na hora. O que depois me falaram é que esse problema a gente só descobre quando acontece”, explicou. Como maneira de prevenir a prematuridade, a Dra. Edineia Vaciloto Lima, neonatologista e chefe responsável pela UTI Neonatal da Maternidade Pro Matre Paulista, informou: “É feita com pré-natal rigoroso que a acompanhe desde o início da gestação. Além disso, a mãe deve seguir todas as orientações médicas como uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos”.
“Eu fiz todos os exames pré-natais. Quando realizei o segundo morfológico, que não tinha aparecido nada, O Joaquim nasceu 15 dias depois. Eu estava trabalhando normal, fazendo hidroginástica, pilates… tive uma vida normal. Eu não senti enjoo, não sentia nada”. Natalia contou também que tudo foi um susto: “Eu não entendia direito o que estava acontecendo. Quando eu fui até lá, eu achei que iria chegar, ser examinada e voltar para casa, mas até descobrir tudo, foi muito complicado”, desabafou.
Joaquim passou exatos 172 dias internado na UTI, mas Natalia e o marido, Fernando Macedo, ficaram o tempo todo com o filho durante esse momento tão delicado. “Eu visitei ele todos os dias. Tive muito apoio do meu trabalho. Minha licença ainda nem tinha vencido e o meu chefe entrou em contato comigo falando para eu me dedicar a esse momento, que era importante, para depois eu pensar no trabalho. E essa era uma preocupação que eu via muito nas mães. Todas desesperadas, com filhos prematuros extremos, acabando a licença maternidade. Eu pude me dedicar e cuidar do Joaquim. Todas as mães lá me fortaleceram muito”.
Natalia só pôde segurar o filho pela primeira vez dez dias após o nascimento, mas o momento não se tornou menos inesquecível: “Foi maravilhoso. Eu chorei e foi tudo muito significativo”. Ela contou também que o segundo momento mais importante enquanto estava no hospital foi a amamentação: “Eu demorei três meses para poder amamentar pela primeira vez, então foi maluco. Eu ia todo dia no lactário tirar leite, de três em três horas, e ver ele pegando foi como um outro nascimento”, disse emocionada.
Sobre o desenvolvimento de Joaquim, a mãe contou que ele está ótimo, mas ainda precisa de alguns cuidados: “Ele faz fisioterapia duas vezes por semana em casa, para aprimorar a parte motora, e vai ao pediatra a cada 15 dias. Hoje ele está com 6 meses, mas pelas medidas é como se ele ainda tivesse 3 meses”.
De acordo com a neonatologista, as chances de um prematuro sobreviver estão cada vez maiores: “O bebê prematuro nos últimos 20 a 30 anos, nos grandes centros de tratamento nacionais e internacionais, tem sobrevida muito alta. Os bebês nascidos após 28 semanas têm mais de 90% de chance de sobreviver. A sobrevida diminui conforme quanto menor for a idade gestacional. A média geral de sobrevida de um prematuro extremo nos grandes centros gira em torno de de 60 a 70%”, explica.
Sobre ter uma rede de apoio, e também ser uma para outras mães que passaram por isso, Natalia ressalta a importância da informação e que gostaria que outras mulheres soubessem mais sobre o assunto: “Eu acho essencial um mês para a conscientização, porque ninguém olha para as mães de prematuros. Que a minha história possa inspirar outras mulheres que também estejam passando por isso, porque o Joaquim nasceu muito pequenininho e está muito bem. Hoje em dia isso é possível. A gente precisa de informação, precisa questionar. É um momento muito bonito, mas também pode ser muito sério”, concluiu.
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